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20 de março de 2017

Como despertar a espiritualidade nos outros? por Gustavo Tanaka


"Imagine o seguinte cenário.

Você e uns 10 amigos foram viajar juntos. Alugaram uma casa.

Chegaram, passaram o dia juntos e foram dormir. Cada um no seu quarto.

No dia seguinte, algumas pessoas acordaram bem cedo. Outras ainda estão dormindo.

Você acha que essas pessoas que acordaram mais cedo são mais evoluídas que os que ainda estão dormindo?

Elas apenas acordaram mais cedo. Talvez tenham acordado mais cedo porque têm o hábito de acordar cedo. Ou porque estavam descansadas. Ou porque dormiram muito mal. Ou porque o quarto em que estavam tinha muita claridade.

Elas não são melhores que ninguém.

Agora o que aconteceria se elas tentassem acordar os demais?

Eles iriam se irritar, iriam se incomodar, iriam brigar, não iriam descansar o tempo que precisavam.

E eles não são menos evoluídos. Você não sabe o que se passou com eles. Talvez tenham tido uma semana difícil. Podem estar com o sono acumulado. Podem ter ido dormir bem mais tarde que os que acordaram cedo.

O que os que acordaram mais cedo devem fazer entao?

Apenas seguir seu dia.

Começam a fazer o café da manhã, limpar a casa, preparar a programação do dia. Começar a organizar o que querem fazer.

Podem pensar nos outros e deixar o café da manhã pronto para todo mundo e já pensar nas possibilidades do dia para consultar os demais quando acordarem.

Assim, quando o outro acordar, vai se sentir cuidado. Vai sentir que está entre amigos. Vai sentir que aquela viagem é a viagem que, de fato, gostaria de fazer. Vai sentir que está no lugar certo.

A vida desses que acordaram mais tarde pode ficar um pouco mais fácil se aqueles que acordaram mais cedo prepararem o cenário...

E é assim que eu vejo o despertar da espiritualidade.

Talvez você sofra por enxergar um mundo que as pessoas ao seu redor não enxerguem.

Talvez você queira muito que as pessoas próximas de você vivam a mesma coisa que você vive.

Talvez você queira que elas se abram pra algo maior.

Mas elas ainda estão dormindo.

E se você tentar acordá-las, vocês vão brigar.

Deixe essas pessoas onde elas estão.

Continue seu trabalho sem querer trazer ninguém junto. Faça a sua parte e cuide da casa. Cuide do seu entorno e do que lhe é possível fazer.

E lembre-se de que você não é mais evoluído que ninguém. Estamos todos no mesmo jogo. Apenas acordamos mais cedo...

E daqui a pouco, todo mundo vai acordar. Sem exceção.

Quando o sol começa a bater forte, a luz entra nos quartos e não tem como continuar dormindo.

E é isso que está acontecendo agora.

A luz vem vindo com força. Logo logo todo mundo acorda. E quando eles acordarem, a gente já vai ter feito um monte de coisa pra facilitar a vida deles e nos divertirmos juntos nessa viagem..."

Gustavo Tanaka

4 de agosto de 2016

Dez mandamentos para o trabalho espiritual...


"Não se desconectar da matéria. O excesso de espiritualismo pode criar uma descompensação com graves prejuízos para a vida pessoal e material de uma pessoa. A matéria é tão importante quanto o espírito; ambos são matizes, graus da mesma manifestação. Nenhum dos dois pode prevalecer sobre o outro.
ANTÍDOTO: EQUILÍBRIO.

Não despertar os poderes antes da consciência. Os poderes estão a serviço da consciência. Não é preciso buscá-los; quando chega o momento, eles surgem naturalmente. Buscar o poder antes do saber é inverter a ordem natural do processo. Para que sirvam a consciência, os poderes devem ser doados a partir de algo além de nossa vontade.
ANTÍDOTO: EQÜANIMIDADE.

