8 de janeiro de 2011

Não crie mais sofrimento no presente - de Eckhart Tolle


 
 "A maior parte do sofrimento humano é desnecessária. Ele se forma sozinho, enquanto a mente superficial governa a nossa vida. O sofrimento que sentimos neste exato momento é sempre alguma forma de não-aceitação, uma forma de resistência inconsciente ao que é.

No nível do pensamento, a resistência é uma forma de julgamento. No nível emocional, ela é uma forma de negatividade. O sofrimento varia de intensidade de acordo com o nosso grau de resistência ao momento atual, e isso, por sua vez, depende da intensidade com que nos identificamos com as nossas mentes. A mente procura sempre negar e escapar do Agora. Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente.

Por que a mente tem o hábito de negar ou resistir ao Agora? Porque ela não consegue funcionar e permanecer no controle sem que esteja associada ao tempo, tanto passado quanto futuro, e assim ela vê o atemporal Agora como algo ameaçador. Na verdade, o tempo e a mente são inseparáveis. Imagine a Terra sem a vida humana, habitada apenas por plantas e animais. Será que ainda haveria passado e futuro? Será que as perguntas “que horas são?” ou “que dia é hoje?” teriam algum sentido para um carvalho ou uma águia? Acho que eles ficariam intrigados e responderiam: “Claro que é agora. A hora é agora. O que mais existe?”

Não há dúvidas de que precisamos da mente e do tempo, mas, no momento, em que eles assumem o controle das nossas vidas, surgem os problemas, o sofrimento e a mágoa. Para ter certeza de que permanece no controle, a mente trabalha o tempo todo para esconder o momento presente com o passado e o futuro. Assim, a vitalidade e o infinito potencial criativo do Ser, que é inseparável do Agora, ficam encobertos pelo tempo e a nossa verdadeira natureza é obscurecida pela mente. 

Todos nós sofremos ao ignorar ou negar cada momento precioso ou reduzi-lo a um meio para alcançar algo no futuro, algo que só existe em nossas mentes, nunca na realidade. O tempo acumulado na mente humana encerra uma grande quantidade de sofrimento cuja origem está no passado.

Se não quer gerar mais sofrimento para você e para os outros, não crie mais tempo, ou, pelo menos, não mais do que o necessário para lidar com os aspectos práticos da sua vida. Como deixar de “criar” tempo? Tendo uma profunda consciência de que o momento presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o foco principal da sua vida. 

Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas visitas ao Agora, inverta essa lógica, fixando-se no Agora e fazendo visitas rápidas ao passado e ao futuro quando precisar lidar com os aspectos práticos da sua vida. Diga sempre “sim” ao momento atual. O que poderia ser mais insensato do que criar uma resistência interior a alguma coisa que já é? O que poderia ser mais insensato do que se opor à própria vida, que é agora e sempre agora? Renda-se ao que é. Diga “sim” para a vida e veja como, de repente, a vida começa a trabalhar mais a seu favor em vez de contra você.

Às vezes, o momento atual é inaceitável, desagradável ou terrível.
As coisas são como são. Observe como a mente julga continuamente o comportamento, atribuindo nomes às coisas. Entenda como esse processo cria sofrimento e infelicidade. Ao observarmos o mecanismo da mente, escapamos dos padrões de resistência e podemos então permitir que o momento atual exista. Isso dará a você uma prova do estado de liberdade interior, o estado da verdadeira paz interior. Veja então o que acontece e parta para a ação, caso necessário ou possível.

Aceite, depois aja. O que quer que o momento atual contenha, aceite-o como uma escolha sua. Trabalhe sempre com ele, não contra. Torne-o um amigo e aliado, não seu inimigo. Isso transformará toda a sua vida, como por milagre."

Autor:Eckhart Tolle
fonte: Livro “O Poder do Agora”

7 de janeiro de 2011

Exigências da vida moderna - de Luís Fernando Veríssimo

"Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir o diabetes. Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E depois uriná-los, o que consome o dobro do tempo. Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.........

Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver. Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia. UFA !!!

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito. TÁ DIFICILLLLL

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta:devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar das minhas amizades quando eu estiver viajando. Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo!!!!Todos os dias, um dia sim, o outro também, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.

Dizer EU TE AMO, toda hora, ''ainda pego quem inventou essa neura...que saco!!!'' isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. se tiver tem que brincar com ele, pelo menos meia hora todo dia, para ele não ficar deprimido....

Na minha conta são 29 horas por dia. A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo
tempo!!!

Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes ao mesmo tempo. Chame os amigos e seus pais, seu amor, o sogro, a sogra, os cunhados... Beba o vinho, coma a maçã e dê a banana na boca da sua mulher. Não esqueça do EU TE AMO, (Vou achar logo quem inventou isso, me aguarde).

