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23 de fevereiro de 2013

Lembre-se de que você é a fonte por OSHO

"Alguém insultou você — a raiva irrompe de repente e você fervilha de raiva. A raiva está fluindo na direção da pessoa que o insultou. Agora você projetará toda essa raiva sobre o outro.
Ele não fez nada. Se insultou você, o que ele fez de fato? Só lhe deu uma alfinetada, ajudou a sua raiva a aflorar — mas a raiva é sua.

O outro não é a fonte; a fonte está sempre dentro de você. O outro está atingindo a fonte, mas, se não houvesse raiva dentro de você, ela não poderia aflorar. Se você bater num buda, só provocará compaixão, porque só existe compaixão dentro dele. A raiva não vai aflorar porque não existe raiva.

Se você jogar um balde num poço vazio, ele voltará vazio. Se jogar um balde num poço cheio de água, ele sairá de lá cheio de água, mas a água será do poço. O balde só a ajudou a vir para fora.

Portanto, a pessoa que o insultou só está jogando um balde em você, e ele sairá de lá cheio de raiva, do ódio ou do fogo que existe em você. Você é a fonte, lembre-se.
Para praticar esta técnica, lembre-se de que você é a fonte de tudo o que projeta sobre os outros. E sempre que sentir uma disposição a favor ou contra, no mesmo instante volte-se para si e busque a fonte de onde o ódio está partindo.

Fique centrado ali; não dê atenção ao objeto. Alguém lhe deu a chance de tomar consciência da sua própria raiva; agradeça-o imediatamente e esqueça-o. Feche os olhos, volte-se para dentro e agora olhe a fonte de onde esse amor ou essa raiva está vindo.

De onde ela vem? Vá para dentro de si mesmo, volte-se para dentro. Você descobrirá ali a fonte, pois a raiva está vindo dali.
O ódio, o amor ou seja o que for, tudo vem da sua fonte. E é fácil encontrar a fonte quando você está com raiva, ou sentindo amor, ou cheio de ódio, porque nesse momento você está quente. É fácil voltar-se para dentro nessa hora.

A fiação está quente e você pode senti-la dentro de você e se guiar pelo calor. E, quando atingir um ponto frio interior, descobrirá de repente uma outra dimensão, um mundo diferente abrindo-se para você. Use a raiva, use o ódio, use o amor para mergulhar em si mesmo.
Um dos maiores mestres zen, Lin Chi, costumava dizer: "Quando eu era jovem, adorava andar de barco. Eu tinha um barquinho e remava sozinho num lago. Eu ficava ali durante horas.

"Uma vez, eu estava no meu barco, de olhos fechados, meditando, numa noite esplêndida. Então um outro barco veio flutuando, trazido pela corrente, e bateu no meu. Meus olhos estavam fechados, então eu pensei. 'Alguém bateu o barco no meu'. Enchi-me de raiva.

"Abri os olhos e estava a ponto de vociferar algo para o homem, quando percebi que o barco estava vazio! Então não havia onde descarregar a minha raiva. Em quem eu iria extravasá-la? O barco estava vazio, à deriva no lago e tinha colidido com o meu. Então não havia nada a fazer. Não havia possibilidade de projetar a raiva num barco vazio."

Então Lin Chi continuou: "Eu fechei os olhos. A raiva estava ali. Mas não sabia como extravasar. Eu fechei os olhos simplesmente e flutuei de volta com a raiva. E esse barco vazio tornou-se a minha descoberta. Eu atingi um ponto dentro de mim naquela noite silenciosa. Esse barco vazio foi meu mestre. E, se agora alguém vem me insultar, eu rio e digo: 'Esse barco também está vazio'. Fecho os olhos e mergulho dentro de mim". "

Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa.
Fonte:http://despertandodeuses.blogspot.com.br

19 de maio de 2011

Para além da noite escura da alma !

  
"Há um determinado nó na investigação espiritual que precisa ser desfeito, que necessita ser desemaranhado. Ele não é novo. Você certamente já ouviu falar dele. Trata-se da tendência e o hábito de buscar a verdade, a perfeição ou a realização fora de si mesmo. É importante compreender como isso acontece. E talvez esta compreensão possa ser o meio de desatar este nó tão apertado.

No decorrer de uma vida, pode ocorrer um momento precioso e importante, no qual se reconhecem os maus hábitos, os vícios, o horror, a violência e a imundície que temos chamado de "eu". É um grande choque, um grande abalo; isso é muito importante, caso contrário, o horror e a imundície simplesmente continuam a ser acumulados, em nome e a serviço da exultação de "mim" e da "minha história". 
 
Este reconhecimento é um choque espiritual, e pode haver (e geralmente há) um grande estremecimento, seguido de um desejo de descobrir o que é verdadeiro, o que é real, o que é puro, o que é sagrado, o que é livre. Portanto, a busca começa "lá fora".