Não fixar-se em pessoas em vez de em suas informações. Você não monta uma casa em um túnel. Ele é só um meio para se chegar até ela. Quem depende de um mestre volta à infância psicólogica. Em um processo de iniciação ou terapêutico isso pode ser necessário, mas somente como uma fase a superar, e não como um estado onde parar.
ANTÍDOTOS: DISCERNIMENTO E MODERAÇÃO.

Não sentir excesso de autoconfiança. Quem se crê autosuficiente é uma presa fácil para os agentes do engano e não raro se vê envolvido por eles. Quem crê demais na própria capacidade está fadado a equivocar-se.
ANTÍDOTO: DESCONFIAR DE SI MESMO.

Não sentir-se superior. Nunca julgue que a própria linha de trabalho é superior às demais. Essa superioridade é a antítese do esoterismo, que afirma justamente a onipresença da consciência em todos os seres e caminhos. Essa postura desconecta uma pessoa das autênticas correntes da consciência amplificada, e é o ponto de partida para a via negra.
ANTÍDOTO: EQÜIDADE.

Não deixar-se levar por impulsos messiânicos. A vontade de salvar os demais é uma armadilha fatal. Sua tela de fundo é a vaidade e a insegurança. Essa fobia paranóica rompe com os canais de conexão com o mestre interior, bloqueia o processo de autoconhecimento e lança a espiritualidade numa espiral involuta, além de inibir o direito ao “livre-a
ANTÍDOTO: CONFIANÇA NA EXISTÊNCIA.

Não tomar medidas inconseqüentes. O entusiasmo pode levar uma pessoa a romper com seu círculo profissional e familiar sem necessidade. Com o “fluir” ou o “fechar os olhos e saltar” — axiomas que só deveriam ser usados em situações muito especiais —, os idiotas mais entusiasmados do mundo esotérico incentivam os recém-chegados a se arrebentarem logo na largada.
ANTÍDOTO: RESPONSABILIDADE SERENA.

Não agir com demasiada rigidez. Encantada com as novas informações que lhe ampliam a consciência, uma pessoa pode-se tornar intolerante. Ela tem a tentação de impor sua forma de pensar e seus modelos de conduta aos demais. Limitando sua capacidade de ver a partir de outras perspectivas, ela perde o acréscimo de consciência que havia conquistado.
ANTÍDOTO: TOLERÂNCIA E RELAXAMENTO.

Não se dispersar. Estudar ou praticar demasiadas coisas ao mesmo tempo sem aprofundar-se em nenhuma delas leva a uma falsa sensação de saber. Nessa atitude, pode-se passar uma vida inteira andando em círculos, enquanto se faz passar por um sábio.
ANTÍDOTO: CONCENTRAÇÃO.

Não abusar. Manipuladas, as informações espirituais servem de álibis ou justificativas convincentes para os piores atavismos. Usar essas informações para fins muito particulares é um crime. Ninguém profana impunemente o que pertence a todos.
ANTÍDOTO: RETIDÃO E INTEGRIDADE.

Equilíbrio, eqüanimidade, discernimento e moderação, eqüidade, tolerância e relaxamento, confiança na existência, responsabilidade serena, desconfiança de si mesmo, concentração, retidão e integridade são a grande proteção daquele que se aventura pelo mundo espiritual e esotérico.

Por outro lado, quem se assegura dessas qualidades pode fazer o que quiser nesse campo que estará sempre num bom caminho."d.a



Fonte:
https://omundodegaya.wordpress.com/2016/08/03/dez-mandamentos-para-o-trabalho-espiritual/

21 de dezembro de 2014

Quando o reboco [da vida] começa a cair... Por Gustl Rosenkranz

 
"Você passa toda sua vida acreditando em determinadas coisas, seguindo um determinado modelo, convicto de ser o caminho certo, conceitos e preconceitos vão se formando, você escolhe (ou alguém escolhe por você) uma religião, uma crença ou mesmo a falta dela, você absorve ideologias, torce por um time, define linhas, limites e regras, classificando tudo em sua volta em certo ou errado, bom ou ruim, sensato ou insensato, aceitável ou inaceitável e você traça seu próprio mundo, você desenha sua própria vida. E você está seguro de ter pessoas que dividem tudo isso com você, parentes, colegas, vizinhos, amigos reais e virtuais e muito mais gente por aí que faz parte de seu “time”, de sua vida, de seu mundo, gente desse ou daquele tipo, a depender do que você defende ou repudia.

