- "Ando me sentindo muito mal".
- "Por que, ímã?"
-"Não sei bem, na verdade, estou sempre me sentindo meio mal, raro é o dia em que me sinto bem".
- "Por que, ímã?"
- "Por que, ímã?"
- "Por que você só fica me perguntando "Por quê?", "Por quê?", se eu soubesse não me sentia sempre assim, tem alguma ideia do que pode ser?"
- "Tenho, mas você não vai escutar ou, se escutar, não vai concordar e se concordar, não vai praticar".
- "Mas que negativismo, uma pessoa como você, um farol, sempre bem, sempre brilhando, irradiando essa luz, essa aura maravilhosa, nunca pensei que fosse pessimista, negativo".
- "Não sou pessimista nem negativista, sou realista. Eu sei por que você está sempre se sentindo mal, pesado e posso lhe dizer", falou o farol.
- "Sem ironia, ímã. Escute: você sabe a diferença entre um ímã e um farol?"
- "Vou fingir que não escutei. A diferença é simples: o ímã capta as negatividades, as densidades baixas das demais pessoas e do ambiente, e fica para si, enquanto o farol capta a Luz do Alto e irradia. O ímã assimila as tristezas e as raivas dos outros, o farol endereça a Luz para eles. O ímã sofre pelas dores dos outros, o farol endereça a Luz para eles. Por isso, o ímã está sempre mal e o farol está sempre bem.
- "Quer dizer que ambos sofrem pelos outros, mas o ímã capta e pega pra si e o farol não?"
- "O ímã sofre pelos outros e assimila esse sofrimento como seu. O farol não sofre, ele apenas observa e entende".
- "Ambos fazem o seu trabalho, apenas o ímã nasceu com a vocação de sofrer pelos outros, e pelo mundo, enquanto que o farol nasceu com a vocação de clarear a consciência das pessoas, de clarear o mundo. Digamos que você veio para sofrer pelas pessoas e eu vim para iluminá-las".
- "Mas de que adianta iluminá-las? Elas têm tristezas, têm dores, têm doenças, vai ficar só iluminando? Tem que ir lá, curar suas feridas, tratar suas doenças, consolá-las, dar uma palavra amiga, pegar na mão, dar apoio. É muito fácil ficar aí em cima, nesse lugar alto, só olhando, captando Luz, irradiando, eu aqui em baixo me ralando, pegando as coisas delas, sofrendo pelas injustiças, sentindo as dores do mundo, na outra vida quero vir farol."
- "Eu já fui ímã, no passado. Um dia aprendi que captar as dores e as tristezas das pessoas, sofrer pelo mundo, é um misto de bom coração e identificação. E comecei a querer manter apenas o bom coração e me libertar da identificação", explicou o farol.
- "Como assim?"
- "A pessoa ímã tem bom coração, quer fazer o bem, e faz, quer ajudar, e ajuda bastante, é uma pessoa indispensável, ela ameniza o sofrimento dos outros, ela consola, mas ela sofre junto, ela capta, agrega a si, e não sabe despachar, eliminar, libertar-se disso".
- "E por isso sente esse peso, esse desconforto, essa sensação de tristeza, de dor?"
- "Sim, pois além de suas próprias mazelas, agrega as dos outros, além de seus próprios sofrimentos, assimila os dos demais, além de suas próprias tragédias, entra nas dos outros. Entende?" indagou o farol.
- "Perfeitamente. Mas como faço para mudar? Você disse que antes era uma pessoa ímã e agora é uma pessoa farol, como se faz isso?"
- "A primeira coisa a fazer é entender isso, e você está entendendo, depois tem que aprender a sintonizar com o Alto, mais ou menos permanentemente, e isso não é fácil, necessita uma postura de vida que selecione onde vai colocar a sua atenção, em que vai pensar, como vai sentir as coisas, os lugares que vai frequentar, o que vai ver na televisão, o que vai acessar na Internet, os assuntos que vai entabular com os demais, enfim, estar com os pés na Terra e a cabeça nas alturas. Será que você consegue fazer isso ou viciou-se em sofrer?"
- "Viciou-se em sofrer? Você está insinuando que eu gosto de sofrer? Que eu sofro porque quero?" desafiou o ímã.
- "Não, não estou dizendo isso, estou falando sobre o hábito de sofrer que as pessoas-ímã têm, é como um costume, uma atitude perante a vida, não é fácil promover essa mudança, pois muitas forças interiores, muitos ganhos secundários, muitas compensações psíquicas procurarão dar um jeito de boicotar o desejo de mudança, inclusive irritando-se, me criticando, e até sentindo uma inveja que faça com que acione os mecanismos de defesa, o da negação, o da contestação, como já está acontecendo agora". Explicou o farol.
- "Inveja? Pra falar a verdade, eu lhe acho meio metido mesmo, sempre brilhando, chega nos lugares, parece que ilumina o ambiente, todos querem se aproximar, parece que querem absorver a luz que brota naturalmente de você, enquanto eu procuro me esconder, me enfiar num canto, pra não pegar as coisas dos outros, a energia deles, tudo me faz mal, me dá dor de cabeça, dor no corpo, fico enjoado, acho que você tem razão, preciso deixar de ser imã e ir virando farol. Aceita discípulo, amado Mestre?"
- "Não sou Mestre e não aceito discípulos, eu sou um discípulo. Meu Pai é Deus, minha Mãe é a Nossa Senhora, meu Guia é Jesus, sou um instrumento da Consciência Universal, sou um canal por onde jorra a Luz Divina, sou um mensageiro da Esperança, sou um atalho para a Vida."
- "Comece a evitar sofrer pelos demais, a perceber sem agregar, a escutar sem assimilar, a sentir sem captar, e quando não conseguir, tem de aprender a despachar, a eliminar, a enviar para o Alto, para que saia de você e retorne ao Todo".
- "Sempre que quiser, ímã, eu estou sempre aqui, lembra?"
- "Certamente, e fico feliz percebendo que está entendendo que é melhor jorrar Luz do que captar a escuridão, que é mais saudável irradiar a Cura do que captar a doença, que é mais curador transbordar a Claridade sobre o sofrimento do que servir de esgoto para ele. Boa sorte, ímã, apareça".
- "Estou sintonizado com Ele."
-" Mais do que acreditar em Deus, procure permanecer sintonizado com Ele".
Olá Mari,
ResponderExcluirSofrer com os problemas dos outros não vai resolve-los.Quem é imã pode passar a ser farol basta perseverar e não deixar que o pessimismo e a tristeza se instalem.
bjos
Oi Drica
ResponderExcluiré verdade amiga, tudo é uma questão de compreensão, esclarecimento e aprendizagem. Tem muita gente-imã que acha que somente o sofrimento impulsiona a evolução, temos muito que aprender...
beijos