"Há duas importantes leis que governam a relação entre o ser e o cosmos. A primeira lei é: “Qualquer que seja a coisa que se tome por real, arrasta o ser do indivíduo por completo, os próprios pensamentos, os sentimentos e a vontade”.
Se este mundo real se nos apresenta real, arrasta, então, todo nosso ser. Se o Divino se nos aparece como real, então nos retiramos do mundo e estabelecemos todo nosso coração no Divino. Quando consideramos o mundo como real, estamos repleto dele.
Quando consideramos o Divino como real, estamos repletos somente do Divino. Então, aquilo que se torna uma realidade para nós é o que seguimos de todo nosso coração.
Para nós é necessário, portanto, inquirir sobre a natureza da Realidade.
Quando fazemos esta investigação descobrimos outro fato, a segunda lei fundamental da vida espiritual:
“Nosso conceito de Realidade depende do conceito que temos de nós mesmos”.
Para uma criança, suas bonecas são seres vivos reais. Na medida em que cresce, seu conceito de si mesma muda e por isso as bonecas perdem sua realidade. Da mesma forma, a adolescência, a juventude e a velhice trazem mudanças no conceito que o homem tem sobre o mundo externo. Há uma estreita conexão entre o conhecimento que temos de nós mesmos e o conhecimento do mundo objetivo.
A conhecida história do rei que teve uma doença que afetou seus olhos ilustra este ponto. Os médicos disseram ao rei que olhasse sempre para coisas de cor verde. O rei ordenou que todo o palácio, a horta, fossem pintados de verde. Mas o sábio ministro sugeriu então que, ao invés disso, o rei usasse óculos com lentes verdes. Então, o rei viu todo o mundo verde.
A vida espiritual começa quando nosso conceito sobre nós mesmos muda e começamos a nos ver como almas. Quando nos vemos como espírito, buscamos o Espírito infinito.
Sempre que o mundo físico se torna mais real que o mundo espiritual, o corpo já se tornou mais real que a alma em nossa consciência.
De fato, há primeiro uma queda em nossa consciência e, então, nos tornamos mais conscientes do corpo físico e, portanto, do mundo exterior."
Autor:Swami Yatishwarananda
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