Você vai colecionando e acumulando tudo isso durante sua vida inteira, interiorizando essas coisas, encarnando-as, acreditando ser isso tudo realmente seu, que tudo isso é realmente você. E você ainda “embala” tudo isso bonitinho, colocando rótulos e etiquetas, escrevendo na testa o que você representa e aquilo no que você acredita, apresentando-se ao mundo como uma pessoa “cheia de coisas” e com uma fachada perfeita.
 E você vive assim por muitos anos ou mesmo décadas, convicto, seguro, pois você foi definido ou mesmo se definiu, você sabe o que vale ou não a pena, quais pessoas são boas ou ruins, quem merece sua atenção e quem não….

Sua vida vai correndo, o tempo vai passando e certas convicções vão se cristalizando ainda mais, até que você um dia sabe: é nisso que realmente acredito!

Agora você imagine um casarão antigo, um sobrado, a casa mais bonita da rua. E imagine que essa casa seja você, ali, sólida, robusta, aquela casa que foi construída em muitos anos, com sua fachada maravilhosa, aquela fachada bem conservada por você ao longo de todo esse tempo. E você, orgulhoso da linda casa que é, gosta quando as pessoas param na frente para admirar aquela construção, aquela obra incomparável. Mas, um belo dia, você toma um susto, pois um caminhão pesado passa na rua, estremecendo tudo, fazendo a casa (você!) vibrar. E, de repente, sem que você jamais esperasse por isso, cai um pedaço grande do reboco, do seu reboco, destruindo parcialmente a fachada. Você reage, busca areia e cimento e conserta logo o defeito, pois você quer manter a fachada bonita para continuar a ser admirado pelos passantes. 
Mas não demora muito e o reboco cai em outro canto. Você conserta de novo, mas vão caindo outros pedaços e você se desespera, pois não consegue dar conta de tanto reboco caindo…

Um dia você para e procura entender o que está acontecendo. E você percebe então a causa do problema: a casa é antiga, a estrutura sofreu com o passar dos anos, sem que você cuidasse disso, mantendo somente a fachada bem tratada, arrumando o que se vê de fora, mas sem nunca questionar se o alicerce ainda segura toda aquela obra monumental.
 Sim, você foi construindo, colocando coisas, sem nunca verificar se a casa, depois de tanto tempo, ainda dá conta do peso acumulado. E a estrutura abalada não segura mais a casa e muito menos a fachada, fazendo com que o reboco caia e toda a construção balance.

Não é assim também na vida?

O mesmo termina acontecendo com qualquer ser humano que passe a vida cuidando da fachada, de rótulos e etiquetas, sem cuidar realmente da estrutura, sem verificar se todo o alicerce de crenças, ideologias e convicções ainda sustentam o todo, sem adequar o peso à base que o segura, sem cuidar do que realmente é essencial. 

Podemos nos iludir, acreditando que tudo está bem enquanto a fachada segurar, mas também na vida passa mais cedo ou mais tarde um caminhão pesado, que faz tudo estremecer, derrubando o reboco e mostrando o que se encontra por trás dele: uma estrutura já há muito tempo fraca, abalada, insegura. Sim, esse caminhão pesado passa em nossas vidas de formas diversas:

É aquela decepção forte que vivemos com pessoas próximas, que acreditávamos que eram amigas, mas que de repente lhe mostram que nunca realmente valorizaram ou respeitaram você;

É aquele momento no qual você percebe que seu trabalho, que você já faz a anos seguidos, achando ser aquilo que você sempre quis fazer, na verdade nunca lhe satisfez, pelo contrário: lhe prendeu, lhe escravizou, roubando seu tempo, sugando sua energia, limitando seus sonhos, condicionando sua pessoa, transformando você numa espécie de robô, que age e reage com automação, com rotina, sem questionar, sem criar ou transformar nada verdadeiramente, sem auto-realização;