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora voce tá ferrado mesmo é se tiver criança pequena, ai lascou de vez, porque o tempo que ia sobrar para voce...meu, já era. criança ocupa um tempo danado.

Agora tenho que ir. É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro e correndo. E já que vou, levo um jornal...Tchau....

Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail."

Autor:Luis Fernando Verissimo

Não se torture - OSHO

"O mestre Lu-Tzu diz:
"Quando se começa a levar adiante a decisão, cuidados devem ser tomados para que tudo possa acontecer de uma maneira confortável e relaxada."
Essa é a primeira coisa a ser entendida. Uma vez que você tome a decisão de seguir o caminho para dentro, uma vez que você tome a decisão de ser um sannyasin, de ser um meditador, uma vez que você tome a decisão que agora o interior está chamando e você vai procurar e buscar pela questão 'Quem sou?', então a primeira coisa a ser lembrada é: não se mova de uma maneira tensa. Mova-se de uma maneira muito relaxada, certifique-se de que sua jornada interior está confortável. Isso agora é de imensa importância.

Normalmente esse primeiro erro acontece a todo mundo. As pessoas começam a fazer sua jornada interior desnecessariamente complicada, desconfortável. Isso acontece por uma certa razão. As pessoas estão raivosas com os outros em sua vida normal. Elas estão violentas com os outros. Em suas extrovertidas jornadas normais elas são sádicas: elas gostam de torturar os outros, de derrotar os outros, de competir com os outros, de conquistar os outros. Todo o seu prazer está em como fazer os outros se sentirem inferiores a elas.

Isso é a sua jornada extrovertida. Isso é a política. Essa é a mente política, constantemente tentando tornar-se superior aos outros, legalmente ou ilegalmente, mas mantendo o constante esforço para derrotar os outros, a qualquer custo. Mesmo que o outro tenha que ser destruído, então que ele seja destruído. Mas há que se vencer: ser o primeiro-ministro, ser o presidente, ser isto ou aquilo, a qualquer custo. E todos são inimigos, pois todos são competidores.

Lembre-se disto: toda a sua educação prepara-o e dá-lhe prontidão para lutar. Ela
não o prepara para a amizade e o amor; ela o prepara para o conflito, a inimizade e a guerra.

Sempre que há competição,
é muito provável que exista inimizade. Como você pode ser amigável com pessoas que estão competindo consigo, que são perigosas para você e para quem você é perigoso? Ou elas vencerão e você será derrotado, ou você será o vencedor e elas terão que ser derrotadas.

Assim, tudo o que vocês chamam de amizade, é simplesmente uma fachada,
uma formalidade. É um tipo de lubrificante que faz a vida se movimentar suavemente, mas no fundo ninguém é amigo. Mesmos os amigos não são amigos pois eles estão se comparando, uns com os outros, brigando uns com os outros. Este mundo tornou-se um campo de guerra devido à educação orientada para a ambição e a política.

Quando um homem se volta para dentro o problema surge: o que ele fará com sua raiva, inimizade, agressão e violência? Agora ele está só; ele começará a se torturar, ele ficará raivoso consigo mesmo. Isto é o que são os chamados Mahatmas. Por que eles se torturam? Por que eles jejuam? Por que eles se deitam em camas de espinho? Quando existe uma árvore com uma bela sombra, por que eles permanecem em pé sob o sol quente? Quando está quente, por que eles se sentam ao lado do fogo? Quando está frio, por que eles permanecem em pé nus dentro dos rios ou na neve? Estes são os
políticos invertidos. Primeiro eles estavam brigando com os outros. Agora não há com quem brigar e eles estão brigando consigo mesmos.

Eles são esquizofrênicos, eles estão divididos. Agora é uma guerra civil, eles estão
lutando contra o corpo. O corpo é a vítima dos seus chamados Mahatmas. O corpo é inocente, ele não fez coisa alguma errada para você, mas as suas chamadas religiões seguem ensinando que o corpo é o inimigo; torture-o.

A jornada extrovertida era uma jornada de sadismo. A introvertida se torna uma
jornada de masoquismo, você começa a se torturar. E existe um certo prazer, uma certa alegria pervertida em se torturar. Se você pesquisar na história, ficará surpreso, você não acreditará no que o homem tem feito consigo mesmo.

Pessoas têm ferido seus corpos e têm mantido aquelas feridas sem curá-las; porque o corpo é o inimigo. Existem seitas cristãs, seitas hindus, seitas jainas e muitas outras que se tornaram muito astutas, habilidosas e eficientes no que diz respeito à
tortura do próprio corpo. Eles desenvolveram grandes métodos de como torturar o corpo. (...)

