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14 de maio de 2016

Quando estamos em crise...


"Quando estamos em crise por algo específico ou por tudo, uma preciosidade acontece: saímos do lugar. Damos um passo adiante. Buscamos por outras paisagens, outros personagens, novas histórias.

 Por mais dolorosa que seja uma crise, ela é um aprendizado. Ele nos diz que o que estamos fazendo não serve mais para que obtenhamos o resultado almejado. Ela nos mostra que aquela relação teve o seu tempo esgotado. Que aquele emprego não nos faz mais feliz. Que gostaríamos de começar outra atividade, nos especializar em outra coisa. Enquanto estamos confortáveis, não nos movemos porque tudo está do jeito que queríamos.

 Quando esta fase passa é hora de subir outro degrau, abrir um pouco mais a mente e reavaliar o que tem ocupado o nosso coração. Aproveite as crises para crescer, para ousar, para criar um movimento em seu benefício.
 Reclamar do processo não o resolve. Aceite e ponha ação em suas palavras. E, se puder, agradeça. 
Há merecimento nas graças obtidas pela gratidão..."


Autor:Marla de Queiroz
Fonte:http://passarinhosnotelhado.blogspot.com.br/



6 de fevereiro de 2015

A crise curativa...

"É relativamente fácil sentir-se grato quando coisas boas estão acontecendo e a vida está caminhando do jeito que queremos que caminhe. Então, assumimos com freqüência, as coisas como certas. Parece muito bom arrumar um momento para manifestar nossa apreciação a outras pessoas, à terra, ao nosso poder superior, à vida.

Um desafio muito maior é entrar em contato com a gratidão quando estamos passando por um período difícil, ou a vida não está andando do jeito que achamos que deveria. Nestas épocas, é mais provável que nos sintamos magoados, confusos ou ressentidos, o que perfeitamente natural. 
A gratidão é a última coisa que nos ocorreria num momento como este. Houve épocas, em minha vida que tive vontade de dar uma banana pro Universo, enquanto imaginava por que motivo ele me desferiria um golpe tão cruel.

No entanto, é interessante notar que, depois de passarmos por um período difícil e ao fazer um retrospecto do que houve algo de importante e necessário contido naquela experiência. Talvez não cheguemos a esta perspectiva senão meses ou até anos mais tarde depois de o fato ter ocorrido, mas no fim acabamos percebendo que houve uma lição importante que foi aprendida, ou talvez uma nova porta que se abriu em nossa vida, com um resultado de acontecimentos que, à época em que ocorreram, pareceram negativos.

Por exemplo a perda de um emprego pode os conduzir a cura espiritual ou emocional. O fim de um relacionamento pode nos oferecer a oportunidade de descobrir que precisávamos de um tempo para ficar sozinhos ou encontrar um relacionamento mais satisfatório.

Normalmente costumo chamar um período doloroso de nossa vida de uma crise que cura. Quando isto ocorre estamos deixando de lado algo velho, e nos abrindo para alguma coisa nova. Freqüentemente, isso acontece porque já crescemos em termos de consciência, e não podemos mais viver segundo o jeito antigo.

Assim, se você estiver passando por uma crise curativa em sua vida, neste momento, estenda a mão e peça tanto apoio e amor quanto puder. Dê também permissão a si mesmo para experimentar, plenamente, todos os sentimentos que vierem à tona. Peça que a dádiva contida nessa experiência lhe seja revelada assim que você estiver pronto para recebê-la. E lembre-se que pouco tempo passará até que você ganhe perspectiva e possa sentir-se novamente grato à surpreendente jornada da sua vida."
Shakti Gawain
Livro Gratidão página 83

6 de abril de 2014

Aprenda a superar a crise existencial por Marcelo Jucá

"A crise existencial não tem hora para chegar, mas pode ser enfrentada e superada.

Momentos em que nos vemos com o olhar distante e perdido podem ser associados ao pensamento de um filósofo vagando entre ideias. Mas, afinal, no que estamos pensando? Em como pagar o aluguel, em declarar os sentimentos por alguém ou até mesmo questionando o que nos deixa paradas ali? Será que pode ser uma crise existencial?

