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29 de abril de 2015

Todo mundo quer mudança, mas quem quer mudar?... por OSHO


"Outro dia, eu lhes disse que todas as revoluções fracassaram, todas, exceto uma. Mas essa jamais foi tentada, trata-se da consciência, a revolução não tentada.

Por que ela ainda não foi tentada? E ela é a única revolução real possível, então, por que ainda não foi tentada? Ela é real e pode de fato mudar o mundo inteiro, por isso não foi tentada. As pessoas desejam falar sobre mudança e revolução, desejam brincar com essas palavras e adoram filosofar, mas não querem realmente penetrar na revolução; elas não são muito corajosas e se apegam a seus passados. É seguro falar, mas penetrar na revolução é muito arriscado.

Por isso o real foi evitado até agora e os irreais foram tentados. A política, a social, a econômica — essas revoluções foram tentadas, pois no fundo as pessoas sabem que elas estão destinadas a fracassar. Elas podem ter a alegria de ser revolucionárias e ainda poder continuar apegadas ao passado. Não há risco envolvido.

As chamadas revoluções tentadas e que fracassaram, todas são fugas da revolução real. Soará muito estranho a você, mas o que estou dizendo é isto: todos os seus chamados revolucionários são escapistas. Para evitar o real, eles criam o falso, o pseudo.

A sociedade não pode ser mudada a menos que as pessoas também mudem — essa é uma verdade fundamental, não há como evitar, esquivar-se ou fugir dela. A sociedade é uma abstração; ela não existe. O que existe é o indivíduo, não a sociedade. O ser humano existe e a sociedade é apenas uma abstração, um conceito, uma ideia.

Você já encontrou a sociedade? Você já encontrou a nação? Sempre que você se depara com algo, você se depara com um indivíduo concreto, vivo e respirando. "Sociedade" é uma palavra morta. Ela tem utilidade, mas é apenas um símbolo. Ao mudar o símbolo você não estará absolutamente mudando coisa alguma. Você precisa mudar a matéria real, e a sociedade é feita da matéria chamada ser humano, o qual é o tijolo da sociedade. A menos que o ser humano seja mudado, nada é mudado; você pode apenas fingir, acreditar, esperar, imaginar e continuar a viver em sua miséria.

Você pode idealizar, e esses sonhos são confortantes e confortáveis; eles o mantêm dormindo. 

Por cinco mil anos o ser humano tem sonhado desta maneira — que a sociedade mudará, que mais cedo ou mais tarde as coisas serão boas, que a noite logo terminará. Mas a noite continua, o sono continua. A sociedade continua mudando, mas nada realmente muda, somente as formas. Uma escravidão torna-se outra escravidão, um tipo de opressão transforma-se em outro tipo de opressão, um tipo de governante é substituído por outros tipos de governantes, mas a opressão, a exploração e a miséria continuam.

Afirmo que a consciência é a única revolução, pois ela muda as pessoas, a consciência e o coração delas. Depende do indivíduo, pois o indivíduo é real e concreto. A consciência não se importa com a sociedade. Se o indivíduo for diferente, automaticamente a sociedade e o mundo serão diferentes.

E não se pode mudar o interior ao mudar o exterior, pois o exterior está na periferia. Mas se pode mudar o exterior ao mudar o centro, o interior, pois o interior está no seu próprio âmago. Ao mudar os sintomas não se mudará a doença.

É preciso penetrar fundo no ser humano. De onde vem essa violência, essa exploração, todas as artimanhas do ego? De onde? Todos eles vêm da inconsciência. O ser humano vive dormindo, mecanicamente. Esse mecanismo precisa ser quebrado e o ser humano, refeito. Esta é a revolução que não foi tentada."

Osho

7 de janeiro de 2014

A inteireza da vida de Letícia Thompson


"Ninguém vive pela metade. O espaço de vida de cada um é o que cada qual tem de inteiro. Se dura vinte ou cinqüenta anos, não faz diferença. O que conta é que uma vida é uma vida.

Não existe meio amor, meia felicidade, meia saudade. Todo sentimento por si só é inteiro. Ou a gente é feliz ou não é; ou ama, ou não ama; ou quer, ou não quer. Quando amamos, dúvida não existe; se queremos realmente, dúvida não existe; se somos felizes... Cadê o espaço pra infelicidade, se a felicidade toma conta de tudo?!

