30 de outubro de 2014

Até que ponto é difícil viver consigo mesmo? por Eckhart Tolle

 "Uma das maneiras pelas quais o ego tenta escapar da insatisfação que tem em relação a si próprio é ampliando e fortalecendo sua percepção do eu. Ele faz isso identificando-se com um grupo, que pode ser um país, um partido político, uma empresa, uma instituição, uma seita, um clube, uma turma, um time de futebol, etc.

Em alguns casos, o ego pessoal parece se dissolver completamente quando alguém dedica a vida a trabalhar com abnegação pelo bem maior de uma coletividade sem exigir recompensa, reconhecimento nem enaltecimento. Que alívio ser libertado da carga incômoda do eu pessoal. Os membros do grupo sentem-se felizes e satisfeitos, não importa quanto precisem trabalhar, quantos sacrifícios tenham que fazer. Eles parecem ter superado o ego. A questão é: será que se libertaram de verdade ou o ego apenas se mudou do plano pessoal para o coletivo?

Um ego coletivo manifesta as mesmas características do ego pessoal, como a necessidade de enfrentamentos e inimigos, de ter ou fazer mais, de estar certo e mostrar que os outros estão errados, etc. Cedo ou tarde, essa coletividade entrará em conflito com outras coletividades porque busca inconscientemente o desentendimento e precisa de oposição para definir seus limites e, assim, a própria identidade. Depois, seus integrantes experimentam o sofrimento, que é uma consequência inevitável de toda ação motivada pelo ego. A essa altura, eles podem despertar e compreender que seu grupo tem um forte componente de insanidade.

Pode ser doloroso acordar de repente e perceber que a coletividade com a qual nos identificamos e para a qual trabalhamos é, na verdade, insana. Nesse momento, há pessoas que se tornam cínicas ou amargas e, daí por diante, passam a negar todos os valores, tudo o que vale a pena. Isso significa que elas adotam rapidamente outro sistema de crenças quando o anterior é reconhecido como ilusório e, portanto, entra em colapso. Elas não encaram a morte do seu ego; em vez disso, fogem e reencarnam em outro.

Um ego coletivo costuma ser mais inconsciente do que os indivíduos que o constituem. Por exemplo, as multidões (que são entidades egóicas coletivas temporárias) são capazes de cometer atrocidades que a pessoa sozinha não seria capaz de praticar. Vez por outra, os países adotam um comportamento que seria imediatamente reconhecido como psicopático numa pessoa.

À medida que a nova consciência for surgindo, algumas pessoas se sentirão motivadas a formar grupos que a reflitam. E eles não serão egos coletivos. Seus membros não terão necessidade de estabelecer sua identidade por meio deles, pois já não estarão procurando nenhuma forma para definir quem são. Ainda que essas pessoas não estejam totalmente livres do ego, elas terão consciência bastante para reconhecê-lo em si mesmas ou nos outros tão logo ele se manifeste.
 
 No entanto, será preciso estar sempre alerta, uma vez que o ego tentará assumir o controle e se reafirmar de qualquer maneira. Dissolver o ego humano trazendo-o à luz da consciência – esse será um dos principais propósitos desses grupos formados por pessoas esclarecidas, sejam eles empresas, instituições de caridade, escolas ou comunidades. Essas coletividades vão cumprir uma função importante no surgimento da nova consciência. Enquanto os grupos egóicos pressionam no sentido da inconsciência e do sofrimento, as agremiações esclarecidas podem ser um vórtice para a consciência que irá acelerar a mudança planetária. "

Eckhart Tolle

29 de outubro de 2014

O Menino e o Elefante por OSHO

"Eu ouvi uma história. Aconteceu numa aldeia...
O filho de um mendigo, era jovem, saudável - tão jovem e tão saudável que, quando o elefante do rei passava pela aldeia, ele simplesmente agarrava o rabo do elefante e o animal não era capaz de se mover.
Ás vezes era muito embaraçoso para o rei, porque ele ficava sentado sobre o elefante e todo o mercado se reunia e as pessoas riam. E tudo por causa do filho de um mendigo.
O rei pediu ao seu primeiro ministro: É preciso fazer alguma coisa, isso é um insulto. Fiquei com receio de passar por aquela aldeia e o menino às vezes vista outras aldeias também,em qualquer lugar ele pode agarrar a calda do elefante e ele não se moverá. Ele é tão forte, faça alguma coisa para esgotar sua energia.

O primeiro ministro disse: "Vou ter de consultar um sábio, porque eu não sei como esgotar sua energia. Não há nada para esgotar sua energia, porque ele é um mendigo. Se ele tivesse uma loja, sua energia poderia ser exaurida; se ele tivesse trabalhando como escriturário num escritório, a energia poderia ser esgotada. Mas ele não tem nada para fazer. Ele vive para se divertir, e as pessoas o adoram, e lhe dão comida e leite, por isso nunca lhe falta comida. Ele está feliz, ele come e dorme. Por isso é difícil, mas vou tentar."

Então, ele foi procurar um velho sábio. O sábio lhe disse: " Faça uma coisa, vá e diga ao rapaz que você vai lhe dar uma rúpia de ouro todos os dias se ele lhe prestar um pequeno serviço - e o serviço é muito simples. Ele tem que ir ao templo da aldeia e acender uma lamparina. Ele tem apenas que acender a lamparina, isso é tudo. E você vai lhe dar uma rúpia de ouro todos os dias"

O primeiro ministro disse: Mas como isso vai ajudar? Isso pode torná-lo ainda mais entusiasmado. Ele vai ter uma rúpia e vai se sentir cheio de energia. Ele nem mesmo se preocupará em pedir esmolas." 
O sábio disse: " Não se preocupe, basta fazer o que eu digo".
Isso foi feito, e na semana seguinte o rei passou com seu elefante, o menino tentou mas não conseguiu, não conseguiu parar o elefante. Ele foi arrastado por ele.

O que aconteceu? 
Surgiu a preocupação, surgiu a ansiedade. Ele tinha que lembrar durante 24 horas por dia que tinha que ir ao templo, todas as noites, e acender a lamparina. Isso se tornou uma preocupação, que dividiu todo o seu ser. Mesmo durante o sono, ele começou a sonhar que era noite: "O que você está fazendo? Vá e acenda a lamparina e pegue sua rúpia".

Então ele começou a guardar as rúpias de ouro - agora são sete, agora oito. Então, ele começou a calcular que dali a certo tempo, ele teria cem rúpias de ouro - e que essa quantia ia aumentar para duzentas; Entrou a matemática, acabou a diversão. E ele só tinha apenas uma pequena coisa a fazer, acender uma lamparina. Apenas um único minuto, nem mesmo um minuto, apenas uma coisa momentânea - mas tornou-se uma preocupação. E isso exauriu toda sua energia.

Se você está esgotado não é de admirar que a sua vida não seja divertida. Você tem tantos templos e tantas lamparinas para acender, tantos cálculos na sua vida, que ela não pode ser um divertimento. (...)

Sempre que você está dividido você fica sem forças, quando você fica sem divisões você é poderoso. Os desejos dividem você, a meditação não o divide. Os desejos o levam para o futuro, a meditação traz você para o presente.(...)

Sem forças, esgotado, você não pode estar em êxtase. Como pode dançar? Para dançar, você vai precisar de uma energia infinita. Exaurido como você pode cantar? Cantar é sempre um transbordamento. Morto como você pode orar? Somente quando você está totalmente vivo um agradecido brota do seu coração, uma gratidão. Essa gratidão é a oração."
 

Osho em o Barco Vazio
Fonte:http://ventosdepaz.blogspot.com.br/

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