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15 de abril de 2012

Sobre a mudança interior - II por Krishnamurti

"O que designamos por mudança? Será que a mudança é a mera transferência do que acumulei para outros campos do conhecimento, para novos pressupostos e ideologias, projetados a partir do passado? É isso que costumamos chamar de mudança, não é mesmo?

 Quando digo que preciso mudar, penso em mudar para alguma coisa que já conheço. Quando digo que preciso ser bom, já tenho uma idéia, uma formulação, um conceito do que é ser bom.
 Mas isso não é o florescer da bondade.
 O florescer da bondade só surge quando compreendo o processo e o acúmulo do conhecimento e quando desfaço o que sei. Então há possibilidade de uma revolução, de uma mudança radical.


Mas o simples passar do conhecido para o conhecido não é mudança nenhuma.

Espero estar sendo claro, porque vocês e eu precisamos mudar radicalmente, de uma maneira espantosa, revolucionária.
 É um fato óbvio que não podemos continuar como estamos. As coisas alarmantes que estão acontecendo no mundo exigem que todos esses problemas sejam abordados a partir de uma perspectiva totalmente diferente, com uma mente e um coração totalmente novos.

 Eis por que tenho de compreender como fazer em mim essa mudança radical. E vejo que só posso mudar desfazendo tudo o que já conheço.
 O desembaraçar a mente do conhecimento constitui em si uma mudança radical, porque assim a mente fica humilde, e essa mesma humildade faz surgir uma ação totalmente nova. 

Enquanto a mente estiver adquirindo, comparando, pensando em termos do “mais”, ela será incapaz de uma ação nova. E será que eu, invejoso, ambicioso, posso mudar completamente, de modo que a mente pare de adquirir, de comparar, de competir? Em outras palavras, será que a mente pode esvaziar-se a si mesma e, nesse mesmo processo de auto-esvaziamento, descobrir a ação nova?

Ou seja, será possível efetuar uma mudança fundamental que não seja o resultado de um ato de vontade, que não seja o mero resultado da influência, da pressão? 
A mudança fundada na influência, na ação, no ato de vontade, não é mudança nenhuma. Isso é evidente se vocês penetrarem na questão.
 E se sinto necessidade de uma mudança completa, radical, em mim mesmo, tenho de examinar o processo do conhecimento, que forma o centro a partir do qual acontece toda experiência.

 Há em cada um de nós um centro que é o resultado da experiência, do conhecimento, da memória; e nós agimos e “mudamos” de acordo com esse centro. O próprio ato de desfazer esse centro, a própria dissolução desse “eu”, desse processo de acúmulo, gera uma mudança radical. Isso, todavia, exige o esforço do autoconhecimento.

Tenho de conhecer a mim mesmo tal como sou, e não como acho que devo ser. Tenho de me conhecer como o centro a partir do qual estou agindo, a partir do qual estou pensando, o centro formado pelo conhecimento acumulado, por pressupostos, pela experiência passada, que são coisas que impedem uma revolução interior, uma radical transformação de mim mesmo. 

E como temos um tão grande número de complexidades no mundo atual, com tantas mudanças superficiais acontecendo, é necessário que haja essa mudança radical no individuo, porque só o indivíduo, e não o coletivo, pode criar um novo mundo.

Em vista de tudo isso, será possível que você e eu, como dois indivíduos, nos modifiquemos, não de modo superficial, mas radicalmente, de forma que haja a dissolução do centro de que emana toda vaidade, todo o sentido de autoridade, esse centro que acumula ativamente, centro feito de conhecimento, de experiência, de memória?

Trata-se de uma pergunta a que não se pode dar uma resposta verbal. Faço-a somente para despertar o pensamento de vocês, sua capacidade inquisitiva, a fim de que vocês iniciem a caminhada sozinhos Porque vocês não podem fazer essa caminhada com a ajuda de outra pessoa; vocês não podem ter um guru que lhes diga o que fazer, o que procurar."