Toda espécie de estupidez tornou-se possível por causa de um simples erro. O erro é: enquanto você vive externamente, você tentar fazer com que a vida seja difícil para os outros; e quando você começa a se voltar para dentro, existe uma possibilidade de que a velha mente tentará fazer com que a sua vida seja difícil. Lembre-se de que o buscador interior tem que estar confortável, porque
somente numa situação confortável, num estado relaxado, alguma coisa pode acontecer.

Quando você está tenso e desconfortável,
nada é possível. Quando você está tenso e desconfortável, sua mente está preocupada, você não está num espaço de silêncio. Quando você está faminto, como você pode estar num espaço de silêncio. E as pessoas têm ensinado a jejuar e dizem que o jejum o ajudará a meditar.

Uma vez ou outra, o jejum pode ajudá-lo a ter uma saúde melhor, ele tirará alguns quilos do seu corpo, quilos desnecessários. Mas o
jejum não pode ajudar a meditação. Quando você está jejuando, constantemente estará pensando em comida. (...)

As pessoas que estão reprimindo suas fomes, estão constantemente pensando em comida. É natural. Como você consegue meditar? Quando você está jejuando, cardápios e mais cardápios começam a flutuar em sua mente, eles vêm de todos os lugares; belos pratos. Com todo o cheiro de comida, pela primeira vez você começará a sentir que seu nariz está vivo, e que sua língua está viva. É bom jejuar de vez em quando para que você possa se interessar novamente pela comida, mas isso não é bom para a meditação. É bom para que seu corpo fique um pouco mais sensitivo e assim você possa saborear novamente.
O jejum deve estar a serviço da festa.

É bom não comer de vez em quando, assim o apetite pode voltar. Para a saúde é bom,
mas a meditação nada tem a ver com isso. Será mais difícil meditar quando você está com fome do que quando você está totalmente satisfeito. Sim, comer demais lhe trará problemas de novo, porque quando você come em demasia você se sente sonolento. E quando você não come nada você se sente faminto.

Estar no meio é o caminho certo
: o Meio Dourado.

Coma de modo que você não sinta fome, mas não coma demais para você não ficar sobrecarregado, sonolento. E a meditação será mais fácil. O Meio Dourado
tem que ser seguido de todas as maneiras, em todo tipo de situações.

Esteja confortável, esteja relaxado. Não há qualquer necessidade de se torturar, nem de criar problemas desnecessários.
Abandone essa mente de raiva, violência e agressão; e somente então você conseguirá mover-se para dentro. Porque somente numa consciência relaxada é possível flutuar internamente, cada vez mais fundo. Em completo relaxamento alcança-se o centro mais interno. (...)"

Osho, em "The Secret of Secrets"
Fonte:http://www.palavrasdeosho.com/2010/02/nao-se-torture.html

6 de janeiro de 2011

Amor Maduro - de Artur da Távola

  "O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão.
É mais definido colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: Presenteia com a verdade do sentimento.
 
Não precisa de presenças exigidas:
amplia-se com as ausências significantes.
 
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.

Problemas da felicidade são formas

trabalhosas de construir o bem, o prazer.

Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.

Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca

e do cheiro  do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação,

o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto,

os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver,

o equilíbrio de carne  e de espírito.
 
O amor maduro é a valorização do melhor do outro
e a relação com a parte salva de cada pessoa.

Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois,

vive do que fermentou criando dimensões novas

para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.
 
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.

Não percebe, recebe.

Não exige, oferece.

Não pergunta, adivinha.

Existe, para fazer feliz.
 
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão,
basta-se com o todo do pouco. Não precisa e nem quer nada do muito.

Está relacionado com a vida e por isso mesmo é incompleto,

por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso.

É feito de compreensão, música e mistério.

É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.

É o sol de outono: nítido, mas doce.
 Luminoso, sem ofuscar.
Suave, mas definido.
Discreto, mas certo."
Autor: Artur da Távola
Fonte:http://www.encantosepaixoes.com.br

5 de janeiro de 2011

Quando o Amor vai ficando para trás -maravilhoso texto de Roberto Shinyashiki

 
 "Para se viver a dois, tem-se de manter acesa a capacidade de seduzir e de conquistar. O tempo, por si, nada resolve. 
O amor vai ficando para trás quando um dos parceiros pensa que a conquista está definida e relaxa. Como um general romano que, depois de ter conquistado um país, parte para a invasão de um novo território. Porém, todo bom general sabe que, mais do que conquistar, é preciso trabalhar no sentido de manter o território conquistado.