Temos muitos exemplos primorosos de "lá fora". Em todas as épocas, houve sábios, santos, messias, homens e mulheres para quem podemos apontar e dizer: "Está presente neles. Por que não consigo chegar lá?" Então, há muitas tentativas de consertar o que se percebe como revoltante e limitado, para que possa ser mais como o que se imagina que é puro e sagrado.
 
Todos vocês já tentaram isso. Isso não é nenhuma novidade, certo? Há esforço e trabalho, um sentido de estar ganhando terreno, e uma sensação de estar perdendo terreno, até que, finalmente, ocorre um outro grande choque espiritual. Eu o chamo de "a grande desilusão". Quando se reconhece que toda tentativa de consertar o caráter, a personalidade, os hábitos ou os vícios nem sequer toca aquele o abismo de separação entre quem você é e a própria perfeição, há uma grande desilusão. Um abismo enorme aparece então.
 
Este é o anseio da alma por Deus. E você vê claramente que todo o esforço, a luta, a áspera escalada, com todos os seus ganhos, ainda não tocaram a profundeza deste anseio. Isto é crucial. Esta é a noite escura da alma. É o reconhecimento de que "Eu nunca conseguirei fazer isso. Eu tentei, trabalhei duro, mas jamais conseguirei fazê-lo."

Há muitos caminhos que podem desviá-lo deste momento. Você pode encorajar a si mesmo com pensamentos como este: "Sim, você pode fazer isso. Espere e Deus virá até você. Esforce-se mais. Não desanime."

Mas, em vez de seguir qualquer um destes atalhos, eu o convido a deixar-se cair no fio desta espada de dois gumes: a desilusão e o anseio. Caia bem no meio, para que a espada dilacere este sentido de um abismo de separação. Caia direto dentro do abismo. Recuse-se a seguir qualquer caminho que possa lhe trazer conforto ou esperança ou, a estas alturas, até uma crença. Na verdade, disponha-se a encarar a espada, e deixe que ela dilacere o seu coração.

Este é o verdadeiro convite do satsang. É um convite radical: aceitar não se mover diante do anseio, da desilusão, para descobrir: Quem sou eu, realmente? O que está aqui realmente? É aceitar ver o que existe em um nível mais profundo do que a percepção; o que é mais profundo do que se percebe com os sentidos. É aceitar morrer. Todo o condicionamento é para não morrer. Todo o apoio, a esperança e a crença são de que "Eu não vou morrer", ou "Se eu morrer, irei para o céu, onde me encontrarei com minha avó, ou meus amigos que já foram antes de mim". Por debaixo de todas estas esperanças e crenças está este anseio.
 
Convido você a mergulhar neste anseio. Não na história do anseio, mas no próprio anseio. Ele não está separado da desilusão. A verdadeira desilusão é sagrada: a ilusão é destruída. E o que não pode ser imaginado, o que não se sujeita à estimulação da mente é revelado.

É maravilhoso encontrar alguém, ou viver um momento que abala a ilusão e, embora isto mereça ser reverenciado, é muito importante ver como a mente individual cria um abismo de separação. Todos os grandes mestres disseram que "Você e eu somos um", "Eu e meu pai somos um" ou "Tudo é o mesmo Ser." É irônico como a mente transforma isto em uma ilusão de separação: "Ele e seu pai são um", "Ela e eles são o mesmo", ou "Tudo é um, menos eu; eu fui excluído." Isso soa familiar, não é? Esses hábitos do pensamento são fortes e são reforçados mais ainda, mesmo com as melhores intenções.
 
Com a disposição de parar de alimentar estes hábitos de pensamento, o anseio e a desilusão são encarados diretamente, assim como Cristo na cruz encarou o aparente abandono de Deus.

Isto é oferecido a todos. De alguma maneira, você aceitou o convite até um certo ponto. Mas há sempre mais. Vá mais fundo, penetre mais profundamente, até você, finalmente, não conseguir encontrar distinção entre dentro e fora, entre pai e filho, entre Deus e alma, entre mim e você. Esta é a possibilidade revelada pelo convite ao satsang. Isto é possível para você também. Não se limita ao Buda ou a Cristo. Não se limita a Ramana. Não se limita a Gangaji. Não se limita a nada, e este é o maior ensinamento. Ela é ilimitada. A presença de Deus é onipresente; está em toda parte, o tempo todo."

Gangaji - Intensivo em San Diego, Califórnia
Fonte:http://faroldobuscador.blogspot.com

31 de janeiro de 2011

Noites escuras da alma, um guia (...)-de Thomas Moore

 
"Em um momento ou outro outro da vida, a maioria das pessoas experimenta um período de tristeza, sofrimento, perda, frustração ou fracasso, tão perturbador que pode ser chamado de noite escura da alma. Se seu principal interesse na vida é a saúde, voce pode tentar vencer rapidamente a escuridão. Mas, se estiver procurando por significado,um caráter e substância pessoal talvez descubra que a noite escura tem grandes dádivas a lhe dar.