Krishnamurti
Do livro: Sobre Aprendizagem e o Conhecimento – Ed. Cultrix

7 de setembro de 2011

O Conhecimento Liberta! por Maria Cristina Tanajura


"Acredito que a melhor forma de agir para o bem da humanidade é trabalhar na iluminação da consciência. Na nossa e na das outras pessoas. Pois quem quer acertar e crescer, só erra por ignorância, por não saber como fazer melhor.

Cristo nos disse: Conhecereis a Verdade e Ela vos libertará! O que confirma que a luz do conhecimento nos livra do sofrimento e da prisão do erro e da escuridão.
Há quem não queira aprender e, para estes, muito pouco se pode fazer, por enquanto. Se não temos o desejo de esclarecimento, nada nos demoverá do erro, nem mesmo o exemplo da paz dos outros, pois enxergamos a realidade da forma que podemos...

Mas, trabalhar na consciência de quem deseja ser feliz é muito efetivo e é como semear sementes sadias num terreno fértil. A adubagem do solo de nossas almas não é feita num momento rápido de uma encarnação, mas durante inúmeras delas. Quando chegamos neste plano, ávidos de aprendizado, podemos ter a certeza de que já tivemos contato com muitas verdades em outras vivências. 

Mesmo dentro de um mesmo grupo familiar percebemos, entre todos, aqueles que já estão mais ricos em conhecimentos da alma, mesmo sendo aparentemente apenas crianças no corpo... Há os que têm boa vontade e necessidade de aprender um caminho mais seguro e harmonioso e também os rebeldes, que usualmente se acham poderosos, são orgulhosos e acreditam não precisar de nada e de ninguém para ser feliz.

Percebendo as limitações de cada um, podemos respeitar cada ser, dentro de seu estado atual de evolução. É difícil ter paciência com os que se negam a conhecer a Verdade. Muito pouco se pode fazer por eles além de vivermos sendo um exemplo sadio. Um dia, uma pequena luz brilhará em cada um, apontando para um caminho mais amoroso, mais pacífico e sereno. Ai eles buscarão e acharão.

Para o ignorante, o ensino é como alimento. Indispensável. Mas cada um tem seu momento de esclarecer-se e isto não pode ser forçado. Seria o mesmo que semear nas pedras... De lá, nada ou muito pouco brota.

Estamos atravessando um momento planetário em que muitas sementes da Verdade estão sendo espalhadas por toda a Terra. Para os que se prepararam a colheita será farta e rica. E uma nova paisagem surgirá, cheia de beleza, harmonia e Paz! 

Para os que se atrasaram na abertura da própria consciência, uma nova oportunidade de recomeço se apresentará, certamente em outras paragens, quem sabe em outro planeta. Dizem os sábios amigos da espiritualidade que esta passagem de uma era para outra acontece de tempos em tempos no Universo e é inevitável.

Assim, que possamos esclarecer todo aquele que estiver querendo saber um pouco mais da Verdade e que tenhamos misericórdia e paciência com os que nem chegaram ainda neste estágio e vivem imersos completamente na matéria, iludidos, pensando que ela é tudo o que existe e que nada mais há além. 

Temos responsabilidade com os que convivem conosco trilhando o mesmo caminho, seja na família, no trabalho, nos diversos grupos de que "não por acaso", fazemos parte. Estando atentos ao momento presente, saberemos quando e a quem podemos ajudar, a cada passo.

 Acredito que é muito importante o trabalho de cada um de nós que já se sabe espírito eterno, vivendo uma existência breve na matéria. Por menos que saibamos, o que já conseguimos aprender pode servir, e muito, para o irmão que ainda está sem rumo. E o tempo urge! 

Não sabemos quando as mudanças na crosta planetária irão ocorrer, até quando estaremos por aqui. A vida é, antes de tudo, um caminhar consciente rumo a um objetivo que é chegar até a Luz, o Amor, Deus.

 Para isto, não precisamos nos internar nos mosteiros e conventos, mas precisamos estar despertos, aproveitando cada instante mágico para dar um testemunho do que somos - seres luminosos únicos, vivendo no cumprimento de uma missão que é específica para cada um de nós. Não importa o tamanho dela. Importa que a cumpramos. E só cada um de nós a conhece." 


