31 de agosto de 2011

O Infinito Humano: Paz! por Scott Rabalais


 "A experiência da paz interior pode ser descrita como uma experiência de serenidade, tranquilidade e quietude. Pode também ser definida como uma ausência de luta, ansiedade e perturbação. Enquanto a paz é uma condição procurada por indivíduos, políticos, grupos e países, ela permanece sempre muito fugaz. Quando uma situação se resolve, parece que outra surge. Com todos os esforços dirigidos para uma resolução pacífica, porque é a paz tão difícil de alcançar?

Numa consciência mais elevada reconhece-se que a paz é o nosso estado natural de ser. De modo similar à liberdade, amor, harmonia e verdade, a paz é inerente na luz. É a própria essência do nosso ser. Conforme experimentamos a luz, experimentamos a paz, comummente referida como a “paz de espírito”. No entanto, a paz que é da luz não é da mente, mas está para além dos pensamentos que fluem na nossa consciência.

A experiência da luz pode assemelhar-se à contemplação das águas tranquilas de um lago parado. Quando as águas não são agitadas, existe na superfície um reflexo perfeito das árvores, das nuvens e do céu. Assim que as águas se agitam, a natureza já não pode ser reflectida com clareza. Da mesma forma, o processo do pensamento é o que causa a perturbação na percepção da luz. Unicamente na quietude a mais profunda paz é experimentada.

À medida que a nossa consciência se afasta da luz (a nossa essência) para a nossa mente, desenvolve-se uma lacuna na percepção. A nossa atenção move-se para a mente dualista, que funciona numa polaridade de positivo-negativo, uma perturbação da unidade da existência. É na mente que nós criamos o julgamento e o medo. 

Esta condição polarizada da mente afasta-nos da nossa verdadeira identidade como seres de luz da paz. Esta percebida separação dos nossos eus autênticos dos nossos eus “pensantes” constitui o vazio interior que proíbe uma percepção da paz.

Então, como é que tapamos este vazio interior? Temos duas escolhas.

Uma escolha é tentar encher o vazio com uma miríade de estímulos. Alguns tentam a bebida e as drogas enquanto outros se refugiam na ganância e na opulência. Nós utilizamos as relações e as actividades num esforço para preencher o vazio. Filmes, livros, espectáculos de TV e carreiras intelectuais tudo pode servir como veículos para preencher o vazio interior. Qualquer coisa e tudo pode ser um suporte para encher o vazio dentro de nós quando nos falta uma sensação de paz interior.

Obviamente, isto não quer dizer que os filmes ou livros ou os vossos colegas seres humanos são para ser ignorados ou proibidos. Podemos co-existir com cada aspecto do cosmos quando num estado de paz, em vez de o usarmos como uma tentativa para completar a incompletude interior.

Escolher o caminho de “encher” o vazio é apenas uma solução temporária. Ficamos satisfeitos momentaneamente, até que cedo essa satisfação se dissolve e nós necessitamos de outro estímulo. Devemos continuar a alimentar o vazio, até sermos confrontados com um abismo que é, muitas vezes, considerado insuportável.

 Pode ser o nosso pior pesadelo, um vislumbre do nada, um sentimento de estar perdido e confuso. Com frequência consideramos melhor ocupar a mente com um suprimento infinito de estímulos do que enfrentar o “desconhecido” dentro de nós.

Quando percebemos o jogo que estamos a jogar e a futilidade de tentarmos tapar o vazio através do uso da mente, podemos considerar a segunda opção. Esta escolha é alinhar a auto-percepção com a percepção da luz. 

Quando o fazemos, todas as noções falsas e limitadas acerca de quem somos caem. Já não precisamos de encher um vazio porque ele desaparece. Nós percebemos a nossa identidade verdadeira como luz, e alinhamo-nos com a nossa autenticidade. Estamos conscientes da nossa completude e da nossa plenitude. Nenhum vazio permanece e nós ficamos em paz.

Este reconhecimento da paz e da plenitude é nosso quando transcendemos a mente e entramos nos reinos mais elevados. Devemos trazer a mente para a quietude, o que é conseguido através da consciência.

 É a beleza da meditação – observar simplesmente os pensamentos que dançam no ecrã da nossa mente – que permite que o “lago” esteja quieto e perfeitamente reflexivo.

O simples passo na consciência, que nos leva para fora da mente e para a consciência transcendental, é o primeiro passo para a paz. Trata-se de uma paz profunda para além da descrição, que está livre de qualquer discórdia interna, conflito ou luta. Esta paz tem uma profundidade infinita e não tem limites. É tão vasta como o próprio cosmos.

Em uma consciência transcendente, a mente é relegada para o seu lugar e propósito certos. Ela está lá para servir como instrumento da luz, por assim dizer, em vez de mestre da nossa experiência. Já não andamos mais ao sabor dos altos e baixos dos nossos pensamentos e emoções. Em vez disso, gozamos a fortuna da equanimidade que é a luz. Nós somos os mestres das nossas experiências em vez das vítimas. Usamos os pensamentos para nos servirem, em vez de eles nos governarem.

A discórdia entre as nações, facções, religiões e outras entidades trata-se, simplesmente, de um reflexo colectivo do estado das consciências das pessoas. Onde existir o desconhecimento da luz interior, haverá um vazio.

Onde houver um vazio, haverá provavelmente medo, medo de si mesmo e do que existe dentro. Esse medo diz: “Eu tenho medo de saber quem e o que sou”.

Quando percebemos que não há necessidade do medo e que, no interior, nós somos plenos e completos, estamos prontos para dar o passo para a paz. Quanto mais longe nós andamos no caminho da luz, mais nos afastamos da mente e das suas percepções limitadas. 

À medida que caminhamos para a paz, o abismo fecha-se e já não somos assombrados por uma identidade falsa. Ainda melhor, nós temos uma vida profunda – uma em que caminhamos cada passo sem medo, dúvida ou preocupação – uma vida de paz sem fim.

Paz é um estado de ser, em vez de um estado da mente. É a nossa experiência quando a mente cessa, quando percebemos que somos infinitos seres de luz do cosmos. Não é necessário encontrar um ambiente calmo para experimentar a paz, tal como um local isolado na floresta ou na praia ao pôr-do-sol. 

Não importa onde estamos e o que estamos a fazer, nós tornamo-nos paz. Trata-se da própria natureza da nossa existência. Na nossa consciência dessa natureza, nós somos pacíficos."

Direitos de Autor Scott Rabalais – É concedida permissão para copiar e distribuir este artigo de forma livre na condição de que o nome do seu autor seja incluído no mesmo.
Tradução
: Ana Belo anatbelo@hotmail.com

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