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18 de outubro de 2011

Um Deus que sorri!

"Eu acredito em Deus.
Mas não sei se o Deus em que eu acredito
é o mesmo Deus em que acredita
o balconista, a professora, o porteiro.
O Deus em que acredito não foi globalizado.
O Deus com quem converso não é uma pessoa,
não é pai de ninguém.


É uma idéia, uma energia, uma eminência.
Não tem rosto, portanto não tem barba.
Não caminha, portanto não carrega um cajado.
Não está cansado, portanto não tem trono.
O Deus que me acompanha não é bíblico.
Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos,
algumas parábolas e um pensamento que não se renova.
O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros,
mas sua superioridade está na compreensão das diferenças,
na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade.

O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho
e detecta em mim a honestidade dos atos.
Não distribui culpas a granel: as minhas são umas,as do vizinho são outras, e nossa penitência é a reflexão.
Ave Maria, Pai Nosso, isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo.
Para o Deus em que acredito só vale o que se está sentindo.

O Deus em que acredito não condena o prazer.
Se ele não tem controle sobre enchentes, guerrilhas e violência,
se não tem controle sobre traficantes, corruptos e vigaristas,
se não tem controle sobre a miséria, o câncer e as mágoas,
então que Deus seria ele se ainda por cima condenasse o que nos resta:
o lúdico, o sensorial, a libido que nasce com toda criança e se desenvolve livre,
se assim o permitirem? 

O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha.
Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja,
uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres:
cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas,
como carregar uma cruz gigante nos ombros.
A cruz pesa onde tem que pesar: dentro.
É onde tudo acontece e tudo se resolve.

Este é o Deus que me acompanha.
Um Deus simples.
Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê-tudo.
Meu Deus é discreto e otimista.
Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar,
para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso:
um abraço numa amiga, uma música na hora certa, um silêncio.
É onipresente, mas não onipotente.

Meu Deus é humilde.
Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri.
Quem não te sorri não é cúmplice."


 Martha Medeiros

6 de janeiro de 2011

Amor Maduro - de Artur da Távola

  "O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão.
É mais definido colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: Presenteia com a verdade do sentimento.
 
Não precisa de presenças exigidas:
amplia-se com as ausências significantes.
 
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.

Problemas da felicidade são formas

trabalhosas de construir o bem, o prazer.

Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.

Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca

e do cheiro  do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação,

o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto,

os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver,

o equilíbrio de carne  e de espírito.
 
O amor maduro é a valorização do melhor do outro
e a relação com a parte salva de cada pessoa.

Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois,

vive do que fermentou criando dimensões novas

para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.
 
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.

Não percebe, recebe.

Não exige, oferece.

Não pergunta, adivinha.

Existe, para fazer feliz.
 
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão,
basta-se com o todo do pouco. Não precisa e nem quer nada do muito.

Está relacionado com a vida e por isso mesmo é incompleto,

por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso.

É feito de compreensão, música e mistério.

É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.

É o sol de outono: nítido, mas doce.
 Luminoso, sem ofuscar.
Suave, mas definido.
Discreto, mas certo."
Autor: Artur da Távola
Fonte:http://www.encantosepaixoes.com.br

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