Autora: Maria Cristina Tanajura
Fonte:http://www.stum.com.br/


6 de setembro de 2010

Iluminação é Perda! texto de Gilberto Antônio Silva

"Muitas pessoas buscam a iluminação, a suprema experiência da existência humana, mas geralmente a procuram no lugar errado, acumulando conhecimentos e informações.

“Iluminar-se” significa sair das trevas da ignorância em direção à Verdade Universal, vendo o mundo como ele realmente é e não como parece através do véu de preconceitos, limitações e enganos a que estamos sujeitos como seres humanos.

O que percebemos cotidianamente é um conjunto de informações limitadas, que não condizem com a realidade autêntica do Universo. Estas limitações são inerentes à nossa natureza e o ser humano, cedo ou tarde, começa a buscar um “algo mais”. No início de nossa evolução somos quase animais, nos preocupando apenas com o básico de nossos instintos primitivos como comer, dormir e procriar. Muitos seres humanos ainda existem neste patamar evolutivo, pois todas as escalas evolutivas coexistem ao mesmo tempo em nosso planeta. Aos poucos começa-se a se interessar por coisas mais elevadas, mais sofisticadas, e a evolução começa a se processar em direção à libertação de nossas limitações, conhecida popularmente como “iluminação”. Segundo a tradição hindu este processo demora um milhão de anos em sucessivas encarnações. Entretanto, grandes Mestres Espirituais como Lao-Tsé, Buda e Jesus surgem periodicamente para fornecer conhecimentos e dar dicas para que as pessoas possam acelerar seu desenvolvimento.

Mas estes conhecimentos e todos os demais não são o fator mais importante na busca pela Iluminação. O despertar espiritual vem da perda, e não do acréscimo. O conhecimento é útil para direcionar nossos esforços mas ele, sozinho, não nos leva à suprema libertação.

Uma pessoa iluminada, que enxerga o Universo como ele existe realmente, transcende a noção comum do conhecimento. O raciocínio lógico e linear não nos leva até onde desejamos, embora seja importante em algumas etapas do caminho. Para atingirmos nossa meta devemos transcender o mero intelecto, deixar de “saber” para “ser”, e assim mergulhar definitivamente no Infinito.

O conhecimento é um barco que se usa para atravessar o rio e se descarta ao chegar ao outro lado. Muitas pessoas se acostumam com o barco e se negam a sair, achando que o Universo se limita a ele. É onde grande parte dos buscadores tropeça e patina. Outras pessoas desembarcam, mas teimam em carregar o barco nas costas!

O processo final de Iluminação é uma simplificação, uma redução gradual de nosso ser, no qual retiramos tudo o que não faz parte de nossa essência, como os medos, as inseguranças, as ilusões, os preconceitos, os desejos. Depois de tudo removido o espírito brilhará com toda a sua luz pois somos todos naturalmente iluminados. Nossas “cascas” não nos permitem perceber isto e retirar estas “cascas” é o que se chama “trilhar o Caminho”. Simplificar cada vez mais é rumar para nosso destino. Devemos perder o que pensamos que somos para poder encontrar o que realmente somos.

Perder tudo para ganhar tudo, esta é a lei."

AUTOR:Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Acupuntor, Terapeuta e Escritor, estudando cultura e filosofia oriental desde 1977. Como Taoísta, se preocupa em divulgar a filosofia e as artes taoístas, como I Ching, Feng Shui e Chi Kung, para melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Fonte:http://www.taoismo.org/

14 de agosto de 2010

O Silêncio dos Indios(tradução) - de Kent Nerburn

"Nós os índios, conhecemos o silêncio.  Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles
nos transmitiram esse conhecimento. 

"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos,
e então aprenderás.
 Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.

Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões
nas quais todos interrompem a todos,
e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam  preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir. 
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.

 Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou interromper-te.
 Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste,
mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
 Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer. 

Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríam pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando,
e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.

Muitas vozes.

 Só vamos escutá-las em silêncio."

"Neither Wolf nor Dog.
On Forgotten Roads with an Indian Elder" – Kent Nerburn
Texto traduzido por Leela, Porto Alegre

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