É aquele político, que você sempre apoiou durante suas campanhas eleitorais, por acreditar nele e em sua integridade, e que finalmente foi eleito, mas, ao invés de cumprir o que prometera, governa agora de forma antiética e corrupta, lhe decepcionando ou até lhe revoltando profundamente;

É aquela doença, que lhe tira do meio da vida, fazendo-lhe sofrer, freando suas atividades e obrigando-lhe a abrir mão de muitas coisas para você até então tão importantes.

 E é a experiência de sofrimento e muitas vezes de solidão e decepção, pois percebemos nesses momentos que aquelas certas pessoas, que acreditávamos que faziam parte de nosso mundo, nossos “grandes” amigos, até mesmo parentes, se afastam, fogem de nós por estarmos fracos, enfermos, por termos perdido a fachada bonita;

É aquela pessoa que de repente cruza seu caminho, chamando sua atenção, mexendo com suas emoções de uma forma profunda e extrema, sacudindo seus sentimentos, fazendo com que você questione seu relacionamento de muitos anos, balançando seu casamento ou namoro, fazendo com que você reflita sobre sua felicidade amorosa;

É aquela opinião aprendida ainda cedo, que você tanto defendeu como certa, mas que de repente parece perder a validade, pois alguma coisa lhe mostra que ela estava errada (pelos menos parcialmente) por todo esse tempo;

É aquela pessoa que você conheceu por acaso, sem nunca ter querido conhecer, já que ela faz parte de algum grupo social ou realidade que você sempre rejeitou e talvez até discriminou, mas que então lhe mostra que você estava enganado, que pessoas “desse tipo” não são necessariamente ruins e que seu preconceito foi injusto durante anos;

É aquela tomada repentina de consciência de que uma vida baseada em distração e consumo pode até ser mais leve e divertida, mas não traz real satisfação pessoal e muito menos felicidade;

É aquele momento no qual você parece ter acordado de um sonho e olha pra trás, acreditando que nada foi conquistado ou somente muito pouco, que também tomou decisões erradas na vida, que começou muitas coisas sem concluí-las, que o tempo passou e você deixou de realizar seus sonhos.

É aquele instante, quando sua consciência pesa subitamente, você sente remorso ou culpa, por algo que você fez ou deixou de fazer, por alguém que você deixou de perdoar ou pelo perdão que você deixou de pedir, por causa de algo que você deveria ter dito a alguém, mas que não pode mais dizer por ser tarde demais, sabendo que jamais terá uma nova oportunidade para isso.
 Um instante de tomada de consciência de que nos escondemos atrás da falta de tempo, deixando muitas coisas mal resolvidas e não cuidando do que é realmente importante.

A forma pode variar, mas é importante saber que esse “caminhão pesado” pode passar repentinamente na vida de qualquer um, na sua, na minha, na de todos, a qualquer momento. E sua casa irá estremecer, podendo cair reboco. 

Mas não se desespere se isso acontecer: veja isso como oportunidade de aprendizado, crescimento e mudança, como uma chance de parar para refletir, de questionar a carga carregada até então, suas crenças, seus conceitos, suas convicções, de rever a estrutura e de fazer uma reforma substancial daquilo que já há muito tempo não estava realmente dando mais certo.

 Na hora que passar o caminhão, aproveite essa chance de mudar e refazer sua vida, de se reestruturar e de sair de uma situação que não lhe faz feliz. Esqueça a aparência, ela vem automaticamente, é resultado do que está realmente dentro de você. Prefira cuidar da essência e você terá maiores chances de levar uma vida verdadeiramente plena e feliz.
 A vida é curta demais para ficar consertando reboco só para manter a fachada."




