30 de março de 2013

O "eu" que os outros veem, por Andrew Matthews


"Você pode vislumbrar sua auto-imagem olhando as pessoas que o cercam. Todos nós travamos relacionamentos com pessoas que nos tratam da maneira como acreditamos que merecemos ser tratados. Pessoas com uma auto-imagem saudável exigem respeito daqueles que as cercam. Elas tratam bem a si mesmas, estabelecendo um exemplo do modo como os outros devem tratá-las.

Se você tem uma auto-imagem ruim, irá se confrontar com todos os tipos de maus tratos e aborrecimentos vindos de praticamente todo o mundo. As pessoas nos tratam do modo como nos tratamos. Aqueles com quem nos relacionamos percebem rapidamente o quanto respeitamos a nós mesmos. Se há respeito próprio, todos seguem fazendo o mesmo, respeitando-nos!

Quando estamos nos sentindo mal a nosso próprio respeito, por exemplo, tendemos a descontar a insatisfação em nós mesmos. Isso pode se manifestar de várias maneiras, tais como surtos de comilança de “besteiras”, acidentes, doenças, privação de comida, etc... O fato é que o modo como nos tratamos é um reflexo do quanto estamos gostando de nós mesmo em um determinado momento.

Uma auto-imagem ruim diz: “Eu mereço”. E isso leva a pessoa a sabotar subconscientemente a própria felicidade. Por isso, é de máxima importância que você faça tudo o que estiver ao seu alcance para manter pensamentos positivos em sua mente. Isso irá assegurar que você se mantenha feliz como pessoa.

E para você melhorar o modo como se sente em relação a seu próprio respeito: aceite elogios, elogie, fale bem de si mesmo, valorize-se, trate bem do seu corpo, faça com que as pessoas saibam como você deseja ser tratado, cerque-se de boas pessoas, use afirmações positivas e tenha sempre em mente a imagem daquilo que você deseja ser e não daquilo que você é.

Em poucas palavras: ame-se! E lembre-se sempre disso: você merece amor e respeito pelo simples fato de você ser você!"

Andrew Matthews

28 de março de 2013

O amor entre iguais por Eliene Percília





                           "O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.
Engana-se quem pensa que a união entre pessoas do mesmo sexo teve início há pouco tempo, o relacionamento homossexual existe desde a Antigüidade, mas não era conhecido por esse termo.
 O preconceito era praticamente nulo quando se tratava desse tipo de relacionamento, foi criado até um conjunto de leis dando privilégios a prostitutos e prostitutas que participavam dos cultos religiosos, o documento foi outorgado pelo imperador Hammurabi na antiga Mesopotâmia, em cerca de 1750 a.C. 
Essas leis declaravam ambos sagrados e que poderiam ter relações com os homens devotos dentro dos templos da Mesopotâmia, Sicília, Índia, Egito e Fenícia, entre outros.

Herdeiras do conjunto de leis de Hammurabi, as leis hititas reconheceram uniões entre pessoas do mesmo sexo. Nas cidades antigas como Grécia e Roma, era normal um homem mais velho ter relações sexuais com um mais novo. 
Segundo o filósofo grego Sócrates, as relações anais eram a melhor forma de inspiração e, o sexo heterossexual, servia apenas para a procriação do homem.
 Em Atenas, para a educação dos jovens, esperava-se que os adolescentes aceitassem o relacionamento com homens mais velhos, para que pudessem absorver suas virtudes e conhecimentos filosóficos.
 O jovem ao completar 12 anos, e estando ele e a família de acordo, transformava-se em um parceiro passivo até por volta dos 18 anos. Normalmente, o garoto só tornava-se homem perante a sociedade aos 25 anos, assumindo então um papel ativo em seus relacionamentos.

Os romanos mantinham os ideais amorosos equivalentes aos dos gregos.
 O relacionamento entre um homem mais velho e outro mais novo era entendido como um sentimento de pureza. 
Já os relacionamentos sexuais entre homens mais velhos, não eram vistos com bons olhos, sendo desprezados pela sociedade e impedidos até mesmo de exercer cargos públicos. Todo esse entendimento sobre o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo vem das crenças dessas sociedades antigas. 
Dentro da mitologia grega, romana, por exemplo, existia a homossexualidade. 
Tanto que muitos deuses antigos não tinham sexo definido. Até então, o sexo não era visto com o objetivo exclusivo de procriação, mas sim de sentimentos.

 Esse conceito só começou a mudar com a chegada do cristianismo, nesse contexto o imperador romano Constantino converteu-se à fé cristã, tornando a religião obrigatória em seu império.
 O sexo heterossexual a partir de então ampliou seu conceito de procriação e a homossexualidade tornou-se algo anormal.

