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13 de julho de 2010

O TEMPO DA TRAVESSIA -

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

Oferecemos para reflexão uma verdadeira pérola do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935). Trata-se deum convite para irmos além das limitações, já que parece pertencer à natureza humana a necessidade de criar “espaços de conforto”, delimitados por obstáculos que impedem o seguir adiante.

Os espaços de conforto, nada possuem de confortável, ao contrário, são apenas “lugares” conhecidos que trazem a ilusão de estarmos seguros.

Criamos estes espaços por estarmos esquecidos de que somos seres infinitos em capacidades e possibilidades e, com isso, desenvolvemos o triste hábito de nos considerarmos vítimas das situações que a vida nos apresenta. Culpamos o entorno por nossos infortúnios, dificultando nossa caminhada em direção a horizontes mais amplos e distantes, vivendo presos a lamúrias pouco edificantes.

Mas chega um momento em que somos convidados, de alguma forma, a sairmos do espaço confortável que criamos para buscar outras possibilidades de expressão. Nesses momentos geralmente somos acometidos pelo medo, já que o desconhecido sempre nos assombra.

E os convites à mudança podem vir de variadas maneiras, infelizmente, nem sempre originados por eventos felizes.

Perdas, doenças, rompimentos podem nos convidar a sair de posturas velhas e apegadas para irmos além de nós mesmos. São também convites à travessia. Em contrário, viveríamos eternamente em processos estagnados e talvez deteriorados.

A verdade é que quando estes convites nos chegam seria bom que nos soltássemos ao aprendizado que eles nos trazem e tivéssemos a ousadia de passar com confiança para o estágio seguinte, seja ele qual for.
É um novo emprego, pós-demissão? É a experiência de ficar só depois de tanto tempo em companhia de alguém? É a reestruturação da vida depois de alguém ter nos deixado para sempre? Não importa. Somos perfeitamente capazes de fazer essa travessia e nos surpreendermos com os resultados.

O apego nos aprisiona em crenças e valores do passado nos levando a autopiedade a cada vez que o convite chega para sairmos de nossas zonas de conforto. Ao nos desapegarmos e nos soltarmos ao aprendizado revelamos nosso potencial de renovação, o qual carregamos em nosso interior.

Ser fiel às nossas convicções mais elevadas nos ajuda a não desistirmos facilmente para tentar re-criar o que nada mais nos acrescenta. Ao contrário, nos torna cônscios de nossa verdadeira natureza indestrutível.
Se o convite à travessia chegar para você, anime-se e ouse fazê-la. Se o medo vier, transcenda-o. Se precisar, peça ajuda, mas, não esmoreça ficando à margem de si mesmo. Isso seria pequeno para o grande ser que você é.
Boa travessia a todos!

Ines S. Mártims

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