As crises existenciais não têm hora, lugar ou uma razão específica para estourar. Tudo pode ser motivo para ela chegar e se apoderar dos nossos pensamentos: uma página em branco, odiar o emprego, não arranjar um namorado bacana, a aparência fora do padrão - ou tudo isso ao mesmo tempo. Essas são frustrações que podem desequilibrar qualquer pessoa. E os resultados delas podem variar entre choros parciais, constantes, depressão e, em casos extremos, até suicídio.

Desde Sócrates, o Homem pensa em maneiras de solucionar essas angústias. O ato de filosofar surgiu dessa premissa: a de observar, investigar e tentar compreender a miscelânea de sentimentos que nos formam.

Questão de evolução

Pensar e refletir a respeito de "o que é o amor" ou "o que é a morte" é uma prática que toca muita gente. A razão de nos perguntarmos é porque existe algo ali causando esse incômodo... Só que de tanto refletir, algumas verdades vieram à tona. E saber lidar com elas foi essencial para a evolução da nossa espécie.

Ao longo da História, o primeiro a contribuir foi Nicolau Copérnico, quando provou que a Terra não era o centro do sistema solar. Em seguida, Charles Darwin apresentou a Teoria da Evolução, confirmando que nossas raízes nos ligavam, quem diria, aos primatas. E, há pouco mais de um século, Sigmund Freud descobriu o inconsciente, afirmando que não somos exatamente donos do nosso nariz.

Essas três teorias acertaram em cheio o ego da sociedade, e tomou-se consciência de que tudo poderia ser motivo de dúvida. 
O capitalismo se aproveitou dessa insegurança e desorientação para lucrar, tirando da cartola mágica casas, carros, roupas e tudo o mais para desviar o foco das angústias.
 Segundo o psicanalista Cláudio Cesar Montoto, quando alguém fala que está em crise existencial, precisa descobrir qual o seu motivo. "Não há um sintoma nomeado como crise existencial, existem sim castrações de desejo no sujeito que o angustiam", diz ele.

Por isso, muitas pessoas sentem dificuldade ao tentar definir a razão de estarem insatisfeitas com a vida. Como escreve o psicanalista J.D. Nasio no livro Um Psicanalista no Divã, os motivos parecem ser muitos mas, no fim, possuem como denominador comum os distúrbios sexuais, os conflitos familiares e os problemas sociais no trabalho. "O importante é entender que a crise existencial é a defesa do sujeito contra seu próprio desejo", diz Montoto.

Então, podemos entender que, se homens e mulheres possuem desejos diferentes, logo, as crises também se manifestam de raízes diferentes? Mas é claro! Para Nasio. "a problemática da mulher é do querer, a problemática do homem é poder". Assim, cria-se o conceito de que as angústias masculinas são relativas ao declínio de autoridade, da função paterna e toda virilidade investida. Ao passo que o mal-estar na mulher está mais ligado à questão do amor, do ciúme de possuir o parceiro somente para ela, medo da solidão e de ser traída.

A crise existencial nada mais é que um diálogo interno, sua autocrítica em comparação a si mesmo e ao outro. Quem é o outro? Parentes, amigos e astros de TV, por exemplo. Por isso, constantemente nos questionamos "por que não tenho uma turma de amigos como a de Friends?" ou "será que vou viver um amor como o de Brad Pitt e Angelina Jolie?"

O doutor Freud tinha uma outra forma de enxergar as crises e não acreditava na felicidade constante. Imaginava, sim, que a vida fosse cheia de altos e baixos, tudo regido pelo confronto do que ele nomeava como princípio do prazer e princípio da realidade. Quando o momento feliz passa, sempre procuramos repetir aquela sensação. Como nem sempre é possível, a angústia se instaura e, quando não bem tolerada, a crise existencial dá as caras. Contornar e sair dela exige paciência e tempo. Refletir, procurar o diálogo e compreender que cada escolha tem o lado positivo pode ser uma forma de relativizar as coisas. Aprender a dar valor a esses detalhes contribuem na tarefa de humanizar cada um de nós.