Em 533, o imperador cristão Justiniano criou o primeiro texto de lei proibindo sem reservas a homossexualidade. Tendo relacionado todos os vínculos homossexuais ao adultério (crime que tinha a pena de morte como punição). Posteriormente à criação dessa lei, outras foram surgindo, gerando mais restrições e punições aos homossexuais, estabelecendo punições cada vez mais severas. Por mais proibições que tivesse, os costumes permaneciam os mesmo, até meados do século 14.

A Igreja Católica viu-se diante de uma série de crises, assistindo o surgimento do protestantismo com a Reforma de Lutero.
 Diante do humanismo renascentista, os valores antigos de relacionamento entre pessoas de mesmo sexo voltaram à tona. 
Artistas dos diversos segmentos contemplavam o amor entre homens. Na tentativa de erradicar o relacionamento entre iguais, foram criadas diversas leis, com punições cada vez mais severas.

  Daí a ciência se juntou à religião para estabelecer uma causa para a homossexualidade. Tanto que foi criado um tratamento destinado exclusivamente aos casos de homossexualidade e aos de ninfomania feminina: a lobotomia. Técnica desenvolvida pelo neurocirurgião português António Egas Moniz (ganhador do prêmio Nobel de Medicina em 1949), que consistia em uma intervenção cirúrgica, cortando um pedaço do cérebro dos “doentes psiquiátricos”, corte feito nos nervos do córtex pré-frontal, diversas pessoas foram submetidas à lobotomia. 
Esse tratamento era empregado porque a homossexualidade começava a ser vista como uma doença, como se fosse uma anomalia genética. A preocupação do meio científico com a homossexualidade teve início no século 19, a expressão “homossexualidade” foi criada em 1848, pelo psicólogo alemão Karoly Maria Benkert. Para ele o distúrbio não era apenas psicológico, a natureza teria dotado à nascença certos indivíduos masculinos e femininos com o impulso sexual.
 Criando uma aversão direta ao sexo oposto. Nos anos de 1897, foi publicado o primeiro livro relacionado à homossexualidade, tendo como autor o inglês Havelock Ellis. Assim como as demais pessoas da época, defendia que a pessoa que mantinha relações com pessoas de mesmo sexo portavam uma doença congênita e hereditária, além de ser associada a problemas familiares. 
Somente em 1979, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da lista oficial de doenças mentais.
 Na década de 80 e 90 os países desenvolvidos proibiram a discriminação contra gays e lésbicas. Constatamos que a luta dos homossexuais pelo direito à liberdade de se relacionar com pessoas de mesmo sexo, foi sempre muito grande.
 Muitas batalhas foram vencidas, ainda existem muitas a serem confrontadas. 

Todos nós somos livres para viver da forma que quisermos, de estabelecermos os mais diversos tipos de relacionamentos, às pessoas, que são contra o relacionamento gay, resta apenas respeitar, pois todo ser humano deve ser respeitado.
 Como o famoso dito popular diz: “Seus direitos começam quando terminam os meus”. Discriminação é crime, se quisermos uma sociedade justa devemos primeiramente rever nossa forma de conviver com o restante do mundo."

Por Eliene Percília
Equipe Brasil Escola

27 de março de 2013

Perguntas ... por Martha Medeiros

"Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém que gosta muito? 
Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém?... 
Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali? 
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado? 
Você deve ter visto que aquele filme, que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV... 
E você gelou porque o bom daquele momento já passou... 
E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer, mas não consegue? 
Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso? 
E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo? 
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa? 
Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou? 

Para essas perguntas existem muitas respostas... 
Mas o importante sobre elas não é a resposta em si... 
Mas sim o sentimento... 
Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal... 
Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra... 
Então, qual a moral disso tudo? 
Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa... 
Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje! 
Não deite com mágoas no coração. 
Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz! 
E comece com você mesmo!!!"
 Martha Medeiros 

26 de março de 2013

Eu sou a Fonte por OSHO

"Eu o amo!
O sentimento mais comum é de que
você é a fonte do meu amor.
Mas, na verdade, não é assim. 
Eu sou a fonte!
Você é apenas a tela onde projeto
meu amor. 
Você é só a tela;
eu projeto meu amor em você
e digo que você é a fonte do meu amor.
Não é o que acontece. 
Isso é ficção.
Eu lanço a minha energia de amor
e a projeto em você.

Nessa energia amorosa projetada
em você, 
você se torna encantador.
Talvez não o seja para outra pessoa.
Talvez seja absolutamente repulsivo
para outro. Por quê?
Se você fosse a fonte do amor,
então todos deveriam sentir amor
por você.
Mas você não é a fonte.
Eu projeto amor e então você se
torna encantador;
outro projeta ódio e você
se torna repulsivo.
E outra pessoa não projeta nada - é indiferente,
talvez nem mesmo olhe para você.
O que está acontecendo?
Estamos projetando nossos próprios
estados para os outros...sempre"...

