"O homem moderno é o primeiro em toda a história que não tem uma idéia do sagrado, que vive uma vida muito mundana. Ele está interessado em dinheiro, poder, prestígio, e acha que isso é tudo. É uma noção muito estúpida". - Osho
"As tragédias que abalam o coração humano e trazem sofrimentos para milhares de pessoas, são acontecimentos que nos trazem reflexões sobre a vida, seus encantos, seus mistérios e suas aparentes contradições. O que será que a vida quer de nós?
Se prestarmos atenção, quase sempre nas tragédias há algo de premeditado ou anunciado. Por intuição, aqueles que serão protagonistas ou vítimas percebem a aproximação de algo que irá mudar suas vidas, e lá no fundo sentem que passarão pela porta estreita da morte dolorosa para resgatar algum carma, ou como instrumentos da vida para ensinar aos outros; quase sempre deixam avisos e mensagens aqui e ali subliminarmente, mesmo que não consigam decifrar os sinais de suas próprias intuições. Todos os que passarão pelas provas são atraídos para os locais delas, sem saber porque, e aqueles que não são parte do grupo perdem o trem, o avião, o tempo de chegar lá.
Mas, as tragédias não são necessariamente um mal se soubermos tirar lições delas. Do alto da visão cósmica, são mais avisos e cumprimento do destino, que castigos. Mas, ainda poucos são os que entendem os avisos, pois quase nada muda em relação ao essencial, e quando alguma coisa muda geralmente fica restrito ao campo material, filosófico ou político; pouco se entende do espiritual. O ser humano ainda engatinha como criança em se tratando de espiritualidade, e falta muito ainda para se tornar consciente de si mesmo e de sua realidade espiritual. Entre dogmas religiosos e outros apelos, vai deixando de lado a sua espiritualidade, porque ainda confunde espiritualidade com crença ou fé na religião.
A religião tanto pode despertar a consciência espiritual, como pode adormecê-la ainda mais. Dependendo dos métodos, a religião pode ensinar o caminho individual da evolução espiritual e da responsabilidade de cada um sobre si mesmo, ou não, quando há outros interesses mesclados à supremacia dos dogmas. Na contramão da religiosidade, o ser humano tem se desleixado de sua espiritualidade. Espiritualidade é reconhecer-se como espírito, com alma e coração em corpo vivo.
O ser humano, embolado e embalado por sonhos, ilusões e desejos materialistas imediatistas, esquece-se de sua transitoriedade por aqui e de sua eternidade espiritual. Falta ao ser humano mais atenção para com as coisas que não se vê, mas se percebe por outros sentidos, os da alma que reflete a inteligência espiritual por intuição. Negar a intuição é o mesmo que negar a alma.
Por medo e desconhecimento de si, da vida e do universo, o ser humano busca abrigo seguro nas instituições, que nem sempre o conduzem para o bom desenvolvimento de suas faculdades espirituais. Não há instituição alguma que possa substituir a sua responsabilidade sobre a sua evolução, e não há instituição ou sacerdote que tenha poder sobre você, a menos que o conceda você mesmo. A quem se entrega, só resta o atraso como premio.
Poucas vezes o ser humano se coloca diante de si mesmo, em silêncio meditativo. Poucos conseguem parar a balburdia mental e permanecer em silêncio e ausência de ocupação. O ser humano parece que perdeu a capacidade de ficar um minuto sem fazer algo, sem algum barulho ou algum movimento. Estranho é ver alguém hoje em dia, nessa modernidade avançada em tecnologias e cheia de promessas de felicidade por meio de bugigangas e mandingas, que se preze ao silêncio e interiorização - a meditação. Parar passou a ser sinônimo de perda de tempo. Mas, qual tempo se perde? No entanto, a maior necessidade do ser humano é a de ir ao encontro de si mesmo, buscando em si mesmo as respostas para as suas ansiedades e inquietações; e isso se faz na quietude do silêncio da meditação.
Até as religiões estão cada vez mais barulhentas, quando seus templos deveriam ser centros de meditação silenciosa. É no silêncio e interiorização que o ser humano se torna religioso. A verdadeira oração é silenciosa; a verdadeira religião é meditativa. Em meditação é que o espírito, essência do ser humano, entra em sintonia com as forças espirituais superiores; com Deus. Jesus recomendou recolhimento e silêncio na oração, mas ao que parece são os sacerdotes, "seus representantes", quem mais agitam. O barulho, ao contrario de acordar, faz o ser humano adormecer mais profundamente no sono da inconsciência. Somente em silêncio a consciência se torna luz que clareia a percepção, e a oração tem foco; somente no silêncio você alcança a sua alma e o espírito se conecta com a Fonte de Tudo.
Paz na tua alma!"
Luiz Antônio Trevizani
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