Gustl Rosenkranz

9 de dezembro de 2013

A Solidão tecnológica - por Thich Nhat Hahn


"A solidão é o ser doente do nosso tempo. 
Nós nos sentimos muito sozinhos, mesmo se estamos rodeados de muitas pessoas. 

Estamos sozinhos juntos. 

Há um vácuo dentro de nós e não nos sentimos confortáveis com esse tipo de vácuo, então tentamos preenchê-lo através da conexão com outras pessoas.

 Acreditamos que quando nos conectamos com outras pessoas o sentimento de solidão vai desaparecer. E a tecnologia nos provê vários mecanismos para nos conectarmos, para nos mantermos conectados, e nós nos mantemos conectados mas continuamos a nos sentir sozinhos. 

Nós checamos emails várias vezes ao dia, nós mandamos emails várias vezes ao dia, nós publicamos mensagens diversas vezes no dia, queremos compartilhar o que vemos, e estamos ocupados, ficamos ocupados o dia todo para nos conectarmos, mas isso não ajuda, não reduz a quantidade de solidão em nós. Isso é o que acontece neste momento em nossa moderna civilização. 

Nosso relacionamento não está bem. 
Não estamos em um bom relacionamento com nosso parceiro, com nosso irmão, com nossa irmã, com nossos pais, com nossa sociedade. 

Nos sentimentos muito sozinhos, e temos usado a tecnologia para tentar dissipar esse sentimento de solidão, mas não conseguimos. 

Na tradição da Plum Village, cada vez que nos sentamos e nosso assento, 
é para conectarmos com nós mesmos, porque em nossa própria vida estamos desconectados de nós mesmos. Nós andamos e não sabemos que estamos andando, estamos lá mas não sabemos que estamos lá, estamos 
vivos mas não sabemos que estamos vivos. 

Estamos nos perdendo de nós mesmos, não somos nós mesmos. E isso está acontecendo quase que o dia inteiro. Por isso o ato de sentar é um ato de revolução. Quando você senta você corta esse estado de estar se perdendo e de não ser você mesmo, e quando você senta você se conecta consigo mesmo. 

Você não precisa um iphone ou um computador pra fazer isso. Você só precisa se sentar conscientemente e respirar, conscientemente. 

E em apenas alguns segundos você se conecta consigo mesmo e você sabe o que está se passando. 

O que está se passando no seu corpo, o que está se passando nos seus sentimentos, nas suas emoções, o que está se passando com suas percepções e assim por diante. Você já está em casa. ”

Thich Nhat Tanh em A Solidão é a Doença do Ser do Nosso Tempo

31 de agosto de 2013

Reencontro....

"Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava. O medo costuma ver as distâncias com lente de aumento.
 Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la, e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. 
Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava.
 Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais.
Encolhida.

Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim.
 Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.

Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais.
 Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Tocar de bem com a vida. Rir com Deus outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo...
Vim aqui me buscar. Aqui! no meu coração!!"

