"Todos nós nascemos emocionalmente saudáveis. Nos amamos e nos aceitamos, sem julgar sobre quais são nossas partes boas ou ruins. Nosso ser está íntegro, vive o momento e manifesta livremente o “Eu”. Ao crescermos, começamos a aprender com as pessoas à nossa volta que nos dizem como agir, quando comer, quando dormir, e começamos a fazer distinções, Percebemos quais são os comportamentos que nos garantem aceitação e quais os que provocam rejeição. Com isso, passamos a confiar ou odiar àqueles que nos rodeiam, de acordo com essas respostas. Tudo isso nos desvia da possibilidade de viver o agora e impede que nos expressemos espontaneamente.
Aprendemos que o amor é uma expressão apenas da compaixão e da generosidade. Mas não é bem assim. O amor se representa também pelos sentimentos da raiva, do ódio, do desejo, do ciúme, da dissimulação, da vingança. Jung uma vez disse: “Prefiro sentir-me inteiro do que ser bom”.
“A sombra é tudo aquilo que está em nós que não gostaríamos de ser. A sombra se apresenta com muitas faces: aterrorizada, ambiciosa, zangada, vingativa, maligna, egoísta, manipulativa, preguiçosa, controladora, hostil, feia, subserviente, vulgar, fraca, crítica, censora etc. Devemos nos perdoar por sermos humanos, imperfeitos”. Afirma Debbie Ford, em seu livro "O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz", da editora Pensamento.
Percebi trabalhando em consultório que as pessoas se ressentiam por serem boas e fazerem bem os seus papéis de mães, esposas, funcionárias, filhas, etc. e que não obtinham resultados ou aprovação, muitas vezes se vendo criticadas por detalhes irrelevantes. O primeiro impulso era sempre de culpar o outro por não lhe acolherem ou elogiarem, mas, na verdade, as pessoas do lado de fora apenas estão fazendo o seu papel de mostrarem a elas o quanto elas estão vivendo apenas uma parte delas mesmas. Essas pessoas passaram um bom tempo de suas vidas ouvindo “não seja isso ou não faça aquilo”.
Essas “más qualidades” acabam constituindo sua sombra. E, com o passar do tempo, toda essa repressão torna-se uma bomba-relógio ambulante esperando para explodir em cima de qualquer um que cruze o seu caminho. Perde-se muito tempo tentando esconder o lado imperfeito de si mesmo que acaba não vivendo o lado bonito, Todos nós temos uma sombra que é parte da nossa realidade total, e essa sombra está presente para nos indicar em que ponto estamos incompletos.
Como consequência, você não tem paciência com os outros que expõem suas imperfeições, tornando-se intolerante e crítico(a). Diante do seu julgamento, ninguém é bom o bastante, o mundo é um lugar terrível e todos estão metidos em encrenca.
Você começa a achar que o seu problema surgiu porque nasceu na família errada, teve os amigos errados, seu rosto e seu corpo não são o que deveriam ser e, ainda por cima, mora na cidade errada e freqüenta os lugares errados.
Você acredita que essas circunstâncias externas são a causa da sua solidão, da raiva e da insatisfação.
Nossa sombra nos ensina sobre o amor, a compaixão e o perdão. Aqueles ingredientes necessários para tocarmos a nossa essência divina que, por ser perfeita, convive bem com os dois lados de expressão. Lembre-se que você ainda vive num sistema de dualidade, portanto, precisa viver as 2 manifestações ditas do bem e do mal.
Mas a repressão dessa sombra também nos leva a reprimir a nossa luz. Muitas vezes não deixamos sair os nossos melhores talentos pelo mesmo motivo. O que reprimimos seja de bom ou de ruim, nos faz restritos, limitados em nossa vida.
Cada filamento do seu DNA carrega a história completa da evolução da vida e das características de toda a humanidade. Isso significa que você, nesse momento, pode ser qualquer coisa, basta focalizar dentro de você essa característica e ela se projetará em oportunidades externas. Se você se vê como uma pessoa feliz, bem sucedida, realizada em seus projetos, isso se expressará do lado de fora, criando os caminhos pelos quais você trafegará. Somos o que pensamos, por isso, o que pensamos encontra primeiro eco do lado de dentro para depois buscar o espelho do lado de fora e vice-versa. Gunther Bernard disse: “Nós escolhemos esquecer quem somos e depois esquecer que esquecemos”.
Na infância, temos as primeiras referências que são pai e mãe. Essas imagens ficam internalizadas em nós e passamos a admirá-los, respeitá-los, e também odiá-los. A partir de então, ou nos aproximamos deles copiando-lhes o comportamento ou nos distanciamos deles sendo diametralmente opostos. De um jeito ou de outro, não somos nós mesmos.(...)
Amor e compaixão por nós mesmos é um sábio sentimento para que possamos viver plenamente o nosso Ser. Não se chega à luz sem atravessar a sombra. Todos os seres que atravessam o nosso caminho estão nos mostrando algo que se reagirmos mal, certamente ainda não está resolvido em nós ou mesmo consciente. Quanto mais reprimimos o que nos parece feio em nossa personalidade, menos expressamos o que é considerado bonito nela.
Um exercício bom para isso é fazer uma lista do que não gostamos em nós, junto com as características que vivemos criticando nos outros. Depois da lista pronta, inicie dizendo “eu reconheço e me aceito assim………… (comece pelo item 1) e me perdôo, pois tenho certeza que tornarei essa característica a meu favor”. Faça para cada um deles, mesmo que seja difícil no começo, repita quantas vezes puder. Verá que as pessoas que o estão provocando sobre as coisas que você não quer ver em você, mudam de atitude e até de sentimentos sobre você.
Tudo isso serve também com o lado considerado positivo. Se você admira uma qualidade em alguém, ela estará reprimida em você também. Repita o exercício acima para o positivo. Deixe-o sair. Se alguém traz algo para você ver e você fica fascinado(a), com certeza esse talento faz parte de você. Permita-o existir livremente, mas sem compará-lo, pois cada um de nós é talentoso de uma forma especial.
Todos somos o que todos são. Por isso, nada de julgar ou criticar. Diga a você que se aceita com todas as partes boas ou ruins reconhecendo-as com o mesmo amor. A partir dessa atitude você está pronto(a) para SER plenamente e inteiramente a expressão de Deus."