Então, se você se sente nesse meio caminho, talvez seja o momento de parar e refletir um pouco na sua existência. A vida é inteira, mas não temos a vida inteira para decidirmos vivê-la intensamente. 
Temos o agora. Há quem diga que pelo fato de ser jovem ainda tem tempo. Mas quem, além de Deus, sabe dizer a medida da vida de cada um? Perdemos preciosos minutos no nosso hoje com a idéia que amanhã as coisas acontecerão e que podemos esperar.

Quando começamos a medir e pesar nossos sentimentos, não vamos a lugar nenhum. Haverá sempre uma luta cerrada entre o coração que quer viver e a razão que mede conseqüências. Medindo dificuldades, não fazemos nada. Se devemos medir alguma coisa, devem ser então as possibilidades. Aí sim estamos no caminho certo.

Para os pessimistas uma pedra é um estorvo, para os otimistas é um pedacinho do alicerce da própria vida. O segredo está no olhar com que cada um vê as situações.

Só enfrentando os medos e o desconhecido é que conseguiremos viver de forma inteira essa vida que se oferece a nós em pedaços. Ninguém disse que não há riscos. Mas não é melhor arriscar do que viver o restante dos nossos dias na infelicidade de se perguntar o que teria sido se tivéssemos tentado?

Quando fizer alguma coisa, faça com inteireza de coração. Ame totalmente, ria totalmente, faça de tudo um todo. A vida é bela demais para ser deixada em suspenso. O amor é bom demais para que possamos vivê-lo em pequenas partes, sem que o tornemos real e possível.

Tente viver com a metade do seu coração e veja se consegue... Difícil ser feliz sem ser completo. Impossível ser completo parado num caminho de indecisões.

O coração talvez não seja o melhor conselheiro. Mas é o que nos mantém vivos e que está sempre junto, sempre ligado a nós. Deixe, pelo menos uma vez, que ele fale mais alto"...

Letícia Thompson

16 de março de 2013

O fim do conflito por Krishnamurti...


 "(...)Existe possibilidade de se encontrar alegria duradoura? Existe; mas, para vivermos essa alegria, é preciso que haja liberdade. Sem a liberdade, não pode ser descoberta a verdade; sem a liberdade, não é possível o conhecimento do Real.
 A liberdade deve ser procurada com diligência.
 Libertai-vos dos que se dizem salvadores, mestres, guias; libertai-vos das muralhas egocêntricas do bem e do mal; libertai-vos de autoridades e modelos; libertai-vos do “ego”, o causador de conflito e sofrimento.

Enquanto o anseio, nas suas diferentes formas, não for compreendido, haverá conflito e sofrimento. 
O conflito não terminará com uma nova e superficial definição dos valores, nem com trocas de mestres e guias. A solução definitiva se encontra no libertar-nos do anseio; não está noutro, porém em vós mesmos, o meio de o conseguirdes. A batalha incessante que se trava dentro de todos nós e a qual chamamos viver, não terá desfecho enquanto não compreendermos e transcendermos o anseio.

O conflito da aquisição manifesta-se na atividades culturais, na vida de relação, na acumulação de bens materiais. 
A tendência aquisitiva, sob qualquer forma que seja, gera a desigualdade e a brutalidade. Tal divisão e conflito entre os homens não podem ser abolidos por uma simples reforma dos efeitos e valores externos.
 A igualdade de posses não é a saída pela qual nos livraremos das tribulações e da estupidez que em escala tão vasta nos circundam e envolvem. Revolução alguma pode libertar o homem do espírito de exclusividade. Despojai-o de seus bens, mediante a legislação pela revolução, e vê-lo-eis apegar-se à exclusividade nas suas relações ou crenças. 

O espírito de exclusividade, nos seus diferentes planos, não pode ser abolido mediante reforma exterior, nem mediante com pulsão ou disciplinamento. É, todavia, esse espírito de exclusividade que gera desigualdade e dissensão. A tendência aquisitiva não lança o homem contra o homem? Pode implantar-se a igualdade e a compaixão por qualquer meio concebido pela mente? Não é necessário procurá-las em outra parte? Não cessa a exclusividade, apenas, quando reina o Amor, quando reina a Verdade ?