É muito comum homens e mulheres pensarem que, com o casamento, a pessoa amada já está conquistada e, então, partem para outros desafios, sejam profissionais, financeiros ou sociais. E quando se olha para trás, vê-se que ela já não está ali esperando. Ela não ficou estática, como se fosse um apartamento que foi comprado e que permaneceu ali, à espera de mobília.

O amor vai ficando para trás quando se pensa que o casamento dá o direito de fazer cobranças ao outro e se passa a viver exigindo que ele cumpra o que seriam suas obrigações. Ele poderá até cumpri-las, mas o fará sem prazer, com a mesma vontade que caracteriza alguém que faz algo somente por obrigação. 
Para se viver a dois, tem-se de manter acesa a capacidade de seduzir e de conquistar.

Fico pensando nas pessoas que nada recebem de presente no Dia dos Namorados, por exemplo. Muitas devem se sentir tristes... Uns porque não tem namorado; outros, porque eles não se lembraram! Agora penso que se alguém não recebe presente no Dia dos Namorados, a responsabilidade não é só de quem não lembrou de comprá-lo, mas também daquele que não soube provocar nele a vontade de dar presentes.

Saber seduzir é saber provocar no outro a vontade de dar presentes, de sair, de fazer um poema, de dar um beijo. Puxa vida, e tantos outros milhões de coisas! Quando a pessoa esquece a capacidade de provocar vontades, começa a cobrá-las e, o que é pior, a cobrar do outro essas mesmas coisas acompanhadas de romantismo.

O amor vai ficando para trás quando não se percebe que cada um dos parceiros muda a cada dia, a cada momento e se exige do outro que permaneça igual ao que foi ontem, que deixe de lado a sua curiosidade em relação à vida. E quando alguém aceita uma vida limitada, contida, é quase inevitável que se sinta infeliz.

Um pássaro preso numa gaiola, com as suas asas inúteis, lembrando dos dias em que voava livre, belo, com todas as suas forças, só pode sentir-se infeliz. Para que servem as asas a um pássaro engaiolado, senão para mostrar-lhe o quanto ele perdeu e o tanto que é infeliz?

O amor vai ficando para trás, quando somente se curte atingir um objetifo, esquecendo-se do prazer de realizá-lo juntos, pouco a pouco. 
Acumulam-se bens, tem-se a casa de campo, a casa de praia, o carro de último tipo, com computadores que indicam tudo. Mas o uso individualista desses bens acaba mais isolando o casal do que proporcionando momentos de intimidade. Há partes da casa que são do marido, e a mulher não se sente bem de estar lá, e vice-versa, como se fossem duas casas em uma.

O amor vai ficando para trás, preso em detalhes muito sutis, como os adiamentos que nos dão a impressão de que logo ali na frente retomaremos nosso rumo: só mais um pouco, no ano que vem tudo se arruma, depois que nos casarmos, depois que os nossos filhos crescerem, depois que tivermos a nossa casa...

Deixamos para começar a viver somente depois que algo esperado acontecer, sem nos importarmos com o que estamos vivendo. A promessa de começar a viver em um possível futuro nos ilude. E ao nos darmos conta, estamos muito longe do que queríamos. Parece-nos impossível, então, retomar o rumo. As pessoas ficam se prometendo que logo ali, em um futuro bem próximo, tudo será diferente, e não percebem que estão se afastando de si mesmas e de sua felicidade.

Pensar que ser paciente vai resolver os problemas é uma ilusão. Ao invés de ficarmos quietos, deveríamos estar gritando bem alto: "Ei, vamos parar um momento! Dá para fazer tudo isso, mas de um jeito que a gente se sinta juntos". Mas ficamos esperando que tudo se resolva com o tempo e que logo no final da floresta encantada encontraremos os remédios para nossos males.

Todo mundo sabe realmente o que precisa ser feito e que, no fundo, é tudo muito simples. Tão simples quanto ser preciso regar a flor, ou você ser responsável por aquilo que cativa. Porém, as pessoas se distraem, com a mesma alienação com que os apóstolos dormiram no Monte das Oliveiras, quando Cristo lhes pediu que estivessem alertas porque aquele seria seu último dia com eles.

Cada um sabe da importância do momento, mas, como uma criança na floresta, vai-se distraindo aos poucos e, de repente, está totalmente perdido. Chega uma hora em que o que parecia só acontecer com os outros acontece conosco. Portanto, fique atento ao seu amor. Se ele é prioridade em sua vida, cultive-o."

Roberto Shinyashiki

4 de janeiro de 2011

Deixar Acontecer - de Elisabeth Cavalcante

"Um dos maiores desafios para o ser humano é aprender a deixar a vida acontecer, confiando simplesmente na magia da existência e tendo a certeza de que ela lhe trará tudo o que necessita para ser feliz.

