"Eu me perdoo. Me perdoo por não ter sido grata a tudo que recebi. Desculpo-me por tudo que julguei como errado para, em seguida, de forma onipotente, culpar-me por coisas que, de forma controladora, acreditei que poderia ou deveria ter feito diferente.
Agradeço, entre muitas coisas como meus aprendizados, a força que criei e a coragem que fomentei em mim, primeiramente:
· A Vida
· Todo o muito Amor que recebi.
Neste momento, reconheço e agradeço todo o amor que recebi e recebo. Percebo que sempre fui amada.
Fui amada por aqueles que não corresponderam à minha expectativa, pois eles também tinham buracos de carência e escassez como os meus.
Fui amada pelos que me invejaram e me traíram porque eles não conseguiram perceber sua própria luz e só a enxergaram através de mim, sem se apropriar do que sempre foi deles.
Fui amada pela minha família que me deu tudo e mais um pouco do que tinham pra dar, muitas vezes criando forças que não existiam para suportar suas próprias dores e, ainda assim, de forma determinada, mostrar-me tudo que o mundo tinha a me oferecer, a me presentear, mesmo que eles nunca tenham encontrado tais coisas.
Fui amada por meus amigos que me compreendem em minhas ausências e, ainda assim, consideram-me uma boa companhia, influência e conselheira.
Fui amada pela existência que espera pacientemente minha abertura para receber tudo que há a minha disposição em abundância.
Fui amada por meus agressores que ofereceram o que tinham para mostrar como eu era importante para eles.
Fui amada pela espiritualidade que atendeu a todos os meus chamados, procurando com dedicação qualquer sinal que eu fosse capaz de enxergar, compreender e aceitar, mesmo na minha atitude dominadora de querer resolver tudo sozinha.
Fui amada por meu filho que, mesmo tendo buracos como todos nós, vê em mim a luz para ajudá-lo em seu caminho e me deu a chance de perceber e construir toda a minha força e capacidade.
Fui muito, muito amada. Sou amada. Portanto, quem sou eu para não receber?
Generosidade não é doar muito.
É saber receber na mesma medida que se doa. Oferecer sem receber é controle, é manipulação.
Estar aberta para ser amada, sabendo que o amor não é para tapar buracos, mas sim para colorir a vida, para atender o chamado de nosso propósito de existência, é um ato de muita coragem.
E hoje eu decido deixar de me enganar de que não fui amada ou que não recebi algo, só para continuar "estando certa" e garantindo a repetição de todos os não recebimentos que eu mesma criei e atrai pra mim para poder, mesmo que de forma velada, me vitimizar.
Reconheço que atraí pessoas com buracos exatamente iguais aos meus e mesmo assim fui amada.
Nenhuma situação foi criada por ninguém senão eu mesma. E não me culpo por isso. Elas me fizeram mais forte, tanto que posso olhar para estas experiências hoje, num voo panorâmico da águia.
Agradeço a todas as minhas mágoas, pois estavam lá só pra que, um dia, no meu tempo, eu visse que quem me magoou era só o meu espelho; agora posso deixá-las ir, pois não há mais nenhum agressor em minha vida, senão eu mesma.
E, ainda assim e por isso, me perdoo. Me perdoo por ter vivido tão intensamente a dor. Agora posso viver intensamente o amor.
Percebo que, ainda que eu aceite minha plenitude, felicidade, prosperidade plena e ser e me sentir amada, ainda assim, serei amada por todos que são importantes pra mim e a quem cativei; mesmo que eles não se sintam igualmente amados.
Decido, a partir de agora, tirar a venda dos meus olhos, olhar pros lados e simplesmente RECEBER."
Autora:Adriana Mangabeira
fonte:http://www.stum.com.br/tc35206