A unidade humana só pode encontrar-se no amor, no esclarecimento que nos traz a Verdade. Essa unidade do homem não pode estabelecer-se mediante simples ajustamento econômico e social. 
O mundo está perenemente ocupado nesse superficial ajustamento; está sempre tentando reordenar os valores, dentro do padrão da vontade aquisitiva; quer assentar a segurança na base insegura do desejo e, com isso, só atrai desastres.
 Contamos que uma revolução externa, uma reforma exterior dos valores, transformem o homem. 
Embora, sem dúvida, essas coisas produzam certos efeitos no homem, a sua vontade aquisitiva, encontrando satisfação em outros planos, continua a existir. 
Essa atividade aquisitiva, infinita e vã, não pode em tempo algum trazer a paz ao homem, e é só quando o indivíduo está livre dela que pode haver o esta do criador.

A aquisição cria a divisão dos que estão à frente e dos que ficam atrás.
 Deveis de ser simultaneamente Mestre e discípulo na busca da Verdade; deveis de investigar diretamente, sem o conflito de oposição entre modelo e imitador. 
É preciso haver persistente autovigilância, e quanto mais fordes diligentes e ardorosos, tanto mais se libertará o pensamento dos vínculos por ele próprio criados.

Na bem-aventurança do Real não existe “experiente” nem “experiência”. Uma mente-coração sobrecarregada das lembranças do passado não pode viver no eterno presente. Deve a mente-coração morrer em cada dia, para que haja Eternidade."

Krishnamurti
Conferências com perguntas e respostas realizadas nos anos de 1945 e 1946, em Ojai, Califórnia, Estados Unidos da América. Do livro: O Egoísmo e o Problema da Paz – Ed. ICK - 1946

30 de junho de 2011

Ordinariedade extra! de Satyaprem.[vivendo no mundo como sendo um grande ator]

 
"Satsang propõe que você viva no mundo como se estivesse num teatro, como sendo um grande ator. Shiva declara o mesmo em um de seus poemas: “Aquele que se realizou, vive no mundo como se fosse um ator. Ele atua, mas sabe que não é real”.

A mente, acostumada com tudo que tem sido proposto, quer se tornar uma espécie de super-homem, vendendo a ideia de que quando a Verdade se tornar clara, você não mais se envolverá com nenhum problema ou que você virá a ser invulnerável. Mas quero que note que, justamente agora, você não está envolvido em nenhum problema. Aqui, proponho uma distinção entre aquele que se envolve nos problemas e você.

Ao tentar transferir a invulnerabilidade para o corpo-mente, você está agindo através de um desejo da própria mente que é impotente, e por isso quer transferir a invulnerabilidade do Ser para si. Ela quer apropriar-se de uma qualidade que não lhe pertence, mas é impossível – o Ser é “inapropriável”.

Um mestre zen foi perguntado pelo discípulo:

– Mestre, eu tenho um grande problema... Quando está frio, sinto muito frio. Quando está calor, sinto muito calor. O que preciso fazer para resolver este dilema?

O mestre disse:

– Simples! Quando estiver frio, sinta frio. Quando estiver calor, sinta calor.

A mente quer se apropriar das experiências, mas você não é aquele que sente frio, nem aquele que sente calor. O corpo foi desenhado para sentir calor ou frio, dadas circunstâncias. Portanto, a indicação é que sinta calor quando estiver quente e frio quando estiver frio. Tire o foco dessa ideia de ter mais poder ou controle sobre as relações não somente com o seu corpo mas com os outros corpos.

Aliás, eles não são separados, por isso a impossibilidade de controle. Se fossem separados como parece aos seus olhos, seria fácil. Mas os olhos nos enganam, não estamos separados. Está tudo junto. Somente os nossos olhos dizem que há uma separação, mas não tem separação nenhuma. O único ponto que pode ser estabelecido, e ele é crítico, é que você comece a namorar com a possibilidade de não ser nada do que tem pensado ser. Comece a vislumbrar que você realmente é aquilo que observa e saiba que nada do que você vê, é real."

Satyaprem

23 de agosto de 2010

Ressonância Schumann - de Leonardo Boff (o coração da terra disparou)

   " Não apenas as pessoas mais idosas mas também jovens fazem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi Carnaval, dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou tem base real? 

    Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100 km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7, 83 pulsações por segundo. 

    Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz.

    Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à ação de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde. Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos  90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. 
 
    O coração da Terra disparou. Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real nesse transtorno da ressonância Schumann. 

    Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos. Aqui abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançosos, como a irrupção da quarta dimensão, pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o biorritmo da Terra. 
 
    Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e venera. Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann. 
 
     Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio, devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais harmonia, com mais amor,  que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser anticultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos. Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz."

Leonardo Boff

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