Hoje em dia, rotulamos muitas dessas experiências de "depressão", mas nem todas as noites escuras são depressivas, e a palavra é demasiadamente clínica para algo que nos faz questionar o próprio sentido da vida. Está na hora de encontrarmos uma maneira diferente de imaginar essa experiência comum e, assim, um modo diferente de lidar com ela. Mas fica o alerta - essa questão é sutil, e voce terá que fazer um exame apurado de si mesmo e dos exemplos que apresento neste livro para perceber como um episódio profundamente perturbador pode representar um precioso momento de transformação.

Toda vida humana é feita de luz e escuridão, felicidade e tristeza, vitalidade e embotamento. O modo como voce pensa nesse ritmo de estados de espírito faz toda a diferença. Você vai se esconder no auto-engano e nos entretenimentos? Vai se tornar cínico e depressivo? Ou vai abrir o coração ara um mistério tão natural quanto o sol e a lua, o dia e a noite, o verão e o inverno?

Se voce é como a maioria das pessoas, já experimentou várias noites escuras da alma.Talvez esteja vivendo uma agora, Talvez seu casamento seja difícil,m ou voce tenha um filho com algum problema, ou esteja permanentemente em um terrível estado de espírito. É possível que esteja sofrendo pela perda do cônjuge, ou de um de seus pais. Pode ter sido traída pela pessoa amada ou pelo sócio, ou talvez esteja enfrentando um divórcio. Para algumas pessoas, essas situações são problemas a ser resolvidos, mas para outras são fontes de profundo desespero.

Uma verdadeira noite escura da alma não é um desafio superficial, mas uma situação que afasta voce da alegria da vida cotidiana. Um acontecimento externo ou uma disposição interior que o atinge no cerne de sua existência. Não é apenas um sentimento, mas uma ruptura em seu ser, e pode levar um bom tempo até que voce consiga superar e chegar ao outro lado.

A noite escura não pode ser como a depressão. Em uma longa doença ou um casamento em crise, voce pode sentir preocupação, mas não ficar deprimido. Por outro lado, a depressão clínica pode ser uma noite escura. Não importa o nome que se dê, a experiência envolve voce como pessoa, como alguém que tem uma história, em temperamento, lembranças, emoções e ideias. Depressão é um rótulo e uma síndrome, ao passo que a noite escura é um evento significativo. Enquanto a depressão é uma doença psicológica, a noite escura é uma provação espiritual.

Muita gente pensa que o objetivo da vida é resolver os problemas e ser feliz. Mas a felicidade é uma sensação passageira, e voce nunca se livra dos problemas. Seu propósito na vida pode ser se tornar mais quem voce de fato é e se envolver mais com as pessoas e com a vida à sua volta, para realmente viver. Isso pode parecer óbvio, mas muitas pessoas passam o tempo evitando a vida.

Têm medo de deixa-la fluir e, com isso, sua vitalidade é canalizada para ambições, vícios e preocupações que não lhe trazem nada de positivo. A noite escura pode ser, paradoxalmente, um caminho de volta à vida. Ela reduz a vida a seus elementos essenciais e ajuda a pessoa a recomeçar.

Quero aqui explorar as contribuições positivas das noites escuras, por mais dolorosas que sejam. Não quero romantizá-las nem negar seus perigos. Eu as vejo, porém, como oportunidade de transformação interior, de maneiras que voce nunca imaginou. A noite escura é como Dante sonolento, desviando do caminho e entrando, desatento, na selva. É como Alice olhando para o espelho e, de repente, o atravessando. É como Odisseu sendo jogado pelas ondas tempestuosas e Tristão à deriva, sem remos,. Voce não escolhe a noite escura - ela lhe é dada. Sua tarefa é se aproximar dela e peneirá-la em busca do ouro.
[...]

Sua noite escura pode ser um rito de passagem. Pode lhe oferecer a oportunidade de realizar uma mudança significativa na vida. Essas mudanças não são fáceis, principalmente porque exigem que voce adentre o desconhecido. Talvez voce precise explorar a fundo seus recursos - suas experiências passadas, seu aprendizado, as qualidades pessoais que já desenvolveu, de modo que sua noite escura o leve às profundezas."

- Thomas Moore [1940- ], "Noites escuras da alma: um guia para iluminar seu caminho em meio às provações da vida"; trad. Macos Malvezzi Leal. Campinas, SP: Verus. 2009.
Fonte:http://www.flickr.com/photos/nogps/5209162896/in/set-72157625495826252/

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