Sentir-se integrado de modo absoluto com o Universo, ainda é um privilégio que poucos experimentam, mas pode se tornar acessível a qualquer um que se disponha a mudar a maneira pela qual se relaciona com as leis da natureza.

Quanto mais tentamos forçar os acontecimentos e aumentamos nosso nível de ansiedade para alcançar algo muito desejado, mais frustração experimentamos.

Plantar as sementes e esperar pacientemente que as condições favoráveis para o seu florescimento se desenvolvam, exige uma dose de paciência que nem todos se dispõem a cultivar.

Enquanto não aprendemos que o relaxamento e a aceitação constituem o caminho mais eficaz para o fluir harmonioso de tudo o que almejamos, prosseguiremos a cultivar o medo, a insegurança e o pessimismo em relação à conquista de nossos sonhos.

Acreditar plenamente em nossa própria capacidade é a melhor maneira de obter sempre os melhores resultados em tudo o que realizamos, desde as tarefas mais corriqueiras, até as mais desafiadoras.

O importante é não permitir que cada nova conquista que buscamos, se transforme numa questão de vida ou morte, pois esta postura interior é o principal obstáculo para o alcance de qualquer meta.... fique claramente consciente da diferença entre 'consequência' e 'resultado'.

Um resultado é conscientemente desejado; uma consequência é um subproduto.

Por exemplo: se eu digo a você que se você brincar a felicidade será a conseqüência, você vai tentar por um resultado. Você vai e brinca e você fica esperando pelo resultado da felicidade.
Mas eu lhe disse que ela será a conseqüência, não o resultado.

A conseqüência significa que se você está realmente na brincadeira, a felicidade acontecerá.

Se você constantemente pensa na felicidade, então, ela tem de ser um resultado; ela nunca acontecerá. Um resultado vem de um esforço consciente; uma conseqüência é apenas um subproduto.

Se você estiver brincando intensamente, você estará feliz.

Mas a própria expectativa, o anseio consciente pela felicidade, não lhe permitirá brincar intensamente. A ânsia pelo resultado se tornará a barreira e você não será feliz.

A felicidade não é um resultado, é uma consequência.

Se eu lhe digo que se você amar, você será feliz, a felicidade será uma conseqüência, não um resultado. Se você pensa que, porque você quer ser feliz, você deve amar, nada resultará disso.
A coisa toda será falsificada, porque a pessoa não pode amar por algum resultado.

O amor acontece!
Não há motivação por detrás dele.
Se há motivação, não é amor.
Pode ser qualquer outra coisa.

Se eu estou motivado e penso que, porque desejo a felicidade, vou amá-lo, esse amor será falso.
E como ele será falso, a felicidade não resultará dele. Ela não virá; é impossível.

Mas se eu o amo sem qualquer motivação, a felicidade segue como uma sombra.

O tantra diz:

"Aceitação será seguida por transformação, mas não faça da aceitação uma técnica para a transformação. Ela não é. Não anseie por transformação - somente então a transformação acontece. Se você a deseja, seu próprio desejo é o obstáculo".
( OSHO, Vigyan Bhairav Tantra )

Autora: Elisabeth Cavalcante

3 de janeiro de 2011

A principio ou a felicidade realista - de Martha Medeiros

 "De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda  mais complexos.
 
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis. 

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como  um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o
que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo."

Autora: Martha Medeiros
Fonte: http://www.sotextos.com/a_principio.htm

Relacionamento energético entre pessoas e ambientes - de Vera Caballero

   "Um fenômeno muito comum, mas pouco compreendido e, na maioria das vezes, mistificado: o relacionamento energético entre pessoas e ambientes. 
 
Não nos comunicamos apenas através dos cinco sentidos: visão, audição, tato, paladar, olfato. 

Também enviamos e recebemos mensagens através do nosso campo energético. Ou seja, você emite energias que chegarão aos ambientes e pessoas e também recebe a influência de energias das outras pessoas e lugares. 

Todo mundo sabe do que estou falando: vocês acordam bem humorados, de bem com a vida e animados. Chegam no ambiente de trabalho e encontram um chefe de mal com a vida, colegas desanimados ou competitivos, fofoca e muito baixo astral. 

A tendência da maioria das pessoas é se contaminar e chegar ao final do dia esgotado ou de mau humor. Às vezes isso acontece em casa. Brigas, ressentimentos antigos, implicância, negativismo, parentes depressivos ou doentes. Resultado, você não tem nem vontade de voltar para casa.

O contrário também é válido: encontrar aquele amigo ou amiga super animado, sempre em alto astral, ou então o “palhaço da turma”, daqueles que fazem a gente rir por qualquer coisa, até de nós mesmos. Ou quando você está perto de uma pessoa muito, mas muito querida.