Osho

Acredite...de Paulo Roberto Gaefke

"Acredite: você é aquilo que acredita ser.
Você tem aquilo que acredita poder ter.
Você recebe da vida aquilo que doa.
Por isso, não me venha com reclamações, e muito menos, acusações. 

Muita gente, mas muita gente mesmo, jura de pés juntos,
que está vivendo essa ou aquela situação por causa de alguém.

É tão difícil encontrar alguém que assuma os erros,
quanto é difícil encontrar um motorista que assuma,
que ele foi o responsável pela batida do carro. 

Tem gente que já nem sabe mais falar, apenas reclamar.
Reclama do tempo, do governo, da escola, dos parentes, do sócio,
do comércio, do banco, dos juros, do sapato, dos passarinhos e até de Deus.
Gente que nem percebe que já faz tempo que virou ateu. 

Ao olhar para dentro de você e buscar respostas para sua insatisfação,
você remove uma casca que encobre uma ferida que pode estar infeccionando.

Assuma os erros, as decisões erradas e parta para as soluções.
Comece uma mudança de pensamento, de atitude, sendo mais positivo.
Acreditando na sua capacidade de criar, de transformar, de arriscar. 

Arrisque-se na busca da felicidade, que por vezes está tão perto...

Não fuja de você, das suas carências e necessidades.
Ame-se profundamente e entenda que a vida pede atitudes imediatas,
mas jamais, imediatistas, onde nos propomos uma mudança e nunca mudamos. 

Aprenda por fim, se já não souber, que a Vida é professora competente.
Mostra através de situações reais, sua capacidade e valor.
E você decide, se muda pelo amor, ou pela dor.
A escolha é sempre sua".

Paulo Roberto Gaefke

25 de março de 2013

O momento é tudo...por OSHO

"Permaneça sempre no presente, porque tanto do passado quanto do futuro é que vem todas as falsidades. 
Porque o que passou, passou; não se preocupe com isso e não carregue como um fardo; do contrário, isso não vai permitir que você seja autêntico em relação ao presente. 
E tudo o que não aconteceu ainda não aconteceu. Não se incomode sem necessidade com o futuro; do contrário ele cairá sobre o presente e o destruirá. 
Seja verdadeiro em relação ao presente; então, você será autêntico. Estar aqui e agora é ser autêntico. Nem passado, nem futuro – o momento é tudo. 
O momento é a eternidade inteira."


Osho
Do livro Intimidade 

23 de março de 2013

Atitude para ser feliz de Lee L. Jampolsky...

"Você já percebeu quais galhos de uma árvore são os primeiros a se quebrar com um vento forte? Os galhos flexíveis, capazes de se curvar ao vento, conseguem sobreviver, enquanto os rígidos se quebram mesmo que pareçam freqüentemente mais fortes.

Sua forma de reagir à tensão e à mudança é determinante para sua paz de espírito. Por mais forte que pareça ser, se não estiver disposto a ouvir, transigir ou mudar, é provável que sofra muitas “rachaduras”. Pelo contrário, a capacidade de curvar-se aos ventos inevitáveis da vida conduz à calma e à felicidade." 

Lee L. Jampolsky 
do livro “Atitude para ser feliz”).

20 de março de 2013

Você tem medo de ser criticado? por Luis Gasparetto

"Você já reparou que mil elogios podem ser anulados por uma única crítica?
É só chegar uma pessoa e dizer que deveríamos ser assim ou assado(ainda que dito de forma bem delicada) e aquilo bate forte no nosso peito. 
Ficamos sem chão, nos sentimos ofendidos e, na hora, adotamos uma postura defensiva. É impressionante como somos vulneráveis.

Só de imaginar que vai ser criticada, você já muda a maneira de agir, já não faz as coisas como queria, não se coloca na vida como gostaria de se colocar.
Tem gente que gasta a vida inteira adotando posturas falsas para evitar críticas. Que bobagem !!!

Mesmo que você abra mão de ser espontânea para assumir os modelos, jamais agradará a todos. Isso é IMPOSSÍVEL !!!
E digo mais: você sempre será criticada.
Aonde eu quero chegar? 
Na verdade, as críticas não terão esse efeito arrasador a partir do momento que você não der tanta importância a elas. Se fôssemos um pouco mais inteligentes, não escutaríamos crítica alguma. 
Até poderíamos, desde que fosse com um filtro.
Assim: o fulano me disse tal coisa. Será que isso é verdade?
Vou investigar e tiro minhas conclusões, baseado em minha própria observação.
E sempre com a mente tranquila e os pés no chão.