Ana Jácomo

7 de dezembro de 2012

Redesenhando nossas intenções por Robert Happé



"Estamos embarcando numa época onde nos é oferecido o máximo de oportunidade para participar mais conscientemente nas mudanças que estão acontecendo no mundo todo. 
A jornada para casa, conhecida como a ascensão, é se tornar totalmente consciente de quem você é e quem você representa. 
Isto é aprendido através das experiências e situações que atraímos no nosso dia a dia, integrando e harmonizando tudo que vem no nosso caminho. 
Você saberá pela sua reação às experiências o nível da sua consciência. Permitindo assim, fazer ajustes. 
Não podemos evoluir sem transmutar, e o jogo agora é equilibrar desafios pessoais, bem como desafios sociais, educacionais e econômicos. 
Tudo esta voltando para ser transformado e amado novamente. 
Amor é aquele incrível poder que cura tudo que parece estar quebrado. 
Com o aumento das energias da Luz Cósmica, que estimula a mudança, muitos irão responder e começar a reconhecer e se reconectar com as habilidades que existem dentro de si. 
Quando aprendemos a confiar em nos mesmos, entramos em contato com energias e qualidades que irão nos ajudar, e consequentemente ajudar a humanidade na preparação em se tornar civilizada. 
É a nossa intuição que nos oferece a consciência destes processos, estimulando a compreensão, assim podemos encontrar novas formas de como nos relacionar uns com outros. Permitindo-se experimentar a natureza humana num nível superior. Desejando ajudar e auxiliar no redesenho das nossas verdadeiras intenções de vida. 
Nossa condição humana é tal, que a forma como nos expressamos é pesadamente ofuscada pelos ideais culturais e crenças do passado. 
Entretanto quanto mais pessoas se elevarem ao desafio de conectar-se com o aspecto espiritual do seu ser, elas logo evoluirão das idéias e valores do passado até o ponto onde irão experienciar a transformação e reconhecerão a todos como parte essencial do todo. 
É claro que conforme despertamos nos tornamos conscientes da imensa corrupção no mundo todo, dos nossos lideres nos bancos, nos governos, e nas igrejas religiosas, e o controle e a manipulação em todo nível de existência. Tem sido assim por milhares de anos, mas agora muitos começam a ver e o despertar começou. 
Isso tudo chama nossa atenção para ser purificado!!! 
Quando fazemos uma respiração profunda a respeito destes desafios e focamos em produzir soluções dentro dos problemas que compartilhamos, o mundo alcançara a ascensão de uma forma suave. 
Quando mais pessoas fizerem a escolha de se expressar com amor ao invés de medo, todas as diferenças se equilibrarão em harmonia."

Robert Happé 
Fonte:http://www.roberthappe.net/produto/detalhe.asp?id=285

28 de novembro de 2010

Um encontro casual - de Paulo Coelho


Quando perdemos a conexão com o nosso ser interior, desconectamo-nos do sentido da nossa existência. Achei incrivel este texto do Paulo Coelho, porque nos auxilia a perceber como o Universo cuida de nós e sempre se faz presente, com retornos e respostas, basta  nos  darmos a chance de escutar e deixar falar o coração:


"O escritor Chistopher D’Antonio caminhava deprimido pela pista de corrida do East River, na cidade de Nova York. Na realidade, sua depressão tinha atingido tal intensidade, que planejava cometer suicídio naquela mesma tarde.

Sua impressão era de que a atividade de escritor – à qual vinha se dedicando há décadas – não tinha nenhum valor real, e não fazia muita diferença. O que ele havia realmente deixado de concreto para a humanidade? Seu trabalho não havia mudado o mundo, como ele sonhava.

D’Antonio resolveu passar do pensamento à ação. Subiu na grade que separa a pista das águas do East River, e ali permaneceu, com os olhos fixos na água escura, procurando reunir coragem para seu último ato.

De repente, uma voz feminina – cheia de alegria e entusiasmo – o interrompeu.

“Com licença. O senhor não é o escritor D’Antonio?”

Ele, com indiferença acenou a cabeça.

“Espero não incomodá-lo”, disse a moça. “Talvez esteja interrompendo um momento importante de reflexão”.

“Está. O que a senhorita deseja?”

“Não vou tomar o seu tempo, pois sei que tem muita coisa importante para fazer. Mas simplesmente precisava lhe dizer como seus livros foram importantes na minha vida! Eles me ajudaram de uma forma incrível, e eu só queria agradecer”.

D’Antonio desceu da cerca, apertou a mão da moça, e, com os olhos fixos em seus olhos, respondeu: 

“tenho que voltar para casa agora; realmente ainda há muito que fazer, e não posso ficar aqui por mais tempo. Mas, na verdade, sou eu quem lhe diz obrigado”.

Seu trabalho tinha ajudado aquela mulher; era uma maneira de mudar o mundo."

Autor: Paulo Coelho
Fonte:http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/

26 de julho de 2010

Quando uma etapa chega ao fim!


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
 
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
 
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. 
 
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
 
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
 
Deixar ir embora.
Soltar.
Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
 
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. 
 
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
 
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
 
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."

Fernando Pessoa

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