Aqueles que gostam de animais, plantas ou têm qualquer hobby, respondam: como fica o seu astral nesses momentos? Entrar em uma igreja ou templo e respirar profundamente, fazendo uma oração. Participar de uma aula de Yoga tradicional ou simplesmente fitar a pintura ou foto de uma pessoa santa, olhando bem em seus olhos...

Perceba, então, que você não vive fechado em seu mundo, mas se relaciona o tempo todo com tudo e todos os que estão à sua volta. Influencia e é influenciado, afinal, vida é comunicação. O ideal seria que compartilhássemos de forma sadia toda essa energia infinita: doando e recebendo amor, alegria, generosidade. 

Mas, ninguém é perfeito, não é mesmo?!! Nem mesmo você!!
O que acaba acontecendo é uma troca desenfreada de aspectos bons e negativos de nossa natureza. Compartilhamos também tristeza, medo, ansiedade, egoísmo, raiva, intolerância e todos os nossos traumas e recalques. 

Fortalecendo o sistema imunológico:
Algumas pessoas apresentam, uma sensibilidade tão grande que somatizam o estado de espírito de outras pessoas, chegando a apresentar depressão e manifestações físicas como sonolência, alteração de humor, bocejos, dor de estômago, peso na nuca e ombros, confusão mental, entre outros. Além se serem também muito vulneráveis ao padrão vibracional dos ambientes. 
 
O que esses seres tão sensíveis precisam é fortalecer o “sistema imunológico sutil”.
Da mesma forma que certos vírus e bactérias são contagiosos, causando até epidemias, o baixo e o alto astral também são. 

A raiva, a irritação e o descontrole emocional são tremendamente contagiosos. Vocês lembram dos vândalos de estádios de futebol e shows com centenas de pessoas? 

Às vezes pouquíssimos indivíduos começam e bagunça, que se alastra rápida e descontroladamente. Parece que aquele estado de espírito vai tomando conta até de pessoas que normalmente não se comportariam assim. Perceba também o que acontece nas grandes cidades como São Paulo onde a irritação é constante em todos os moradores. 

Se você vai ao médico reclamando de gripes constantes, há grande probabilidade dele dizer que o problema está no seu sistema imunológico, que deve estar debilitado. Vai, então, recomendar uma alimentação reforçada, descanso, controle do estresse e talvez uma reposição de vitaminas e minerais, certo? O foco vai estar no seu sistema de defesa e não necessariamente nos vírus da gripe. 

O mesmo é válido para todos que reclamam de problemas com energias negativas: a deficiência está em você, a negligência consigo mesmo, a falta de informação, o excesso de sensibilidade, a baixa auto-estima, a falta de controle das próprias emoções e pensamentos é que debilitam o seu sistema de defesa energético. 

Não adianta colocar toda a responsabilidade nas pessoas que te circundam, nos ambientes carregados ou nesse mundo que, para muitos, está perdido.

Esqueça, portanto, essa idéia de arranjar um método infalível para se proteger das energias negativas. Existe sim um processo de educação, amadurecimento pessoal, conhecimento e controle das energias. 

O primeiro passo para se fortalecer energeticamente é assumir a responsabilidade sobre sua vida e tudo o que lhe diz respeito.Você não pode e nem deve se apartar das pessoas. Durante toda sua vida terá de aprender a conviver com a negatividade deste mundo e a lidar de forma a não se contaminar com ela. E num segundo momento ajudar a transmutar as energias negativas de pessoas e ambientes. Contaminando tudo a seu redor com Luz.

Exercícios
1. Para desenvolver a sensibilidade: Não existem pessoas insensíveis, existe sim, aquelas que não acreditam nesse papo de “energia” e acabam se fechando para esse aspecto, há também a grande maioria, que não foi educada para prestar atenção ao que é mais sutil e a não dar valor ao que sente.

Para lidar com o mundo das energias é preciso muita paciência e observação. Para estimular sua sensibilidade comece a prestar atenção às suas reações tanto físicas quanto emocionais. 

Tente deixar o racional de lado e observar o que sente e não o que acha ou pensa. Muitas vezes o que você vai sentir é completamente diferente do que você acha que é certo, normal ou lógico. Procure não julgar, apenas sentir e observar.

Experimente fazer outro exercício nos próximos quinze dias: 
observe pessoas e lugares e sinta suas sensações aos estar nesses lugares ou com essas pessoas. 
Faça também um teste, observando como você se sente depois de um filme bem romântico, de outro de terror e uma comédia. 

