"De algum tempo, um tipo está se tornando comum nas famílias: aquele jovem de cabelos caídos sobre os olhos, calças largas com o fundo na altura dos joelhos, camisa folgada e o olhar voltado para o chão.
Num estranho paradoxo, ao tempo em que não quer ser notado, chama atenção pela forma de se vestir e se comportar.
Afinal de contas, como entendê-lo? Como se aproximar desse jovem que tenta se isolar do mundo embora se movimente em meio aos demais familiares?
Ele quase não fala. Emite monossílabos, afirmando ou negando, quando questionado sobre algum assunto que lhe diz respeito.
Embora difíceis de entender e de amar, são jovens que, de alguma forma, estão pedindo socorro, desejam que alguém os ajude a sair da concha na qual se colocaram na tentativa de fugir da realidade.
Apesar da situação difícil, os pais conscientes não deixam de semear no solo da inteligência deles e esperam que um dia suas sementes germinem.
Durante a espera pode haver desolação, mas, se as sementes são boas, um dia germinarão, mesmo que os filhos tomem o caminho das drogas, desrespeitem a vida e não parem em emprego algum.
Talvez alguns pais estejam vivendo uma situação dessas. Seus filhos estão vivendo profundas crises. Eles recusam um tratamento e são indiferentes às lágrimas das pessoas que os amam.
O que fazer, então? Desistir deles? Certamente não, mas comportar-se como o pai do filho pródigo.
O filho desistiu do pai, mas o pai nunca desistiu do filho.
O filho partiu, mas o pai aguardou. O pai esperava diariamente que ele aprendesse, na escola da vida, as lições que não aprendeu com seus conselhos amorosos.
Por fim, a grande vitória. A dor rompeu a casca das sementes que o pai plantou e lapidou silenciosamente a personalidade do filho.
Ele voltou. Adquiriu profundas cicatrizes na alma, mas estava mais maduro e experiente. O pai não condenou o filho injusto, mas fez-lhe uma grande festa.
Ninguém compreendeu. Mas não é necessário, pois o amor é incompreensível.
Seguindo o exemplo do pai do filho pródigo, citado na parábola, jamais deveremos abandonar a batalha da educação.
Podemos chorar, mas jamais desanimar.
Podemos nos ferir, mas jamais deixar de lutar.
Devemos ver o que ninguém vê. Enxergar um tesouro soterrado nas rústicas pedras do coração dos nossos filhos indiferentes.
* *
Nunca desista de seu filho!
Quanto mais rebelde, mais necessita do seu aconchego.
É sempre bom lembrar que, sob essa aura de rebeldia do jovem ou do adolescente, tem uma criança frágil pedindo socorro.
Se os pais desistirem dele, quem lhe dará atenção e carinho?
Quem irá recebê-lo quando, um dia, açoitado pelas tempestades da vida ele retornar, sofrido, com profundas cicatrizes na alma, mas ainda menino?
Sim, aquele menino que um dia você segurou nos braços com tanta ternura...
Pense nisso, e nunca desista de seu filho!"
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, pt. 1, do livro Pais brilhantes - professores fascinantes, de Augusto Cury, ed. Sextante.
Fonte:http://www.momento.com.br