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31 de dezembro de 2010

Sobre Estar Sozinho - Flávio Gikovate

"Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As
relações afetivas também estão passando por profundas transformações e
revolucionando o conceito de amor.
 
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na
qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e
não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo
seu bem-estar. 
 
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade,
que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de
século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e
precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
 
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que,
historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas
características, para se amalgamar ao projeto masculino. 
 
A teoria da
ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o
que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante.
Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
 
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor
denecessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não
preciso, o que é muito diferente.
 
Com os avanços tecnológicos, que exige
mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinha,
e aprendendo a conviver melhor consigo mesma.
 
Elas estão começando a
perceber que se sente fração, mas são inteiras.
O outro, com o qual se
estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador
de coisa nenhuma.
É apenas um companheiro de viagem.
 
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se
reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era
da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.
 
O egoísta não
tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela
financeira ou moral.
 
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. 
Visa à
aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é
possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.
 
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado
estará para uma boa relação afetiva.
 
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade
à pessoa.
As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o
ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de
dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada
cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para
avaliar ninguém.
 
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que
fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
 
Todas as pessoas deveriam ficar
sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir
sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz
de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do
outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo
quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
 
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação,
há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
 
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo"...
 
Autor:Flávio Gikovate

27 de agosto de 2010

Consciência - O Seu Despertar? texto de Pierre Weil


"Fala-se muito neste fim de século nos meios já inspirados por um novo paradigma cujas vistas estão voltados para o terceiro milênio do "Desenvolvimento de uma nova consciência"...

Na realidade esta expressão é inadequada pois esta consciência não tem nada de novo, e por conseguinte não há nada para desenvolver.

Quando falamos em Consciência, do ponto de vista holístico, nós nos referimos a um espaço luminoso, cuja característica essencial é ser consciente.

Por isto demos a este artigo o título de "DESPERTAR" e não de "desenvolvimento".

Espaço com conscencial constitui o SER a que muitos nomes de caráter divino se tem dado através dos tempos e das culturas, tais como Jahve, Deus Allah, Brahman, Tao, Natureza de Budha, e assim por diante. Mas recentemente se tem falado em Consciência Cósmica, Consciência, Universal, Espaço primordial, Consciência Transpessoal, Super Consciência, entre outros termos.

Assim sendo esta consciência tem um caráter universal, onipresente, onisciente e onipotente.

Esta consciência, pelo seu caráter de onipresença, se encontra também no ser individual, isto é de cada um de nós sem exceção. É a que chamamos de consciência individual. O termo é também usado como sinônimo de Espírito Universal e Espírito Individual ou mesmo alma Universal e Alma Individual. Por conseguinte, pelo seu caráter esterno ela não é nova.

Por esta razão demos aqui o título de despertar da consciência em vez de desenvolvimento, pois, mesmo no ser humano a consciência esta sempre aí.

Muitos vão perguntar porque não temos acesso a consciência individual, a esta presença em nós, se ela está sempre aí?

Embora sempre presente, ela está velada escondida por uma distorção dela mesma; a nossa mente, que emana dela, tende a criar uma miragem, uma ilusão, a da existência de um eu, separado dela e do mundo que se torna percebido como exterior. Cria-se então o que se chama de filosofia, a dualidade sujeito-objeto.

Esta dualidade gera por sua vez o apego ou a rejeição de coisas, pessoas ou idéias que nos causam respectivamente prazer ou dor. Isto leva ao estresse, à doença, ao sofrimento, reforçando então o distanciamento da consciência.

Podemos sair deste círculo vicioso e recobrar a consciência?

A resposta é positiva. Sim, podemos despertar deste estado de sonolência. Como? Principalmente através da meditação. Esta consiste em sentar, em posição de coluna ereta, sem rigidez; concentrando-se sobre a respiração deixa-se os pensamentos aquietar-se, até aparecer o espaço consciencial, até despertar a plena consciência.

A plena consciência é acompanhada de um estado de Paz e de Plenitude e leva a verdadeira Sabedoria e Compaixão por todos os seres ainda no estado de inconsciência."

Pierre Weil

http://www.pierreweil.pro.br/Brazil.htm

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