Cada um deles nos remete a determinados estados de espírito. Esses exercícios farão com que você preste atenção a aspectos mais sutis de si mesmo é isso é imprescindível para que aprendamos a lidar com as energias.

2. Para proteção: Invocação da Luz:
você pode fazer essa prática antes de sair de casa, antes de entrar no ambiente de trabalho, todas as vezes que sentir que o ambiente está pesado ou quando estiver ao lado de pessoas que não estão num bom padrão de energia. E também, quando voltar para casa, antes de passar pela porta.:

“Mentalize um cilindro ou tubo de Luz Branca que desce do sol e te envolve por completo” Sinta-se totalmente envolto na Luz Divina. Você também pode mentalizar a seguinte frase: “Eu me submeto à Luz Maior”."

Paz e Luz a todos

Vera Caballero - contentamento@ig.com.br Professora de Yoga, numeróloga, terapeuta floral, reiki master, massoterapeuta, ministra cursos e palestras sobre Bioenergias

2 de janeiro de 2011

Você Que Veio das Estrelas..de Wagner Borges

  "Você, que veio das estrelas e deu o grande mergulho no mundo de matéria. 
 
Você, que veio das estrelas e, com o sacrifício de sua própria origem cósmica, se abrigou num invólucro de carne. 
 
Você, que veio das estrelas e abandonou a realidade universal para habitar o mundo de ilusões. 
 
Você, que veio das estrelas, e que agora sente-se estranhamente só, esqueça-se de tudo e entregue-se aos apelos de sua voz interna. 

Ouça o que ela tem para lhe dizer, que nada mais é tão importante, nem mesmo os compromissos com que o mundo tenta distrair sua visão cósmica. 
 
Descobrirá que, na verdade, não está só, que são muitos os seus irmãos das estrelas que para cá também vieram para estender a mão e amparar com ombros fortes os passos da humanidade desta difícil época de transição. 
 
Será fácil reconhecê-los, palavras não serão necessárias, e nem mesmo será preciso saber seus verdadeiros nomes. 
 
Saberá encontrá-los pela afinidade de suas energias, pelo chamado de seus corações e pela profunda identificação com seus sentimentos. 
 
Você, que veio das estrelas, sente agora no canto mais íntimo de sua alma, que chegou o momento de encontrar, na Terra, a sua família universal, que chegou o momento do reconhecimento, que chegou o momento da reunião de todas as forças para a realização da missão única de que todos se incumbiram, antes de aqui chegarem. 
 
Abra seu coração, acorde sua consciência adormecida, apalpe seu ser interior, deixe que ele fale, acima de tudo, acima do mundo, acima de todos os conceitos que não lhe permitem existir em toda a sua potencialidade cósmica.
 
Você, que veio das estrelas, que é todo luz e é todo força, libere-se, que chegou o tempo de abrir as portas para uma nova era. 
 
Você, que veio das estrelas, eterno viajante do espaço, compartilhando agora com tantos outros irmãos uma experiência tridimensional e difícil, não se deixe mais perder em momentos inúteis que lhe trazem apenas solidão, não se deixe mais seduzir pelas falsas luzes do asfalto. 

Assuma sua personalidade cósmica, estenda seus braços e, num único abraço, envolva sua grande família, sua imensa família universal e todos juntos, com plena consciência da unidade de sua origem, cada qual com a sua parcela de colaboração, cumprirão com alegria e coragem o maravilhoso trabalho de conscientização da humanidade para este novo milênio!"

Autor:Wagner Borges
Fonte: http://www.caminhosdeluz.org

1 de janeiro de 2011

A Pequena Alma E O Sol de Neale Donald Walsch

 
 "Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus:
- Eu sei quem sou!
E Deus disse:
- Que bom! Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
- Eu sou Luz E Deus sorriu.
- É isso mesmo! - exclamou Deus.
- Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
- Uauu, isto é mesmo bom! - disse a Pequena Alma.

Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava.
A pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era.

Então foi ter com Deus (o que não é má ideia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:
- Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:- Quer dizer que queres ser Quem já És?
- Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. 
Quero sentir como é ser a Luz! - respondeu a pequena Alma.

- Mas tu já és Luz - repetiu Deus, sorrindo outra vez.
- Sim, mas quero senti-lo! - gritou a Pequena Alma.

- Bem, acho que já era de esperar.
Tu sempre foste aventureira - disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou.
- Há só uma coisa...
O quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Bem, não há nada para além da Luz.
Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil experimentares-te como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.

- Hã? - disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
- Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida.
Tu e mais milhões, ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. "Não seria um sol sem uma das suas velas... e isso não seriade todo o Sol, pois não brilharia tanto.
E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás no meio da Luz - eis a questão".
- Bem, tu és Deus.
Pensa em alguma coisa! - disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
- Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão - disse Deus.
- O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.
- É aquilo que tu não és - replicou Deus.
- Eu vou ter medo do escuro? - choramingou a Pequena Alma.
- Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas.
Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir. 