O problema da crítica nada mais é do que dar muito crédito aos outros.
Ou seja, você sempre se coloca em segundo plano, 
dá lugar aos outros (não importa se está supercansada),
não machuca os outros (não importa os próprios sentimentos).

Isso entra de tal forma que temos um departamento na nossa cabeça chamado "os outros".
E, como você está sempre em segundo plano, vai ficando lá no fundinho da fila.
Por isso a crítica pega tanto. 
O segredo é um só: aprenda a se colocar em primeiríssimo lugar.
Não estou estimulando o egoísmo, mas sim a autovalorização.

É dar importância aos seus dons, sentidos, opiniões, emoções e sentimentos.
Quando você se dá valor, todos também dão.
 Acredite! O sucesso é não ouvir as críticas.
A lei é essa: só se dá valor a quem o tem.
Por isso, toda vez que se deparar com uma crítica, pare e reflita:

"O que importa é o que eu sinto e não o que a pessoa sente.O essencial é o que eu penso, não o que pensam.A natureza me fez responsável por mim. Me dou valor e assim serei"."

Luis Gasparetto


19 de março de 2013

Você é o outro por Krishnamurti

"Se você quer ajudar outra pessoa, você tem que conhecer a si mesmo, pois você é o outro. 
Externamente podemos ser diferentes - amarelo, preto, marrom, ou branco - mas somos todos impulsionados pela ansiedade, pelo medo, pela inveja, ou por ambição; interiormente somos bem parecidos. 

Sem autoconhecimento, como você pode ter conhecimento das necessidades do outro? Sem entender a si mesmo, você não pode entender outra pessoa, servir outra pessoa. Sem autoconhecimento você está agindo na ignorância, e assim criando conflito.

Vamos examinar isso. 
A industrialização está se espalhando rapidamente por todo o mundo, impelida pela avidez e pela guerra. A industrialização pode dar emprego, alimentar mais pessoas, mas qual é o resultado mais amplo? O que acontece às pessoas altamente desenvolvidas tecnologicamente? 
Elas serão mais ricas, vai haver mais carros, mais aviões, mais dispositivos eletrônicos, mais apresentação de cinemas, casas maiores e melhores; mas o que acontece às pessoas como seres humanos?

Eles se tornam mais e mais rudes, mais e mais mecânicos, cada vez menos criativos. 
A violência deve se espalhar e o Estado então é a organização da violência. A industrialização pode trazer melhores condições econômicas, mas com os resultados horrorosos: favelas, antagonismos do trabalhador contra o não-trabalhador; o patrão e o escravo, o capitalismo e o comunismo, todo o caótico negócio que tem se espalhado nas diferentes partes do mundo. 

Dizemos com satisfação que isso irá subir o nível de vida, que a pobreza será erradicada, haverá trabalho, haverá liberdade, dignidade, etc. A divisão entre o rico e o pobre, entre o homem de poder e o que busca o poder - esta divisão e conflito sem fim irá continuar. Qual é o fim disso? O que aconteceu no Ocidente? Guerras, revoluções, ameaça contínua de destruição, desespero total. Quem está levando ajuda para quem e quem está servindo quem? 
Quando tudo à sua volta está sendo destruído, a pessoa atenta deve investigar as causas mais profundas, o que tão poucos parecem fazer. Um homem que foi desalojado de sua casa pela explosão de uma bomba, deve invejar o homem primitivo. 
Você certamente está trazendo civilização para os que são chamados de excluídos, mas a que preço! Você pode estar servindo, mas considere o que vem neste rastro. Mas poucos se dão conta das causas profundas do desastre."
Krishnamurti
(K - Collected Works, vol III, pgs 218/219)

18 de março de 2013

Muito além da mente por Eckhart Tolle

 
"Existe uma energia vital que você pode sentir em todo o seu Ser, em cada célula do seu corpo, independentemente dos seus pensamentos.

Nesse estado de consciência, se você precisar usar a mente para algum fim prático, ela estará presente. E a mente funciona muito bem quando a inteligência maior que é você se expressa através dela. 
Talvez você não tenha se dado conta, mas aqueles breves períodos em que fica “consciente sem pensar” já estão ocorrendo natural e espontaneamente em sua vida. Você pode estar fazendo algum trabalho manual, andando pela casa, aguardando o embarque num aeroporto e estar tão presente que a estática habitual do pensamento se interrompe e é substituída por um estado de alerta.
 Ou você pode estar olhando o céu ou ouvindo alguém falar, sem fazer qualquer comentário mental. Suas percepções se tornam transparentes como cristal, sem qualquer pensamento para obscurecê-las.