A todo momento somos bombardeados por possibilidades de sucesso, que nem sempre conseguimos abraçar. Em algum ponto, é natural cair na armadilha de se sentir incapaz. Essa constatação, na verdade, pode ser muito positiva. Ela leva a pessoa a repensar as coisas, amadurecer e buscar novas alternativas para a felicidade. Mas isso quando se está disposto a enfrentar as mudanças que podem decorrer desses questionamentos.

Encontrando o equilíbrio

A arte e a busca pelo prazer podem ser formas positivas de compreender os problemas que nos deixam pensativos. Há quem pinte quadros, componha músicas ou mesmo descarregue suas frustrações no esporte para restabelecer a ordem interna.

"As satisfações substitutivas, tal como as oferecidas pela arte, são ilusões, em contraste com a realidade; nem por isso, contudo, se revelam menos eficazes psiquicamente, graças ao papel que assumem na vida mental", explica Freud. Woody Allen, Van Gogh, Clarice Lispector e Fernando Pessoa são alguns artistas que transferiram e sublimaram suas dores existenciais por meio da arte. Allen, por exemplo, conseguiu transferir para seus filmes suas neuroses e sentimentos e enfrentá-los de forma divertida e inteligente. No filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, a cena final mostra seu personagem dirigindo um ensaio teatral que retrata o sucesso de um relacionamento amoroso, após aquele vivido por ele ao longo do filme ter fracassado. Com o fim do diálogo, Allen se explica ao público: "O que você quer? É minha primeira peça. Sabe, você sempre tenta fazer tudo sair perfeito na arte, porque na vida real é mais difícil".

Para o psicanalista Montoto, dois pontos são importantes para superar a crise. Um: saber reconhecê-la. Dois: enfrentá-la. Todo mundo passa por uma ou várias crises durante a existência. Mas a única forma de fazer com que ela deixe de dominar nossos pensamentos é descobrir e compreender o que está por trás dela. É preciso reconhecer que nossas escolhas sempre acarretam perdas, dúvidas e senões. "Todos nós temos desejos reprimidos e precisamos enfrentar sem medo a castração", diz ele. Só assim conseguimos aceitar os deslizes da vida e perceber os questionamentos que se instauram como uma pulga atrás da orelha. Porque é assim mesmo: mal encontramos as respostas e nossa mente já trata de ir atrás de formular outras perguntas."


LIVROS
O Mal-estar na Civilização, Sigmund Freud, Imago
O Ser e o Nada, Jean-Paul Sartre, Vozes
Um Psicanalista no Divã, J.D. Nasio, Zahar

Fonte:http://vidasimples.abril.com.br/temas/aprenda-superar-crise-existencial-

22 de outubro de 2012

Entrego, confio, aceito e agradeço, de Prof. Hermógenes


"Envolvidos por uma situação de estresse violento, de desafio alarmante, assaltados pela dor em forma de doença, pelo desemprego, desconforto, quando imersos numa crise que ultrapassa nossas esperanças de solução, é imperioso mobilizar todos nossos talentos, poderes, possibilidades, nossas reservas, para tentar uma saída, uma superação. Depois disso, se ainda nos vemos submetidos, manietados, derrotados, extenuados, vencidos, condenados... que resta fazer?

Para fazer face a situações assim, que me convencem de minha impotência, tenho aplicado, com vitória, uma estratégia que minha longa existência me fez aprender: entrego o problema ou entrego a mim mesmo, confiando na providência divina, e, portanto, predisposto a aceitar o que vier como resposta, e, numa prova de amor e fé, agradeço a Deus, antecipadamente, pela resposta que Ele achar melhor, seja qual for.
 Entrego, confio, aceito e agradeço!

A entrega não chega a ser verdadeira se desejamos uma determinada resposta.
 Se nos entregarmos totalmente, de imediato a paz nos acaricia. Aí, naturalmente deixamos a batalha com Deus, que tudo pode, para que ele batalhe por nós. 
O alívio é imediato. Estar entregue a Deus é a mais perfeita condição de ahimsa, de brandura, de sábia imobilidade e, por isso mesmo, a mais eficaz.

