"Ao tomarmos consciência da transitoriedade de todas as formas, o nosso apego a elas diminui e deixamos em certa medida de nos identificar com elas. (...)
O reconhecimento de que "Também isto irá passar" traz consigo o desapego e, com o desapego, outra dimensão entra na nossa vida - o espaço interior. Através do desapego, bem como do não-julgamento e da não-resistência, ganhamos acesso a essa dimensão.
Quando deixamos de nos identificar totalmente com as formas,
a consciência -[ quem somos] - é libertada do seu aprisionamento à forma.
Esta libertação é o despontar do espaço interior.
Chega como uma espécie de quietude, uma paz sutil que se apodera do fundo de nós mesmos, inclusive perante algo aparentemente negativo. "Também isto irá passar." De repente, cria-se um espaço à volta do acontecimento. Há igualmente um espaço em redor dos altos e baixos emocionais, e até mesmo à volta da dor. E, acima de tudo, existe um espaço entre os nossos pensamentos. E desse espaço emana uma paz que não é "deste mundo", pois este mundo é a forma e a paz é o espaço.
Agora podemos apreciar e honrar as coisas deste mundo sem lhes dar uma
importância e um significado que elas não têm. Podemos participar na dança da
criação e ser ativos sem apegos aos resultados e sem fazer exigências despropositadas ao mundo: faz-me sentir realizado, faz-me ser feliz, faz-me sentir seguro, diz-me quem sou.
O mundo não nos pode dar estas coisas e, quando deixamos de ter estas expectativas, todo o sofrimento criado por nós próprios chega ao fim. (...)
As palavras "Também isto irá passar" são indicadores da realidade. Ao apontarem para a impermanência de todas as formas implicitamente também estão a apontar para o eterno. Apenas o que há de eterno em nós pode reconhecer a impermanência como impermanência."
Eckhart Tolle em Um mundo novo
Fonte:http://ventosdepaz.blogspot.com.br/