Mesmo que você não perceba, a verdade é que essa é a coisa mais importante que pode acontecer a você. É o começo do processo de mudança, do pensar para o estar presente, alerta e atento.
 Sinta-se à vontade com o “não saber”. Isso leva você para além da mente, pois ela está sempre querendo tirar conclusões e interpretar. A mente teme não saber. Assim, quando consegue ficar à vontade com o “não saber”, você já foi além da mente. Um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado.

Quando há um domínio completo da criação artística, dos esportes, da dança, do ensino, do aconselhamento, é sinal de que a mente pensante não está mais envolvida ou, no mínimo, está em segundo plano.
 Nessas áreas predominam uma força e uma inteligência que são maiores do que você e, ao mesmo tempo, fazem parte de você. Não existe mais um processo de decisão. As ações corretas acontecem espontaneamente, e não é “você” quem as faz. 
Ter o domínio completo da vida é o contrário de controlá-la. Você entra em sintonia com a consciência maior. É ela quem age, fala e faz o que é necessário.

A Verdade nos leva muito além do que a mente é capaz de compreender. 
Nenhum pensamento pode conter toda a Verdade. No máximo, pode apontar para a Verdade dizendo, por exemplo: “Todas as coisas são intrinsecamente uma só.” Essa é uma indicação, não uma explicação.

Compreender essas palavras é sentir profundamente dentro de si mesmo a Verdade para a qual elas apontam.

Quando você pensa ou fala a respeito de si mesmo, quando diz “eu”, está se referindo a “eu e a minha história”. Está falando do ego com seus gostos e desgostos, medos e desejos, o ego que nunca se satisfaz por muito tempo. 
Essa é a noção que a sua mente tem de você, condicionada pelo passado e buscando encontrar sua plenitude no futuro. Você se dá conta de que esse ego é fugaz e passageiro como uma onda na superfície do mar? Quem percebe isso?
 Quem compreende que sua forma física e psicológica é passageira? 
É o Eu Sou.

Esse é o “Eu” mais profundo, que não tem nada a ver com o passado e o futuro.

Quando cada pensamento absorve toda a sua atenção, isso mostra que você se identifica com a voz que está dentro da sua cabeça.
 O pensamento se confunde então com o sentido do “eu”. Esse é o “eu” criado pela mente, o que chamamos de “ego”.

Esse ego construído pela mente se sente totalmente incompleto e precário. 
Por isso o medo e o desejo são as emoções e forças dominantes e motivadoras desse ego. 
Quando você se dá conta de que existe uma voz na sua cabeça que pretende ser você e não para de falar, percebe que, de forma inconsciente, você vem se identificando com a corrente do pensamento. 
Quando percebe a existência dessa voz, você compreende que não é essa voz, mas a pessoa que a percebe.

Ter liberdade é saber que você é a consciência por trás dessa voz."

Eckhart Tolle

16 de março de 2013

O fim do conflito por Krishnamurti...


 "(...)Existe possibilidade de se encontrar alegria duradoura? Existe; mas, para vivermos essa alegria, é preciso que haja liberdade. Sem a liberdade, não pode ser descoberta a verdade; sem a liberdade, não é possível o conhecimento do Real.
 A liberdade deve ser procurada com diligência.
 Libertai-vos dos que se dizem salvadores, mestres, guias; libertai-vos das muralhas egocêntricas do bem e do mal; libertai-vos de autoridades e modelos; libertai-vos do “ego”, o causador de conflito e sofrimento.

Enquanto o anseio, nas suas diferentes formas, não for compreendido, haverá conflito e sofrimento. 
O conflito não terminará com uma nova e superficial definição dos valores, nem com trocas de mestres e guias. A solução definitiva se encontra no libertar-nos do anseio; não está noutro, porém em vós mesmos, o meio de o conseguirdes. A batalha incessante que se trava dentro de todos nós e a qual chamamos viver, não terá desfecho enquanto não compreendermos e transcendermos o anseio.

O conflito da aquisição manifesta-se na atividades culturais, na vida de relação, na acumulação de bens materiais. 
A tendência aquisitiva, sob qualquer forma que seja, gera a desigualdade e a brutalidade. Tal divisão e conflito entre os homens não podem ser abolidos por uma simples reforma dos efeitos e valores externos.
 A igualdade de posses não é a saída pela qual nos livraremos das tribulações e da estupidez que em escala tão vasta nos circundam e envolvem. Revolução alguma pode libertar o homem do espírito de exclusividade. Despojai-o de seus bens, mediante a legislação pela revolução, e vê-lo-eis apegar-se à exclusividade nas suas relações ou crenças. 