Suponho que Deus, que sempre nos quer vivos, sadios, felizes, vitoriosos, se sente homenageado quando Lhe damos a chance de nos socorrer. Ele, que sempre deseja nossa fiel e incondicional confiança, aproveita a entrega e põe a nosso favor Sua onisciência, onipresença, onipotência e é só o que nos salva. Enquanto, apavorados, estressados, nos debatemos em gestos inócuos, desesperados, imprecisos, violentos e agoniados, ele não encontra condições de assumir nossa batalha; não tem como atuar.

Ter fé em que Deus nos dará isso ou nos livrará daquilo é o que mas se vê.
 E achamos que agir assim é ter fé. Não é. A verdadeira fé consiste em calar para que Ele fale, em nos render ao que Ele quiser fazer de nós e por nós. 
Entenda este “seja feita a Vossa vontade” como wuwey, brandura, ahimsa, não-violência, saranagathi.
 Se você quiser dar uma chance a Deus para que Ele ganhe a batalha, para que o salve, cure, liberte, ilumine, pacifique, o que tem a fazer é precisamente oferecer-Lhe sua quietude, sua brandura, sua não-violência.
 Se continuar afobado, com pode Deus atuar?"
Hermógenes (Convite à Não Violência)

10 de julho de 2011

Crise – A dança da vida!


 "A vida nos convida à dança.
Nesta dança, há um convite explícito para trabalharmos os opostos. É fácil de aprender.
É só observar os sinais e ficar atento aos passos e, então tentar através do compasso e descompasso, adquirir leveza para lidar melhor com os percalços da vida.
Crise……ai que coisa mais incômoda, dolorida, que nos tira do prumo, que mexe conosco e faz tudo ficar fora do lugar.
Assim pensamos e ingenuamente, temos a tendência de considerar o fluxo de nossa vida como algo seguro, regrado, “imexível”, como se pudéssemos direcioná-lo e administrá-lo com total controle; sem abalos, sem mudanças, amarrados a um “porto seguro”. Uma vez Iludidos com esse panorama seguimos nosso caminho sem nos aperceber que, muitas vezes, a estrutura atual não serve mais, não tem mais função, caducou, precisa ser renovada, ou seja, precisamos abandonar o nosso “porto seguro” para que ele seja reestruturado. É nesse momento que a crise vem.
Claro que a crise não é nenhuma “belezura”, nada agradável, ela traz consigo sentimentos conflituosos e dolorosos, simplesmente porque não conseguimos vivenciá-la favoravelmente, de forma natural e positiva.
Apesar de entendermos a crise como uma tormenta, um obstáculo que nos estanca, ela é paradoxalmente, uma ocasião de crescimento, uma oportunidade. É um momento de reavaliação, reflexão, amadurecimento de idéias, compreensão dos ciclos, desapegos e principalmente de aprendizagem. Isto quer dizer que, não há aperfeiçoamento sem crise!
Os chineses representam bem a palavra crise em dois ideogramas: um significando perigo e o outro simbolizando oportunidade, mostrando essa relação oposta e ao mesmo tempo complementar, onde perigo se torna uma oportunidade.
Outra coisa importante a ser lembrada em relação á crise é que ela é eterna. Passaremos a vida envoltos em desestruturação e reestruturação…..faz parte da vida, é algo natural
Então, Estruturar e Desestruturar,
Equilibrar e Desequilibrar,
eis a Dança da Vida.
Muitas pessoas resistem à crise, ao enfrentamento do conflito. Vão negando, fingindo que o problema não existe, colocando a culpa nos outros, tocando a vida como se não fosse com elas, como se nada tivesse acontecido. Apesar dessa dissimulação, o conflito continua presente e vai aparecer em algum momento. Uma vez iniciada a crise, não existe possibilidade de voltar aos padrões antigos.
A não aceitação da crise nos torna mais vulneráveis a ela. Permite com que a ameaça interna se torne mais forte do que realmente é, o conflito se reforça, surgindo os sentimentos de angustia, medos, ansiedades, frustrações, etc… levando-nos a um caos desestruturante.
O caos nos coloca para baixo, mas ao mesmo tempo, permite que reflitamos sem dissimular o conflito. Não há mais como dissimular, o mundo caiu, o conflito está ali na nossa frente, sem máscaras, pronto para ser digerido.
Lembre-se: o caos precisa ser respeitado, cada pessoa tem o seu tempo de desestruturação, de desconstrução para depois iniciar uma nova construção. É necessário honrar aquele momento de dor. É um período de questionamentos, do que fazer, do que vale a pena ou não, do que abrir mão, do que ….do que…..É a morte da inércia. Nessa digestão da crise, as idéias começam a se flexibilizar e já existe a possibilidade de mudança.
Esse momento é crucial, talvez um dos mais importantes do processo. Quando vemos alguém no auge de crise, a primeira coisa que vem a cabeça é tentar tirá-la dessa situação, oferecendo-lhe oportunidades de distração. Esse é um erro gravíssimo, pois é nessa fase que a pessoa precisa estar com ela mesma, sem distração, esvaziando-se. É no vazio que está a possibilidade de tudo…. é na ausência, que se consegue algo significativo.
Um pequeno trecho do livro Perdas e Danos de Lia Luft, retrata bem essa situação:
“Não vou me alegrar jantando fora quando perdi meu amor, perdi minha saúde, pedi meu amigo, perdi meu emprego, perdi minha ilusão…perdi algo que dói, seja o que for. Então, por um momento, uma semana, um mês ou mais, me deixem sofrer. Permitam-me os lutos no período sensato. Me ajudem não interferindo demais. O telefonema, a flor, a visita, o abraço, sim, mas, por favor, não me peçam alegria sempre e sem trégua.”
 Uma vez vazia, a pessoa pode colocar em uso a sua capacidade adaptativa. Esta é a arte de transitar entre o passado e o presente sem se perder: observando as lições do passado e recriando novas possibilidades para o presente.
Muitas vezes a nossa reserva emocional, por si só, não é suficiente para enfrentarmos situações difíceis como as de crises. Quando isso se torna insuficiente a terapia Floral entra como um recurso a mais reforçando a reserva enfraquecida."
por: Sonia Parucker

