"O medo é um parâmetro que direciona nossas atitudes.
Todas as nossas decisões e atitudes são decididas com base no amor ou no medo, não apenas aquelas no âmbito afetivo. Em casa, com os amigos, no trabalho, em grupos de atividades variadas, seja onde for e em qualquer circunstância, as decisões e todas as escolhas se originam dessa dicotomia amor-medo.
O medo que conhecemos racionalmente é definido como um estado emocional que aparece em resposta a uma situação de potencial perigo. O pensamento de que alguma coisa possa por em risco ou ameaçar a vida ou a segurança, deflagra involuntariamente no cérebro diversos compostos bioquímicos que vão proporcionar ao corpo as sensações que se caracterizam como medo.
O coração bate mais rápido, a respiração acompanha a aceleração do coração, os músculos se contraem. Esse quadro que caracteriza o estado de alerta foi fundamental na evolução e preservação de nossa espécie. Todos os preparativos que nosso sistema inconscientemente faz frente ao perigo visam nos preparar para o confronto ou fuga.
Os medos reais e os medos que imaginamos.
Afora os perigos reais que se caracterizam por uma ameaça verdadeira à integridade física, ao longo de nossa evolução também desenvolvemos o medo, por assim dizer, dos perigos imaginados ou ilusórios, que não estão no aqui e agora, mas que avançam sorrateiros nos escuros becos de nossas mentes.
Mas o fato é que ninguém gosta de sentir medo, inclusive muitas pessoas têm medo de sentir medo.
Uma das formas que também desenvolvemos ao longo de nossa jornada evolutiva para tirar o medo e suas sensações da nossa frente, foi a inconscientização dos nossos medos, disfarçando-os através dos vícios, pois esses abafam as emoções e assim deixamos de senti-las.
Os vícios são uma fuga do sentimento de medo.
Além dos conhecidos vícios através de toda sorte de drogas e substâncias, percebemos a existência de certos padrões de comportamento que são usados para desviar a atenção do momento presente.
Conhecemos as inúmeras pesquisas que apontam para a pré-disposição genética para a bebida alcoólica, mas também sabemos que, apesar da pré-disposição, a opção por aderir ao alcoolismo pertence ao indivíduo. A par das questões hereditárias, também é constatado que crianças são ensinadas pelos adultos a enfrentar o medo usando as bebidas.
Temos os mais diversos e variados tipos de vício, como pessoas que têm compulsão para o consumo, outras que fazem dívidas incontrolavelmente, temos aqueles que adoram colecionar doenças e passam todos os dias nas farmácias em busca de novidades.
O vício emocional também pode ser transformado.
No campo emocional podemos destacar os viciados em rejeição, que não importa como ou onde sempre encontrarão alguém que as rejeitarão. Certamente a fonte da rejeição está no interior do rejeitado, e a rejeição por um outro apenas responderá à atração daquele que não se aceita e cultiva a rejeição. Temos também aqueles que estão sempre buscando imperfeições nos outros, costumeiramente buscando o culpado de plantão para nele jogar a culpa.
Como vemos o mecanismo do vício é eficiente para tirar o medo da nossa frente.
Então, até não encontrar um meio mais eficiente, porque não buscar se viciar em amor próprio?
Busque em todos os momentos afirmar para si mesmo palavras de incentivo e encorajamento, inundar a mente com pensamentos positivos, com a percepção de que é capaz e pode fazer por si o que antes esperava dos outros."
José Batista de Carvalho