O espírito de exclusividade, nos seus diferentes planos, não pode ser abolido mediante reforma exterior, nem mediante com pulsão ou disciplinamento. É, todavia, esse espírito de exclusividade que gera desigualdade e dissensão. A tendência aquisitiva não lança o homem contra o homem? Pode implantar-se a igualdade e a compaixão por qualquer meio concebido pela mente? Não é necessário procurá-las em outra parte? Não cessa a exclusividade, apenas, quando reina o Amor, quando reina a Verdade ?

A unidade humana só pode encontrar-se no amor, no esclarecimento que nos traz a Verdade. Essa unidade do homem não pode estabelecer-se mediante simples ajustamento econômico e social. 
O mundo está perenemente ocupado nesse superficial ajustamento; está sempre tentando reordenar os valores, dentro do padrão da vontade aquisitiva; quer assentar a segurança na base insegura do desejo e, com isso, só atrai desastres.
 Contamos que uma revolução externa, uma reforma exterior dos valores, transformem o homem. 
Embora, sem dúvida, essas coisas produzam certos efeitos no homem, a sua vontade aquisitiva, encontrando satisfação em outros planos, continua a existir. 
Essa atividade aquisitiva, infinita e vã, não pode em tempo algum trazer a paz ao homem, e é só quando o indivíduo está livre dela que pode haver o esta do criador.

A aquisição cria a divisão dos que estão à frente e dos que ficam atrás.
 Deveis de ser simultaneamente Mestre e discípulo na busca da Verdade; deveis de investigar diretamente, sem o conflito de oposição entre modelo e imitador. 
É preciso haver persistente autovigilância, e quanto mais fordes diligentes e ardorosos, tanto mais se libertará o pensamento dos vínculos por ele próprio criados.

Na bem-aventurança do Real não existe “experiente” nem “experiência”. Uma mente-coração sobrecarregada das lembranças do passado não pode viver no eterno presente. Deve a mente-coração morrer em cada dia, para que haja Eternidade."

Krishnamurti
Conferências com perguntas e respostas realizadas nos anos de 1945 e 1946, em Ojai, Califórnia, Estados Unidos da América. Do livro: O Egoísmo e o Problema da Paz – Ed. ICK - 1946

Recupere o seu poder, por Suzanne Hosang

"Poder é a capacidade de agir. Quando você entrega o seu poder, o que essencialmente faz é tirar o ponto de referência de você, e colocá-lo lá fora, para a coisa que você dá seu poder. 
Agora isto é significativo porque, para ser poderoso, você precisa ter a capacidade de fazer escolhas que vêm da sua vontade, (não de outra pessoa) e ativar estas escolhas, se assim o desejar, que é o que é o poder. 
Assim, uma questão pertinente agora, que você é um adulto, é: Você tem a capacidade de fazer escolhas que vêm de sua vontade e de ativar essas escolhas se assim o desejar?

Se não, então quem tem o seu poder? É o seu chefe? Ou é o seu parceiro, seu amante, ou cônjuge? O medo tem o seu poder? Ou você tem dado o seu poder para costumes sociais, ou instituições como o governo, uma religião ou uma filosofia? 
São os médicos ou advogados que tem o seu poder? Ou são os líderes espirituais como rabinos, padres, ministros, ou gurus? Você o entrega para pessoas controladoras e dominadoras? Entregou seu poder para alimentos de conforto, álcool, drogas ou outras formas de escape? Você o deu para cuidar de todos os outros? 
Ou, você deixa as pessoas que são infelizes drenarem e sugarem sua energia? Você deu o seu poder ao dinheiro, tempo, ou a escassez e a falta deles?

O problema decorre do fato de que muitas vezes, enquanto crianças, recebemos definições muito distorcidas e deformadas de poder. 
Fomos informados de que você não pode ter o seu ponto de referência como VOCÊ, porque é ser egoísta. 
Isso é egoísmo. Isso é ruim. Você precisa cuidar, amar e servir aos outros. Não pense em si mesmo, ou ninguém vai gostar de você. 
Foi-nos dito coisas como: “Ah, essa pessoa é poderosa”, mas quando olhamos para aquela pessoa, o que vimos foi uma pessoa dominadora, controladora e vazia. 
Assim, concluímos que, para sermos poderosos, tínhamos de ser resistentes, fortes, e ter poder sobre as pessoas;
 não queríamos ser um ‘daqueles’ então nos esquivamos do poder.