13 de junho de 2011

Construa um espaço interior e refugie-se da crise! Por Roberto Goldkorn



"Um discípulo alemão estava num *dojo no Japão, diante do mestre Zen, e de outros discípulos japoneses, quando de repente a terra tremeu. As frágeis paredes do recinto vieram abaixo, e o pânico se instalou entre os jovens discípulos que agilmente saíram correndo de lá. Mais lento, o alemão foi o último a sair, quando algo o fez olhar para trás. E o que ele viu, o paralisou. 


O velho mestre sentado impassível na sua posição **seiza. Envergonhado o discípulo alemão retorna e senta-se. Um a um, os outros mais jovens vão voltando e de cabeça baixa sentam-se e o mestre continua a meditação. Dias mais tarde, com aquela curiosidade típica de ocidental, o alemão não se conteve e inquiriu o mestre sobre o porquê da sua não fuga na ocasião do terremoto. O mestre demorou um pouco a responder, e disse: “Meu filho, onde era o terremoto?”

“Lá fora”, respondeu o alemão.
“E vocês estavam correndo para onde?”

“Pra fora”, respondeu já atingido pela irretorquível lógica, o discípulo.

 Essa história foi narrada pelo filósofo alemão Eugen Herrigel no livro a Arte Cavalheresca do Arqueiro Zen. Usei essa história para servir de ponte ao meu artigo de hoje sobre a situação de  crise pela qual nós brasileiros estamos passando, um verdadeiro terremoto. 