- Ah! - disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exactamente o oposto.
- É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é - disse Deus - Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois.
E por isso, - continuou Deus - quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a vozpara amaldiçoar a escuridão.
"Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão.
Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!"

- Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? - perguntou a Pequena Alma.
- Claro! - Deus riu-se.
- Claro que podes! Mas lembra-te de que "especial" não quer dizer "melhor"!
Todos são especiais, cada qual à sua maneira!
Só que muitos esqueceram-se disso.
Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!
- Uau - disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando.
- Posso ser tão especial quanto quiser!
- Sim, e podes começar agora mesmo - disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Pequena Alma
- Que parte de especial é que queres ser?-
Que parte de especial? - repetiu a Pequena Alma. - Não estou a perceber.
- Bem, - explicou Deus - ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso.
É especial ser delicado.
É especial ser criativo.
É especial ser paciente.
Conheces alguma outra maneira deser especial?

A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.
- Conheço imensas maneiras de ser especial! - exclamou a Pequena Alma
- É especial ser prestável.
É especial ser generoso. É especial ser simpático.
É especial ser atencioso com os outros.
- Sim! - concordou Deus
- E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte deespecial que queiras ser, em qualquer momento.
É isso que significa ser a Luz.
- Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! - proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo.
- Quero ser a parte de especial chamada "perdão".
Não é ser especial alguém que perdoa?
- Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
- Está bem. É isso que eu quero ser.
Quero ser alguém que perdoa.
Quero experimentar-me assim - disse a Pequena Alma.

- Bom, mas há uma coisa que devias saber - disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente.
Parecia haver sempre alguma complicação.
- O que é? - suspirou a Pequena Alma.
- Não há ninguém a quem perdoar.
- Ninguém?
A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
- Ninguém! - repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito.
Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu.
Olha à tua volta.

Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado.
Outras almas tinham vindo de todos os lados - de todo o Reino - porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer.
Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar.
Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela.
Eram de tal forma maravilhosas, e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.

- Então, perdoar quem? - perguntou Deus.
- Bem, isto não vai ter piada nenhuma! - resmungou a Pequena Alma
- Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa.
Queria saber como é ser essa parte de especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:
- Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te - disse a Alma Amiga.
- Vais? - a Pequena Alma animou-se.
- Mas o que é que tu podes fazer?
- Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!
- Podes?
- Claro! - disse a Alma Amiga alegremente.
- Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.
- Mas porquê? Porque é que farias isso? - perguntou a Pequena Alma.
- Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito!
Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti!
O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça?
O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?

- É simples - disse a Alma Amiga.
- Faço-o porque te amo.A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.
- Não fiques tão espantada - disse a Alma Amiga - tu fizeste o mesmo por mim.
Não te lembras? Ah, nós já dançámos juntas, tu e eu, muitas vezes.
Dançámos ao longo das eternidades e através de todas as épocas.
Brincámos juntas através de todo o tempo e em muitos sítios.
Só que tu não te lembras.
Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali,o Agora e o Depois.
Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau - fomos ambas a vítima e o vilão.
Encontrámo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exacta e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.

- E assim, - a Alma Amiga explicou mais um bocadinho - eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a "má" desta vez.
Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
- Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? - perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
- Oh, havemos de pensar nalguma coisa - respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma:
- Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?
- Sobre o quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não muito boa.
Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim.
E por isso, só te peço um favor em troca.
- Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres! - exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar:
- Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
- O que é? - perguntou a Pequena Alma.
- O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!
- Claro que esta Alma Amiga é um anjo!- interrompeu Deus, - são todas! Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos.
E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
- O que é que posso fazer por ti? - perguntou novamente a Pequena Alma.- No momento em que eu te atacar e atingir, - respondeu a Alma Amiga - nomomento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...
- Sim? - interrompeu a Pequena Alma
- Sim?A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.
- Lembra-te de Quem Realmente Sou.
- Oh, não me hei-de esquecer! - gritou a Pequena Alma - Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.
- Que bom, - disse a Alma Amiga - porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que
eu própria me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.
- Não vamos, não! - prometeu outra vez a Pequena Alma. - Eu vou lembrar-me de ti!
E vou agradecer-te por esta dádiva - a oportunidade que me dás de me experimentar
como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão.

E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza - principalmente se trouxesse tristeza - a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.

Lembra-te sempre,- Deus aqui tinha sorrido - não te enviei senão anjos."
Fonte:http://despertandonaluz.blogspot.com

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