Para você entrar em seu poder, você deve tomar o seu poder de volta a partir dessas definições distorcidas e deformadas. Você teve o poder apenas para entregá-lo a outros e você precisa tomá-lo de volta de todas as autoridades a quem você o deu. 
Abaixo está uma poderosa técnica para que você possa recuperar seu poder:

1. Em sua mente, veja a pessoa ou coisa a quem você está dando sua energia. Se é uma coisa, então a personifique.

2. Imagine o poder como uma bola de luz e mentalmente a alcance e agarre o poder dela e traga-a de volta para você.

3. Enquanto isso, tome um fôlego grande, enquanto diz: “O Poder que eu dei a você, volta para mim. Poder volte para mim.” Repita isso três vezes.

4. Agora, sinta-se como sendo muito grande cerca de 5-6 metros e se veja olhando para esta pessoa (ou coisa). Você ficou maior porque tomou o seu poder de volta. Observe que esta pessoa (ou coisa) não é tão sólido, tão vibrante porque toda a sua intensidade de poder era a sua energia.

5. Em sua mente, agradeça a pessoa (ou coisa) por mostrar onde você deu o seu poder e pela oportunidade de pegá-lo de volta.

6. Então perdoe (a pessoa ou coisa.)

7. Por fim, perdoe-se por entregar seu poder a pessoa (ou coisa).

Você nunca é impotente porque você tem escolha em cada momento. 
Você tinha inclusive o poder de fazer a escolha de ser impotente. 
Por que não fazer uma escolha agora e ser poderoso? Por que não usar seu poder para trazer o seu ponto de referência de volta para você, e fazer valer os seus pontos fortes, suas habilidades, seus dons e seus talentos? 
Se você possui seu poder, você vai achar que você pode mudar qualquer coisa."

Suzanne Hosang

14 de março de 2013

Semelhante atrai semelhante por OSHO...

"Somente uma pessoa amorosa, aquela que realmente é amorosa, pode encontrar o parceiro certo.
Essa é minha observação: se você está infeliz você irá encontrar alguém também infeliz. Pessoas infelizes são atraídas pelas pessoas infelizes. E isso é bom, é natural. É bom que as pessoas infelizes não sejam atraídas pelas pessoas felizes; senão elas destruiriam a felicidade delas.

Está perfeitamente bem. 
Somente pessoas felizes são atraídas pelas pessoas felizes. O semelhante atrai o semelhante. Pessoas inteligentes são atraídas pelas pessoas inteligentes; 
pessoas estúpidas são atraídas pelas pessoas estúpidas.

Você encontra as pessoas do mesmo plano. Então a primeira coisa a lembrar é: um relacionamento está fadado a ser amargo se ele surgiu da infelicidade.

Primeiro seja feliz, seja alegre, seja festivo e então você encontrará alguma outra alma festiva e haverá um encontro de duas almas dançantes e uma grande dança irá surgir disso.

Não peça por um relacionamento a partir da solidão, não. Assim você estará indo na direção errada.
 Então o outro será usado como um meio e o outro lhe usará como um meio. E ninguém quer ser usado como um meio! Cada indivíduo único é um fim em si mesmo. É imoral usar alguém como um meio. Primeiro aprenda como ser só. A meditação é um caminho para ficar sozinho.

Se você puder ser feliz quando você está só, você aprendeu o segredo de ser feliz. Agora você pode ser feliz acompanhado. Se você é feliz, então você tem alguma coisa para compartilhar, para dar. E quando você dá, você obtém; não é de outra maneira. Assim surge uma necessidade de amar alguém. 
Geralmente a necessidade é de ser amado por alguém. É a necessidade errada. É uma necessidade infantil; você não está amadurecido. É uma atitude infantil.
Uma criança nasce. Naturalmente, a criança não pode amar a mãe; ela não sabe o que é amar e ela não sabe quem é a mãe e quem é o pai. Ela está totalmente desamparada. Seu ser ainda está para ser integrado; ela ainda não está reunida. Ela é somente uma possibilidade. 

A mãe precisa amar, o pai precisa amar, a família precisa banhar a criança de amor. Agora ela aprende uma coisa: que todos têm que amá-la. Ela nunca aprende que ela precisa amar. Agora a criança irá crescer e se ela permanecer presa nessa atitude de que todo mundo tem que amá-la, ela irá sofrer por toda sua vida. 
Seu corpo cresceu, mas sua mente permaneceu imatura.

Uma pessoa amadurecida é aquela que chega a conhecer a necessidade do outro: que agora tenho que amar alguém. A necessidade de ser amado é infantil, imatura. A necessidade de amar é maturidade. 

E quando você está preparado para amar alguém, um belo relacionamento irá surgir; de outra maneira não."
Osho

8 de março de 2013

Tempo de Estar e Tempo de Ser de Artur da Távola



"Eu creio que você vai me entender: a gente nem sempre é a posição em que está. Falei claro? A gente foi a posição em que está. Ao assumi-la a gente já mudou. A posição em que a gente está, é condicionada por causas temporais e passageiras.