A crise embora esteja sendo tratada na esfera política, judicial e policial, é fundamentalmente moral. Envolve tantos elementos emocionais que seria impossível tentar mapeá-los aqui. Impossível também é dimensionar o tamanho e a duração do estrago que está fazendo e fará ainda em muitos de nós, numa espécie de estresse pós-traumático. Algumas pessoas têm me procurado para compartilhar as suas angústias, e muitas pensam em ir embora, sem saber exatamente para onde e como farão isto.


 Já vivemos outras crises, e me lembro claramente, de manchetes do passado que diziam em letras garrafais: “MAR DE LAMA”! É impossível medir o nível em que os escândalos nos atingem, é impossível saber se aquela infecção urinária da Maria, ou o acidente (por pura distração) do João, ou ainda a gastrite do Pedro, ou a depressão da Joana foram causadas por esse estresse pós-traumático das notícias com as quais somos bombardeados diariamente. 



Mas algo acontece, isso é inegável. Não podemos ser impermeáveis a esse tipo de estímulos, não somos super-homens, nem supermulheres capazes de resistir ao mesmo tempo às intempéries 'naturais' do nosso dia-a-dia, e ainda por cima uma carga extra de agressões a nossa honra, dignidade, a nossa simples humanidade. 


A impotência do homem comum diante de um mundo que lhe é hostil, mas contra o qual nada pode fazer, é sim causadora de doenças das mais diversas. Entre as reações mais ostensivas, está o escapismo, a busca de uma Passágarda, a fuga para uma ilha paradisíaca onde possamos apenas viver as nossas vidas sem sermos molestados moralmente.


 Essa também é uma reação negativa, por si só, indicativa de um desequilíbrio, pois como disse o velho mestre: a crise é “lá fora”. O que ele quis dizer com isso, usando uma rica simbologia muito zen? Que não há lugar, para onde fugir, senão para dentro de si mesmo, para o templo-fortaleza que você construiu dentro de si mesmo. Mas e se você não construiu esse templo? E se você passou todo o tempo empenhado em apenas construir “lá fora”? Uma casa própria, uma carreira, uma imagem, uma fortuna pessoal, um império...? Aí meu caro, quando a casa cai não há para onde ir.


 Também me sinto afetado pela atual crise “política” principalmente pelas incógnitas que ela encerra em seu bojo nebuloso. Também sinto ânsia de vômito, e tremores de vez em quando diante da TV ou da revista semanal, mas imediatamente penso que isso está acontecendo “lá fora”, como já sucedeu outras vezes, e infelizmente vai acontecer mais para frente. 


Mas fecho os olhos e deixo- me deslizar suavemente para meu quarto secreto (meio desarrumado confesso) construído ao longo de uma vida. Fecho os olhos e silencio. Fecho os olhos e entôo uma oração silenciosa e me deixo na quietude. Ali me fortaleço, e tento anular os efeitos malignos desse estresse pós-traumático. Ali reconheço a minha fragilidade e me permito ser embalado pelo meu Deus Luminoso, incorruptível, uma Rocha!


Cada um deveria construir um espaço interior para se refugiar não apenas em tempos de grave crise, mas sempre. O mundo “lá fora” constrói e dissemina o medo, que é fatal quando se instala nos nossos corações. O medo sempre vem acompanhado de seus primos, a vergonha, a humilhação, a insegurança, a violência e outros (é uma família e tanto).

 Mesmo que nos sintamos fortes o bastante para lutar em campo aberto, “lá fora”, com as armas “deles”, sem essa parada no templo-fortaleza interno, seremos apenas esmagados, ou pior: cooptados, e passaremos a ser agentes do “lá fora”.

Faça como o mais sábio dos três porquinhos construa uma casa sólida, mesmo que isso leve tempo e seja complicado, nenhum lobo mau poderá derrubá-la."


* Dojo: Segundo o Dicionário Houaiss: escola de treinamento em artes marciais de defesa pessoal, esp. judô e caratê ** Seiza: A maneira dos japoneses se sentarem sobre os calcanhares, com uma mão sobre a outra, conhecida como nipon-za (postura japonesa), é um tipo de seiza. 


Autor: Roberto Goldkorn
Fonte:http://www2.uol.com.br/vyaestelar/espaco_interior.htm

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