25 de julho de 2010

O corpo de Dor!


"Ao longo de milhares de anos, a mente vem intensificando seu domínio sobre a humanidade, que deixou de ser capaz de reconhecer a entidade que se apossa de nós como o “não-eu”. Por causa dessa completa identificação com a mente, uma falsa percepção do eu passa a existir – o ego. A densidade dele depende do grau em que nós – a consciência -nos identificamos com a mente com o pensamento. Pensar não é mais do que um minúsculo aspecto da totalidade da consciência de quem somos.

O grau de identificação com a mente difere de individuo para individuo. Algumas pessoas desfrutam de períodos em que se encontram libertas do domínio da mente, ainda que brevemente. A paz, a alegria e o ânimo que elas experimentam nesses momentos fazem a vida valer a pena. Essas também são as ocasiões em que a criatividade, o amor, e a compaixão se manifestam. Outras pessoas se mantêm presas ao estado egóico de modo contínuo. Permanecem alienadas de si mesmas, assim como dos demais e do mundo ao redor. Quando as observamos, conseguimos ver a tensão na sua face, talvez a testa franzida ou um olhar vago e distante. A maior parte da sua atenção está sendo absorvida pelo pensamento, por isso não nos vêem nem nos escutam. Elas não estão presentes em nenhuma situação – sua atenção está ou no passado ou no futuro, que, é claro são formas de pensamento que existem apenas na mente.

Ou, se estabelecem um relacionamento conosco, fazem isso por meio de algum tipo de papel que interpretam e, assim, não são elas mesmas. As pessoas em sua maioria, vivem alienadas de quem elas são. Ás vezes esse estado chega a tal ponto que a maneira como se comportam e se relacionam é reconhecida como “falsa” por quase todo mundo, a não ser por aqueles que também são falsos e igualmente alienados de quem são.

Alienação que dizer que não nos sentimos á vontade em nenhuma situação, em nenhum lugar nem com ninguém, nem conosco mesmo. Estamos sempre tentando nos sentir “em casa”, mas isso nunca acontece. Alguns dos maiores escritores do século XX, como Frank Kafka, Albert Camus, T.S.Elliot e James Joyce, não só reconheceram a alienação como o dilema universal da existência humana como é provável que a tenham sentido em si mesmos de modo profundo, e assim, foram capazes de expressá-la excepcionalmente em suas obras. Eles não ofereceram uma solução. Sua contribuição foi nos proporcionar uma reflexão sobre essa dificuldade humana, para que pudéssemos vê-la com mais clareza. Ter uma visão mais nítida de uma situação complicada em que nos encontramos é o primeiro passo no sentido de superá-la."

Autor: Eckhart Tolle - "O despertar de uma nova consciencia. 


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