Por justa, linda e generosa que seja, a posição em que se está é sempre muito menos do que a gente é. A gente é um composto que inclui, entre tantas outras coisas, a posição em que se está. Estar é parar. Ser é avançar.

Você crê numa coisa. Toma posição ao lado dela. Faz muito bem! Mas não englobe nem comprometa todo o seu ser, pois você é muito mais rico e complexo do que a posição na qual julga ter encontrado resposta para todos os seus problemas naquele instante.

Você é, inclusive, a negação da posição em que está. Ela e a negação dela compõem o que você é. 
Mas, a posição em que você está precisa negar tudo o que não esteja de acordo com ela. Principalmente o ser, pois o ser é sempre mais livre. Já, estar é mais cômodo. Porque estático. 
Estático é a condição do que está. 

Quanto menos confiança na posição em que você está, mais acirrado em sua defesa você será. Quanto mais você perceba que é muito mais do que a posição em que está, mais ameaçado por ela ficará. 
Se está complicado, perdão. 
Se está complexo, ainda bem! Cada vez que você deixar de ser para estar, você está abrindo mão de partes suas importantes e valorosas, trocando-as por coerências aparentes, por lógicas que a nada levam. 

O estar é uma categoria do ser. 
É possível ser sem estar. 
Porque ser é abrangente, é total. 
Não é possível, porém, estar sem ser. 
O máximo que é permitido ao estar é coincidir, por vezes, com o ser. 
O ser pertence ao cosmos. O estar pertence ao momento. O ser é necessário. O estar é contingente. 

A posição em que você está é a expressão momentânea dos seus humores, das suas necessidades e das influências que você sofreu. Passará e mudará na medida em que elas mudarem. 
O que você É pertence a uma ordem diversa de valores, 
feita dos mistérios ou verdades de sua vida; das suas partes desconhecidas; das revelações; das partes sabidas; das suas relações com o amplo, o total, o uno, o completo. 

No mundo das aparências ser é menos sedutor do que estar. Estar é viver cercado de acólitos, seguidores, justificadores, beneficiários, companheiros. Ser é solitário. 

Eu venho do tempo dos que estão. 
Dos que desistiram de ser para estar. 
Todos com o melhor dos propósitos e as mais elevadas teorias de solidariedade humana, mas Muitos Estando e Poucos Sendo. 
O tempo de quem desistiu de ser para estar gerou guerras, destruições, deixando como herança, apenas e tão-somente, uma profunda vontade de Ser: porque a gente é sempre mais do que a posição em que se está. 

Eu mudo sempre. 
Por isso sou alguém que já não fui. Alguém que pretende estar apenas e até onde conseguir ser. 
Pouco. Mas todo."
"Artur da Távola escreveu estas palavras na década de 70, mas elas continuam atuais como nunca."
Compartilhei este maravilhoso texto da comunidade do autor no facebook a quem agradeço por esta oportunidade maravilhosa e enriquecedora de traduzir tão maravilhosamente meus sentimentos e anseios...

2 de março de 2013

Um pouco de silêncio, por Lya Luft.

"Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações.
 Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam conosco nem nos interessam. Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço de sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.

 O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado. É indispensável circular, estar enturmado. Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho. Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo - ou em trilhas determinadas - feito hâmsteres que se alimentam de sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença.
 Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma. Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém - como se amizade ou amor se "arrumasse" em loja. Com relação a homem pode até ser libertário: enfim só, ninguém pendurado nele controlando, cobrando, chateando. Enfim, livre!
Mulher, não. Se está só, em nossa mente preconceituosa é sempre porque está abandonada: ninguém a quer.

Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Logo pensamos em depressão: quem sabe terapia e antidepressivo? 
Criança que não brinca ou salta nem participa de atividades frenéticas está com algum problema.
O silêncio nos assusta por retumbar no vazio dentro de nós.
 Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. Nos damos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre casa, trabalho e bar, praia ou campo.
Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo além desse que paga contas, transa, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais seus desejos e medos, seus projetos e sonhos?
No susto que essa idéia provoca, queremos ruído, ruídos.
Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou pasta. Não é para assistir a um programa: é pela distração.

Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconserto nosso. 
Com medo de ver quem - ou o que - somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras.

Mas, se a gente aprende a gostar um pouco de sossego, descobre - em si e no outro - regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente ruins.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão no meu ombro de criança e disse:
- Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva chegando.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela a gente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.

 Então, por favor, me dêem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos."
Autora:Lya Luft

Retirado  do livro Pensar é Transgredir

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